Federasul projeta 2019 positivo para economia
Para voltar a crescer, o Rio Grande do Sul precisa deixar a beligerância de lado. Esse foi o principal tema da fala da presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Simone Leite (foto), durante o tradicional almoço de fim de ano com a imprensa, realizado nesta quinta-feira (13) em Porto Alegre. Otimista – mas cautelosa – em relação ao futuro do país e do estado, a entidade estima que o PIB gaúcho deve crescer 2,7% no ano que vem, acompanhando o ritmo da economia nacional, cujo PIB poderá crescer 2,9% em 2019, conforme projeções do vice-presidente de economia da federação, Fernando Marchet.
Pautando seu discurso pelas questões políticas, Simone acredita que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, foi o vencedor do pleito de outubro por reunir elementos que agradaram à ‘maioria silenciosa’ da população como ética e simplicidade. Ao citar o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, ressaltou que a indicação representa um “aceno de liberdade” à sociedade. Simone também comentou o cenário político local, evidenciando a semelhança de programas de governo dos candidatos Eduardo Leite e José Ivo Sartori durante o segundo turno. “Desde as eleições de 1998, sempre votamos contra a esquerda. Agora, tínhamos projetos semelhantes. Parte do meio empresarial preferia a continuidade do governo Sartori. Porém, a ‘maioria silenciosa’ deu a vitória a Leite, um político jovem”, analisou a dirigente da federação.
Projetando as perspectivas da economia para o ano que vem, Marchet ressaltou que o crescimento local será resultado do desempenho nacional. Além disso, recomendou ao futuro governo que faça as reformas necessárias para que o estado volte a ter capacidade de financiamento para melhorias públicas. “Se não fizer reformas como o Brasil deve fazer, o estado não conseguirá investir sequer na construção de estradas”, garantiu. Para Simone, o futuro governador deve extinguir a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e iniciar um programa de privatizações visando aportes em infraestrutura. De acordo com Marchet, 2019 deverá ser um ano para consolidar a retomada do crescimento da economia, iniciada em 2017. “Tivemos uma pequena melhora em 2018 e, no próximo ano, precisamos assegurar esse crescimento para alavancar em 2020 e 2021”, observou. Quanto à taxa Selic, a previsão é de que feche 2018 em 6,5% e o próximo ano em 8%. Para Marchet, é esperado que o dólar possa chegar a R$ 3,80 em 2019, subindo a medida que não forem realizadas as reformas estruturantes (principalmente, previdência e tributária) no Brasil.
Mas a principal mudança, na visão da presidente da Federasul, precisa ocorrer na atitude tanto do governo quanto da sociedade, pois a beligerância de posições seria a principal causa para a decadência do estado. Simone afirmou ter ouvido críticas à indicação de Marco Aurelio Santos Cardoso para a Secretaria da Fazenda devido à origem do economista, que foi secretário da Fazenda da cidade do Rio de Janeiro entre 2012 e 2016. “É um absurdo. Claro que temos talentos, mas o bairrismo nos trouxe a essa situação de caos e crise em todas as áreas”, opinou. Em tom de desabafo, a líder da federação confessou que muitos empresários desistiram de investir no estado após décadas de crise. “Não temos mais ânimo de seguir em frente porque nosso estado segue na lanterna em vários indicadores”, ponderou.
*Com reportagem de Dirceu Chirivino e Italo Bertão Filho.
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