UFPR anuncia pesquisa sobre vacina contra a Covid-19

Perspectiva é que o estudo possa ser finalizado até o ano que vem
O imunizante poderá chegar à fase dos ensaios clínicos em humanos em até seis meses

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) anunciou nesta segunda-feira (26) que uma equipe de pesquisadores da instituição avançou no desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19. A perspectiva é que o estudo possa ser finalizado até o ano que vem. Em entrevista coletiva virtual, os pesquisadores responsáveis explicaram que a tecnologia utiliza parte de material do próprio vírus. Um gene é escolhido e é recombinado com partículas e sintetizado em um biopolímero, então é injetado no paciente para estimular a produção de anticorpos.

"Uma vez preparada a proteína e a partícula, nós reunimos os dois in vitro e a automontagem da partícula resulta em um polímero, uma partícula que mimetiza a partícula viral. Ele tem propriedade de estimular o nosso sistema imune contra o SARS-Cov2", explicou o professor Emanuel Maltempi, um dos responsáveis pelo projeto. De acordo com os pesquisadores, dados preliminares indicaram que a vacina pode ter uma eficácia maior do que a Oxford/AstraZeneca. Pelos cálculos dos responsáveis, o imunizante poderia ter baixo custo, de entre R$ 5 e R$ 10 cada dose.

A taxa de eficácia só será confirmada após o fim dos estudos, especialmente aqueles em humanos na fase clínica. Atualmente, o projeto está na fase de testes de eficácia em animais e de análises como testes toxicológicos. Os representantes da UFPR afirmaram que o imunizante poderá chegar à fase dos ensaios clínicos em humanos em até seis meses. Esse cronograma depende da capacidade de dar andamento aos demais ensaios que precisam ser feitos.

O reitor da UFPR, Ricardo Fonseca, destacou que mesmo com o cronograma previsto para o ano que vem a inovação é importante, já que ainda há riscos concretos dos imunizantes contra a Covid-19 terem que ser aplicadas mais do que uma vez nos cidadãos. "É plausível que esperemos que a vacina tenha de ser reaplicada permanentemente. Ademais, temos questões das variantes e precisamos dentro deste cenário de incerteza fazer apostas para o futuro. Ela vai ser estratégica e necessária em 2022, em 2023 e quem sabe até depois", afirmou. Fonseca acrescentou que o projeto é importante também por sinalizar um avanço na autonomia tecnológica do país ao caminhar com a produção de um imunizante 100% nacional, que não dependa nem de tecnologia nem de ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) fabricados em outros países.

A primeira fase da pesquisa foi apoiada com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A segunda fase, de novos testes em animais, terá recursos de programas de fomento à pesquisa do governo do estado do Paraná. O reitor da UFPR observou que os custos devem crescer fortemente com o avanço do projeto, especialmente na fase clínica e com uma eventual montagem de uma planta para a fabricação do imunizante."Segundo alguns reitores, este custo pode chegar a R$ 50 milhões na fase clínica. Nenhuma universidade teria condições de fazer isso sozinha. Aí será uma parceria que teremos que celebrar", comentou Fonseca. O superintendente geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do governo do Paraná, Aldo Bona, informou que a administração estadual pretende levar a frente a instalação de uma planta de produção de imunizantes no Instituto de Tecnologia do Paraná (TecPar).

Com Agência Brasil

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