RS apresenta 12 regiões em vermelho na 13ª rodada do Distanciamento Controlado
Das 20 regiões do Distanciamento Controlado, 12 foram classificadas com risco epidemiológico alto (bandeira vermelha) e as outras oito com risco médio (laranja) no mapa preliminar da 13ª rodada, divulgado nesta sexta-feira (31). Como ainda existem 36 horas para municípios e associações apresentarem pedidos de reconsideração, as bandeiras definitivas serão divulgadas na segunda-feira (3). O governo decidiu incluir, já nesta rodada, ajustes na linha de corte em sete indicadores do modelo, o que impactou na média final de classificação das regiões.
Em reunião extraordinária do Gabinete de Crise convocada pelo governador Eduardo Leite, foram definidas mudanças na pontuação de três indicadores que medem a velocidade de avanço da doença, dois que monitoram a incidência (hospitalizações e óbitos) e mais dois de capacidade instalada (leitos livres/leitos Covid). Além disso, já foi considerado no cálculo o ajuste anunciado na quinta-feira (30), passando a considerar o saldo do número de pacientes recebidos de outras macrorregiões (importados) e os transferidos para fora.
"Temos feito revisões desde o início do modelo, simplificando, melhorando e incluindo a possibilidade de recurso. Esta é a quarta revisão em que estamos alterando duas questões específicas. A mudança na contagem de pacientes em leitos de UTI de macrorregião, para prevalecer o critério de residência, que vinha sendo demandado por estar sendo contabilizado em outra região diferente daquela em que o paciente contraiu o vírus, e uma segunda mudança, que está sendo introduzida hoje, que é uma mudança de ponto de corte de sete indicadores, que era necessário ajustar para as fases mais avançadas da pandemia, como a que estamos vivendo agora", explicou Leany Lemos, coordenadora do Comitê de Dados.
Ao lado do pesquisador Pedro Zuanazzi, do Departamento de Economia e Estatística (DEE), e do coordenador da Assessoria Jurídica da Secretaria da Saúde, Bruno Naundorf, Leany também explicou, sobre as alterações no ponto de corte dos indicadores que, nas primeiras semanas do Distanciamento Controlado, um aumento de 50% no número de casos já levaria uma região para bandeira preta, porque o cálculo era sobre baixos índices, por exemplo, de 20 para 30 casos. Atualmente, com a pandemia mais avançada, um aumento de 50% num local com 400 hospitalizações teria de apresentar 200 novas hospitalizações para ficar preta. "Por isso, precisamos de mais sensibilidade ao modelo, ou seja, com 25% e aumento para cem casos já fica bandeira preta. Estamos dificultando um pouco, estamos trazendo mais calor, mais risco, justamente porque a pandeia está mais avançada e é preciso reduzir esses valores aqui", acrescentou Leany.
Levando em conta essas mudanças, das oito regiões que já estavam em bandeira vermelha nesta 12ª rodada, apenas Capão da Canoa, depois de seis semanas consecutivas (desde o dia 23 de junho) classificada com alto risco, passou para laranja – como é mudança para bandeira menos restritiva, já vale a partir deste sábado (1º/8). Assim, permanecem na vermelha Canoas, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Taquara, Palmeira das Missões e Passo Fundo.
Quatro regiões – Bagé, Pelotas, Santa Rosa e Santo Ângelo – que nesta semana estavam sob bandeira laranja (risco epidemiológico médio) por terem tido seus recursos acolhidos pelo Gabinete de Crise na última segunda-feira (27) foram novamente classificadas preliminarmente com bandeira vermelha. Lajeado, que estava há 11 rodadas seguidas na laranja, foi a região que registrou piora mais acentuada. Com aumento nos casos de hospitalização por Covid-19 e da ocupação das UTIs, completa a lista da classificação de alto risco. As regiões que ficaram com bandeira laranja nesta 13ª rodada, juntamente com Capão da Canoa, são Cachoeira do Sul, Cruz Alta, Erechim, Ijuí, Santa Maria, Santa Cruz do Sul e Uruguaiana.
Conforme o mapa preliminar, 340 municípios (do total de 497) estão classificados em bandeira vermelha, somando 8.749.268 habitantes, ou seja, 77,2% da população gaúcha (total de 11.329.605 habitantes). Desses, 170 municípios e (955.905 habitantes, 8,4% do RS) podem adotar protocolos de bandeira laranja, porque cumprem os critérios da Regra 0-0, ou seja, não têm registro de óbito ou hospitalização de moradores nos últimos 14 dias, desde que a prefeitura crie um regulamento local. Com exceção desses municípios enquadrados na Regra 0-0, as demais prefeituras e associações regionais têm 36 horas – que se encerram às 7h de domingo (2) – para apresentar recurso por meio do formulário virtual. Os pedidos de reconsideração serão avaliados pelas equipes técnicas do governo. A decisão será tomada pelo Gabinete de Crise na segunda-feira (3) e, à tarde, o mapa definitivo, vigente a partir de terça (4), será divulgado.
