Consumo nos lares brasileiros encerra 2022 com alta de 3,8%

A região Sul registrou em dezembro a cesta mais cara do país
Em dezembro, houve alta de 15,1% ante novembro

O Consumo nos Lares Brasileiros, medido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), encerrou 2022 com alta de 3,8%% na comparação com o ano anterior. No último trimestre, o indicador permaneceu em patamar acima de 3%, com altas acumuladas em outubro (3%), novembro (3,5%) e dezembro (3,8%). Em dezembro, houve alta de 15,1% ante novembro. Na comparação com dezembro de 2021, a elevação é de 6,2%. O resultado contempla os formatos de loja: atacarejo, supermercado convencional, loja de vizinhança, hipermercado, minimercado e e-commerce. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"As medidas de estímulo à economia, adotadas pelo governo federal sustentaram o consumo nos lares brasileiros ao longo de 2022. No cenário macroeconômico, a deflação no preço dos alimentos básicos, o pagamento do pacote de benefícios sociais, o aumento do emprego formal deram impulso ao consumo de forma ainda mais expressiva no último trimestre", avalia a Abras por meio de nota. De acordo com a entidade, o resultado superou as projeções estimadas entre 3% e 3,3%. Essas estimativas foram revistas em agosto após a liberação do pacote de benefícios de cerca de R$ 42 bilhões pelo governo federal para os programas auxílios Brasil, Gás, Caminhoneiro e Taxista. Analistas da entidade calcularam, na época, que cerca de 50% do montante seria destinado à compra de alimentos nos supermercados.

"A previsibilidade nos recebimentos dos auxílios e ampliação do número de beneficiários ao longo do ano foram decisivos para a impulsionar o consumo dos gêneros alimentícios, principalmente para famílias com menor poder aquisitivo devido à elevada inflação que impactou a cesta de alimentos", afirma o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.

De acordo com os dados da associação, o valor da cesta de 35 produtos de largo consumo (alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza) encerrou o ano em alta de 7,6%. No recorte da cesta básica com 12 alimentos, houve aumento de 0,4% em dezembro ante novembro e o preço médio ficou em R$ 317,56. As principais quedas foram puxadas por leite longa vida (-3,8%), farinha de trigo (-1,7%), carne (-0,7%), queijo (-0,4%) e café moído (-0,3%).

Dentre os alimentos que mais pressionaram o preço da cesta de alimentos no ano os destaques são batata (+56,8%), cebola (+51,1%), queijo muçarela (+48%), farinha de mandioca (+43,3%), refrigerante (+35,6%) e farinha de trigo (+33,9%). No sentido contrário, a carne bovina registrou deflação no acumulado do ano e encerrou o período em queda de 4,7% para os cortes dianteiro e de 3,9% para traseiro. Outras variações negativas foram registradas no biscoito cream cracker (-8%), leite longa vida (-4,8%), açúcar refinado (-4,5%) e óleo de soja (-4,4%). Quanto ao preço médio, a região Sul registrou em dezembro a cesta mais cara do país (R$ 843,36), seguida pelo Norte (R$ 832,62), Sudeste (R$ 760,26), Centro-Oeste (R$ 703,47) e Nordeste (R$ 684,51).

Segundo Milan, as análises da entidade sinalizam crescimento de 2,5% no consumo nos lares para este ano, mesmo com o comprometimento da renda com pagamento de dívidas e uma parcela significativa empenhada para as tradicionais despesas de início do ano. "Por outro lado, o reajuste do salário mínimo em percentual acima da inflação, a manutenção do pagamento do Bolsa Família em R$ 600 e o pagamento [previsto a partir de março] de R$ 150 por criança de até seis anos para as famílias inscritas nos programas de transferência de renda devem trazer recursos que são destinados à composição da cesta de abastecimento dos lares", ressaltou o vice-presidente.

Com Agência Brasil

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