PIB do Rio Grande do Sul cai 3,3% no primeiro trimestre
Estiagem e pandemia da Covid-19 são apontadas como as causas da retração
Com recuos em todas as principais atividades, a economia do Rio Grande do Sul registrou queda de 3,3% no primeiro trimestre de 2020, reflexo direto da mais severa estiagem dos últimos anos e dos primeiros reflexos da pandemia do novo coronavírus. O resultado do PIB foi puxado pelo desempenho negativo da agropecuária, que caiu 14,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, seguido da indústria (-4,6%) e dos serviços (-1,2%). No país, a queda entre janeiro e março foi de 0,3%.
Os dados do primeiro trimestre do ano foram divulgados por meio de videoconferência nesta quarta-feira (10) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). De acordo com os pesquisadores do DEE, o resultado negativo já era esperado. A falta de chuvas afetou de forma decisiva a produção de soja (-27,7%), milho (-19,3%) e fumo (-22%), produtos importantes da matriz econômica gaúcha. "Os impactos da estiagem não se restringem ao primeiro trimestre. Ainda veremos seus efeitos no segundo trimestre do ano", projeta Martinho Lazzari, pesquisador do DEE/Seplag.O desempenho negativo da agropecuária no Rio Grande do Sul contrastou com o crescimento na atividade registrado no Brasil, de 1,9%. Apesar do desempenho abaixo do esperado nas principais culturas de verão, algumas registraram desempenho positivo no período, como é o caso de uva (+12,3%), arroz (+4,4%) e maçã (+4,1%). Na indústria, a única atividade com indicador positivo foi a extrativa mineral (+1,8%). Construção (-3,8%), eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-18%) e indústria de transformação (-2,6%) registraram quedas e tiveram desempenho inferior ao do país. Nos serviços, a queda foi puxada pelo comércio (-2,8%).
"Ainda que o impacto da crise decorrente do novo coronavírus venha a ser maior no segundo trimestre, a interrupção das atividades e a mudança de comportamento dos consumidores e empregadores já em março contribuíram para a taxa negativa de 3,3% do primeiro trimestre", destaca Vanessa Sulzbach, chefe da divisão de indicadores estruturais do DEE.
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