Indústria gaúcha considera medidas do governo importantes, mas ainda insuficientes
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry, considera importantes para a retomada da indústria as medidas de apoio ao setor produtivo anunciadas pelo governo federal, mas elas ainda são insuficientes devido ao tamanho das dificuldades que as empresas enfrentam. "As linhas de financiamento anunciadas, com montante de até R$ 15 bilhões, abrangendo empresas de todos os portes é de suma importância. As grandes empresas, que não tinham medidas que as contemplassem até então, são geradoras de emprego e renda, bem como fazem girar as cadeias produtivas, demandando de empresas menores. Porém, dada a situação crítica do setor produtivo, o ideal seriam recursos a juro zero ou negativo", evoca Petry.
Ele reconhece que as taxas anunciadas, sendo de 1% ao ano para a compra de máquinas e equipamentos e para o financiamento de empreendimentos, assim como 4% ao ano para capital de giro de pequenas e médias empresas e 6% para grandes empresas, são taxas abaixo das praticadas no mercado. Contudo, ele destaca a necessidade de celeridade por parte do Governo Federal para destinar esse recurso ao BNDES, e por parte do BNDES, em regulamentar as condições e procedimentos operacionais para que os agentes financeiros possam acessar as linhas. Outro fator que preocupa a Fiergs é a demora na implementação das medidas de crédito do Pronampe anunciadas nas últimas semanas, em razão da necessidade urgente de recursos para que as empresas possam manter suas operações. "A lentidão na regulamentação para operacionalização das novas linhas de crédito pelos principais bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, aumenta a incerteza, especialmente em um cenário econômico volátil", afirma Petry.
De acordo com ele, a operacionalização das linhas via cooperativas é positiva, pois aumenta a capilaridade na distribuição dos recursos. Entretanto, a implementação lenta das medidas já anunciadas anteriormente e a dependência dos grandes bancos públicos para a distribuição dos fundos alimentam a apreensão. "Qualquer atraso devido à burocracia pode comprometer a eficácia das medidas e retardar a recuperação econômica de regiões afetadas e do Rio Grande do Sul. Nesse momento, a necessidade das empresas é de que as linhas possam ser operadas imediatamente", enfatiza, lembrando que também é crucial a reconstrução imediata de rodovias, estradas e pontes para facilitação do fluxo comercial e recuperação da economia.
Por fim, a ausência nos anúncios de medidas emergenciais de manutenção do emprego, como por exemplo o Benefício Emergencial (BEm) e o Programa Emergencial de Suporte a Empregos (PESE), representa um risco significativo para a recuperação das empresas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul e para a manutenção dos postos de trabalho. A implementação imediata do BEm e medidas de suspensão temporária do contrato de trabalho são essenciais para fornecer alívio imediato às empresas e aos trabalhadores, avalia a entidade. Como exemplo, durante os anos de 2020 e 2021, foram celebrados 1,4 milhão de acordos no âmbito do Benefício Emergencial no Rio Grande do Sul, o que representou uma proteção para 756 mil trabalhadores. "É imperativo que o governo reative esses mecanismos que garantem flexibilidade tanto para as empresas quanto para os trabalhadores. Essas medidas permitem que as empresas reduzam temporariamente suas despesas com pessoal, enquanto os trabalhadores mantêm seus vínculos empregatícios e têm a segurança de retorno ao trabalho após a crise passar. Essas ações não apenas ajudam a preservar os empregos e a estabilidade econômica das empresas, mas também contribuem para a recuperação mais rápida e eficaz da região afetada", conclui Petry.
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