Banco Central eleva juros para 10,75% ao ano
Em sua reunião desta quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,75% ao ano. Desse modo, a Selic volta aos dois dígitos pela primeira vez desde julho de 2017.
"O comitê entende que essa decisão reflete seu cenário de referência e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau maior, o de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", revela o documento do BC.
"O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. O comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", destacam os membros do Copom.
"Em relação aos seus próximos passos, o comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", detalha o BC.
Piora na expectativa
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry, afirmou, em nota, que o aumento ocorre porque o cenário doméstico mostrou-se com uma inflação mais disseminada e houve piora na expectativa sobre a atividade. "O início de 2022 foi marcado pela persistência da inflação que tem corroído o poder de compra das famílias e as margens das empresas. No entanto, alguns fatores internos e externos, podem desenhar um cenário ainda mais desafiador para o ano corrente. Pelo lado doméstico, os preços dos insumos agrícolas e industriais poderão seguir pressionados, impactando os custos da produção e os preços para os consumidores, destacou Petry. O dirigente ressalta, porém, que esse aumento causa um pouco de preocupação "pois a elevação dos juros bancários torna mais alto o custo do capital de giro, necessário às indústrias".
Conforme o presidente da Fiergs, aliado aos problemas domésticos há o cenário externo, com o Banco Central dos Estados Unidos (Fed) adotando um tom mais duro em sua comunicação sobre a condução da política monetária. Somado a isso, a crise geopolítica entre Rússia e Ucrânia abre possibilidades para novos choques de inflação "importada", ressalta Petry. "O Banco Central age de maneira responsável no combate à pressão sobre os preços, para que o ciclo de alta tenha um menor custo em termos de atividade e emprego", observa. As federações de indústrias de Santa Catarina (Fiesc) e do Paraná (Fiep) não se pronunciaram sobre o novo aumento dos juros até o fechamento desta reportagem.
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