CMPC vê Lei de Terras como uma avenida de crescimento para o setor
Aprovado pelo Senado em dezembro, a Lei de Terras ainda terá de passar pelo crivo da Câmara e pode ser vetado por Jair Bolsonaro, de acordo com declarações públicas dadas pelo presidente. A norma atual impede a comercialização de terras para estrangeiros, algo que pode barrar o crescimento de gigantes de papel e celulose no país já que existem muitas multinacionais em solo verde-e-amarelo. Na visão de Mauricio Harger, diretor-geral da chilena CMPC no Brasil, a Lei de Terras pode abrir uma avenida importante de crescimento para o setor como um todo. "Nos consideramos muito brasileiros, pois estamos aqui há 11 anos e [a aprovação] será um passo importante para abrir novos investimentos", admitiu em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (21). Na visão de Harger, a lei tem boa qualidade, ainda que necessite de alguns ajustes.
Enquanto a venda de terras a estrangeiros segue proibida, a CMPC procura avançar em outras frentes – como o fomento da silvicultura no Rio Grande do Sul. A meta é ampliar sua base florestal em mais 75 mil hectares no estado. A empresa lançará nos próximos dias o programa RS + Renda, destinado a produtores rurais. Os interessados poderão, inclusive, comparar em um site quão mais lucrativo é investir em árvores do que em soja ou CDB, por exemplo. Por essa razão, a CMPC aportará recursos inicialmente em tecnologia e publicidade para que a iniciativa seja conhecida por todos os gaúchos. Em um segundo momento serão feitas visitas técnicas para conhecer os terrenos. Harger, porém, esclareceu que a ideia não é competir com a sojicultura. "A soja tem uma grande área ocupada no Rio Grande do Sul. Temos interesse em uma pequena parte, quem sabe algo entre 3% e 6% da área", revelou.
Na alça de mira da CMPC não estão apenas pequenos agricultores, mas também profissionais autônomos que são proprietários de fazendas. Nesse caso, muitos deles preferem ter culturas que não necessitem de trabalho intenso contínuo. A Metade Sul do Rio Grande do Sul será um dos locais onde a empresa buscará parceiros. A região já participou, em 2004, de um projeto semelhante liderado pela Votorantim Celulose e Papel. Na época, cerca de 300 produtores participaram do Projeto Losango. Porém, o diretor-geral da CMPC sustenta que o cenário atual é muito diferente. "Existia uma desconfiança no passado, mas hoje se sabe que se trata de um ativo produtivo. Além do mais, a CMPC goza de reputação sendo a quarta maior empresa gaúcha, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, e a primeira de seu setor no estado. Um terceiro ponto a destacar é que há um entendimento que a floresta plantada auxilia o meio ambiente", declarou. Harger também pontuou que a integração entre lavoura, pecuária e floresta reduz o efeito estufa, combate o aquecimento global e melhora o solo. A Emater será uma das entidades parceiras no projeto e na capacitação.
O patamar anual de plantio da empresa gira em torno de 20 mil a 22 hectares. Outra frente adotada pela CMPC para seguir seu plano estratégico de crescimento foi o anúncio de um fundo florestal, criado há dois anos. Essas ações serão vitais para que a CMPC siga quebrando recordes, algo que ocorreu no ano passado na planta de Guaíba. Hoje a unidade opera com capacidade total de 1,87 milhão de toneladas, ultrapassando a estimativa inicial de 1,85 milhão de toneladas. Para este ano, a companhia projeta um crescimento apenas "marginal" tanto da produção, como em vendas.
Em 2019, a CMPC obteve receita líquida de R$ 4 bilhões. O faturamento de 2020 ainda está sendo fechado. A CMPC é a 12ª empresa da região e a quarta do Rio Grande do Sul, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ com o apoio técnico da PwC.
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