Por que o arroz com feijão ficou tão caro, na versão dos supermercados

Redes da região Sul atribuem disparada dos preços ao aumento das exportações
As recentes altas do arroz, do feijão e do óleo de soja são resultantes de índices históricos de exportação destes produtos para outros países

As associações de supermercados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul se manifestaram sobre a notificação do Ministério da Justiça enviada na quarta-feira (9). A pasta exigiu saber a razão pela qual os alimentos da cesta básica vêm sofrendo constantes reajustes. Uma das causas – como o Portal AMANHÃ antecipou no início desta semana – é o aumento de exportações de grãos, como soja e arroz, por exemplo.

A Associação Catarinense de Supermercados (Acats) informou que tem acompanhado de perto a questão de reajustes de preços de produtos apresentados pelos fornecedores, bem como está conectada nesta agenda de modo permanente com as demais entidades estaduais em uma mobilização coordenada a nível nacional pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). "Como segmento que tem o contato com o consumidor final, onde as variações de preços de produtos se realizam na prática, o setor supermercadista reitera que não tem responsabilidade na formação de preços, somente sendo repassador. Ainda assim, na busca da melhor condição de custo/benefício à disposição dos consumidores, a Acats busca dialogar com as representações setoriais da indústria a fim de que eventuais necessidades de reajustes de preços de produtos sejam minimizados ao máximo, principalmente neste período de dificuldades excepcionais pela ocorrência da pandemia", revela a nota.

A Associação Paranaense de Supermercados (Apras) declarou que do início da pandemia, o setor vem trabalhando para garantir o abastecimento da população e lutando por uma união de todos os elos da cadeia para que os preços se mantenham o mais estável possível."Porém, neste momento, os supermercados não só do Paraná, mas de todo o Brasil, estão sofrendo com os reajustes das indústrias fornecedoras destes itens", reitera o documento. "Como o dólar está alto, a exportação acaba sendo mais lucrativa para as empresas e,infelizmente,a política fiscal brasileira incentiva esta prática", alfineta a Apras. A entidade reitera, no entanto, que todo o setor vem tranquilizando a população em relação ao desabastecimento para que não sejam estocados alimentos e que não ocorra uma corrida desenfreada aos supermercados. A associação que representa os supermercados paranaenses também pede que a população não compre além da necessidade, sem estocar alimentos, pois essas atitudes ajudam a manter os preços e evitam o desabastecimento.

A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) lembra ainda que a alta dos preços é uma questão histórica. "As recentes altas do arroz, do feijão e do óleo de soja são resultantes de índices históricos de exportação destes produtos para outros países. Com o real desvalorizado frente ao dólar, o alimento produzido no Brasil tornou-se ainda mais atrativo para diversos países do mundo. No caso do feijão, há uma tendência de preços estáveis firme e poucas ofertas, com previsão de baixa somente em dezembro, enquanto no arroz a tendência segue de alta nos preços", prevê a entidade. "A curva de preços não é ditada pela ausência ou presença de patriotismo, mas pela oscilação natural do mercado a partir de questões cambiais, de mudanças mercadológicas e da lei da oferta e da procura", avalia Antônio Cesa Longo, presidente da Agas, e único a se pronunciar abertamente sobre o tema.

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Terça, 19 Março 2024

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