Alta nas vendas em supermercados limita perdas do varejo a 2,5% em março

É o pior resultado para o mês desde 2003, quando o setor registrou queda de 2,7%
Vendas de supermercados disparam 14,6% e impedem queda maior no varejo

O impacto da pandemia de Covid-19 já pode ser verificado em março com a queda de 2,5% nas vendas do comércio varejista, em relação a fevereiro, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (13), pelo IBGE. É o pior resultado para março desde 2003, quando o setor registrou queda de 2,7%. A retração, puxada por seis das oito atividades pesquisadas, só não foi mais intensa por causa de áreas consideradas essenciais durante o período de isolamento social.

É o caso da atividade de hipermercados e supermercados, que reúne produtos alimentícios, bebidas e fumo, com crescimento de 14,6%, e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com alta de 1,3%. Foram os dois únicos setores com avanços nas vendas frente a fevereiro. Os supermercados concentraram o gasto das famílias no período, ocasionando forte variação positiva, fazendo com que o acumulado do ano para essa atividade, que vinha com baixo dinamismo até fevereiro, passasse a um aumento de 4,1% até março.

"Março foi bastante impactado pela estratégia de isolamento social adotada em algumas das cidades mais importantes e populosas a partir da segunda quinzena do mês. Essas cidades consideraram supermercados e produtos farmacêuticos como atividades essenciais, enquanto as demais tiveram as portas fechadas nos comércios de rua e nos centros comerciais", diz o gerente da PMC, Cristiano Santos, acrescentando que, do total de 36,7 mil empresas da amostra da pesquisa, 14,5% registraram o impacto da Covid-19 como principal causa de variação das suas receitas. Santos explica ainda que o setor de supermercados tem uma participação expressiva no comércio, que cresceu ainda mais em março. "No mês passado estava abaixo de 50%, em março saltou para 55% no peso no varejo e isso faz com que o índice tenha sido segurado por essa atividade", destaca.

Em relação a março do ano passado, o volume de vendas do varejo recuou 1,2%, primeira queda após 11 meses consecutivos positivos. No ano, o varejo registrou aumento de 1,6% de janeiro a março. Em relação ao acumulado nos últimos 12 meses, o setor passou de 1,9% em fevereiro para 2,1% em março. O IBGE também revisou a taxa de fevereiro, em relação a janeiro, de 1,2% para 0,5%.

Dentre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram taxas negativas na comparação com fevereiro, sobretudo aquelas que tiveram suas lojas físicas fechadas a partir da segunda quinzena de março. São elas tecidos, vestuário e calçados (-42,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (-36,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-27,4%), móveis e eletrodomésticos (-25,9%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-14,2%), combustíveis e lubrificantes (-12,5%) influenciaram o resultado geral do varejo. "Na passagem de fevereiro para março houve variação de dois dígitos em todas as atividades, com exceção de produtos farmacêuticos. Vale lembrar que hipermercados vendem não apenas produtos alimentícios, mas também vestuário, móveis e eletrodomésticos. Isso faz com que essa atividade tenha sofrido um rebate para cima, porque parte desses produtos tiveram as vendas transferidas das lojas especializadas para supermercados", analisa Santos.

Varejo ampliado
Considerando o comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas caiu 13,7% em relação a fevereiro de 2020, a queda mais intensa desde o início da série, iniciada em fevereiro de 2003. Para essa mesma comparação, veículos, motos, partes e peças recuaram 36,4%, enquanto materiais de construção tiveram queda de 17,1%, após variações positivas de 0,1% e 0,2%, respectivamente, no mês anterior.

Frente a março de 2019, o varejo ampliado caiu 6,3% ante o aumento de 3% em fevereiro de 2020, primeira queda após 11 meses consecutivos de variações positivas neste indicador. Assim, o setor registrou estabilidade (0,0%) no indicador acumulado no ano, contra aumento de 3,2% no mês anterior. No acumulado nos últimos 12 meses, o varejo ampliado, ao assinalar 3,3% até março, acentuou uma trajetória descendente que já vinha ocorrendo desde janeiro de 2020 (3,9%).

O setor de veículos, motos, partes e peças, com recuo de 20,8% em relação a março de 2019, interrompeu uma série de dez variações positivas iniciada em abril de 2019, exercendo a maior contribuição negativa no resultado do mês para o varejo ampliado. Com queda de 7,6% em relação a março de 2019, o segmento de material de construção contabiliza a segunda taxa negativa consecutiva nessa comparação.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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