BC tem projeto para redesenhar cheque especial
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (foto), afirmou nesta quarta-feira (6), que anunciará, em breve, um projeto para redesenhar o cheque especial. Em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Campos Neto classificou o cheque especial como “um produto muito regressivo”, com peso maior de juros sobre quem tem menor renda. O presidente do BC destacou que a maioria das pessoas que usam o cheque especial têm renda baixa e menos acesso à educação financeira. Segundo ele, 44% dos que usam o cheque especial ganham até dois salários mínimos e 67% cursaram até o ensino médio.
O presidente do BC explicou que quando o banco abre uma linha de crédito para uso pelo cliente em qualquer momento há um custo de capital para a instituição financeira. Esse custo é cobrado pelos bancos por meio das taxas de juros. O problema é que quem tem maior renda e, portanto, maior limite no cheque especial, não costuma usar os recursos tanto quanto quem tem menor renda. Assim, quem paga os juros dessa linha de crédito são as pessoas que usam o cheque especial, ou seja, as de menor renda. “Quem tem limite alto e nunca usa está sendo custeado por quem tem limite baixo e usa. Temos um projeto que deverá sair em breve para redesenhar isso”, antecipou Campos Neto.
Campos Neto também anunciou que os bancos vão abrir aos sábados ou após o horário normal de funcionamento para renegociar dívidas, em um projeto de mutirão de renegociação, no final deste ano. Em troca pela renegociação, os correntistas terão que fazer um curso de educação financeira. “Para quem quer renegociar dívida, o que vai ser pedido em retribuição é que faça um curso de educação financeira”, disse Campos Neto, acrescentando que também há um projeto de dar pontos para serem trocados por descontos em financiamentos para quem fizer cursos de educação financeira.
Apesar de ter inadimplência semelhante a países emergentes, o spread (diferença entre taxa de captação de recursos pelos bancos e a cobrada dos clientes) é maior no Brasil. Segundo Campos Netos, isso acontece porque no Brasil quando o cliente fica inadimplente, a recuperação do recurso é mais baixa. Enquanto em países emergentes - média de Chile, China, Colômbia, Indonésia, México, Rússia, África do Sul e Tailândia - há recuperação de 52,7% do crédito em inadimplência em 1,7 ano em média, no Brasil, esse percentual chega a 14,6%, em quatro anos. Campos Neto disse que no Brasil, diferentemente de outros países, a recuperação do crédito ocorre por meio judicial. “Em grande parte do mundo é extrajudicial”, disse. Para o presidente do Banco Central, a implementação do Cadastro Positivo, iniciada no último mês, e o open banking (compartilhamento de dados, produtos e serviços por meio de abertura e integração de plataformas e infraestruturas de tecnologia entre bancos) vai melhorar o acesso das instituições financeiras a informações sobre os consumidores antes de conceder o crédito.
Veja mais notícias sobre Economia.
Comentários: