A retomada econômica virá tijolo a tijolo – literalmente
O presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs), Vergilio Perius, vê uma solução que faça o Brasil sair mais rapidamente da recessão econômica provocada pelo coronavírus. Na opinião do dirigente, as cooperativas habitacionais podem ser a mola propulsora do PIB. Grande entusiasta do tema, ele próprio começou a carreira atuando na habitação, pois trabalhou oito anos em cooperativas habitacionais. "Com 30 milhões de desempregados, teremos de criar postos de trabalho e a habitação é a resposta mais completa possível para essa necessidade. Além do mais, no país são cerca de 6 milhões de famílias sem casa própria", propõe.
Perius sugere um grande mutirão de construção e acredita que governo federal deveria lançar um programa nesses moldes. "Na Grande Porto Alegre, cidades como Guaíba e Viamão ainda possuem espaços disponíveis para grandes obras habitacionais. Por todo país, o governo possuí terrenos inutilizados," alerta. O presidente da Ocergs também defende que sejam construídas casas horizontais – não prédios, pois envolvem maior mão de obra. Outra providência seria instalar plantas agroindustriais perto das residências, assim como aconteceu na Europa. "Espanha e Portugal fizeram isso em 2003 para administrar a crise que viviam. Temos de copiar modelos que funcionaram ao redor do mundo", destaca. Perius encaminhou à secretaria de obras do Rio Grande do Sul um projeto para capacitação de pessoas via Sistema S. Desse modo, elas estariam aptas a construírem habitações populares.
Exportação
Perius lembra que, mesmo na pandemia, boa parte das cooperativas não demitiu empregados, pelo contrário; admitiu novos trabalhadores, sustentando-se na exportação. "No agronegócio, apesar das perdas da seca, temos expectativa em relação aos produtos como carne e leite, que em breve podem ajudar," relata. Nos setores de saúde e crédito, o dirigente conta que as cooperativas têm ampliado sua gama de serviços e investido em inovação, o que garantirá um caminho para o crescimento. "Estamos absorvendo o que têm acontecido no mundo, e vamos nos adaptando, nos reciclando", disse.
Outra necessidade premente para o cooperativismo, de acordo com o presidente da entidade, é a agroindustrialização. Desta forma, os produtores exportariam matéria já beneficiada, com melhor preço de venda. "Não podemos apenas exportar para mais valia de outros países, produtos brutos, sem indústria. O agronegócio terá de se reciclar, ainda mais com o fim da Lei Kandir ," propõe.
Perius foi o convidado do Tá na Mesa, iniciativa da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). A versão on-line o online do tradicional evento tem reunido empresários e acadêmicos para debater o enfrentamento da crise provocada pela pandemia.
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