Amesne
Temendo enfrentar o aumento da desobediência civil que já vêm enfrentando em consequência das restrições impostas pelas consecutivas bandeiras vermelhas em seus municípios, líderes da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) enviaram, nesta sexta-feira, ao governador Eduardo Leite, ofício com protocolos de cogestão Regional do Modelo de Distanciamento Controlado. Na prática, o documento pede a prorrogação do abre-fecha do comércio. No texto da entidade, a proposta dos municípios gaúchos faz frente à "necessidade de imediatas adequações, ajustes e melhoria contínua ao modelo estadual de distanciamento controlado, fixado no Decreto Estadual 55.240/20 e conforme manifesto ao Governo do Estado, Famurs, Associações Regionais de Municípios e Municípios Gaúchos ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul".
A solicitação de adequação do Modelo de Distanciamento Controlado proposta pelos 45 municípios que compõem a Amesne foi detalhada ao governo estadual na quinta-feira passada e a Associação aguardava que nesta sexta ocorresse um anúncio por parte do governador alinhando as adequações acordadas em uma possível nova bandeira. Esta manhã, porém, o governo estadual optou por aguardar e realizar nova análise do modelo revisado em uma reunião com a Famurs que ocorrerá somente na próxima terça-feira (4), em Porto Alegre.
Na impossibilidade de aguardarem um posicionamento da Famurs, os prefeitos reforçaram a necessidade de assumirem imediatamente a cogestão de seus municípios. Para isto, propuseram alterações nos protocolos que serão implantados via decretos municipais já a partir deste final de semana, permitindo a abertura de alguns estabelecimentos que estavam fechados pelo Modelo de Distanciamento Controlado. O Comitê de Retomada do Turismo RS apoia a iniciativa dos prefeitos. Está organizando um abaixo-assinado virtual em apoio à cogestão dos municípios.
"Claro que seria desejável, mas não imperioso, que a Famurs desse brevemente seu aval ao que está sendo adotado pela Amesne. Mas um não depende mais do outro, municípios de Campos de Cima da Serra e das Hortências, por exemplo, também poderão se integrar a estes novos protocolos de cogestão. E também há os casos de 26 de municípios sem óbitos nos últimos 14 dias, que estão em bandeira Laranja e por isso não precisarão usar o recurso de decretos municipais", esclarece o presidente da Amesne e Prefeito de Cotiporã, José Carlos Breda. A proposta de um novo Modelo de Distanciamento Controlado feita pelo Comitê de Retomada Turismo RS forneceu consistente amparo técnico para a revisão das bandeiras atuais. Estes dados foram compilados por profissionais cedidos pela prefeitura de Carlos Barbosa que, junto a outros pareceres de entidades, possibilitou a proposição da bandeira na cor "vinho", que ficaria entre a laranja e a vermelha.
Em live na noite desta sexta-feira (31), Leany Lemos afirmou que a Procuradoria Geral do Estado está analisando o ato promovido pela Amesne. "Temos feito insistentemente um diálogo com várias associações sobre a possibilidade de algum nível de gestão compartilhado. Porém, qualquer iniciativa deve estar baseada em dados e evidências. Alguns protocolos até podem ser mais flexíveis, mesmo na bandeira vermelha, mas com base em uma metodologia precisa", esclareceu Leany.
Principais dados da 13ª rodada
Para o total do Rio Grande do Sul, houve relativa estabilização em diversos indicadores, com exceção do número de óbitos. Novamente, apesar do avanço da doença, a continuidade na abertura de novos leitos no Estado (aumento superior a 90% considerando habilitações em andamento) e a redução dos pacientes internados por causas não relacionadas à Covid-19 resultou em aumento na quantidade de leitos livres. Como consequência, a razão de leitos livres para cada ocupado por Covid-19 se estabilizou, embora se mantenha ainda abaixo de um leito livre para cada ocupado, o que exige cautela para não permitir novas acelerações no número de internações pela doença no Estado.Veja outras conclusões:
– número de novos registros de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de confirmados Covid-19 aumentou 1% entre as duas últimas semanas (1.086 para 1.094);
– número de internados em UTI por SRAG aumentou 1% no Estado entre as duas últimas quintas-feiras (865 para 872);
– número de internados em leitos clínicos com Covid-19 no RS aumentou 1% entre as duas últimas quintas-feiras (996 para 1.002);
– número de internados em leitos de UTI com Covid-19 aumentou 4% entre as duas últimas quintas-feiras (645 para 672);
– número de leitos de UTI adulto livres para atender Covid-19 no RS aumentou 6% entre as duas últimas quintas-feiras (de 566 para 602);
– número de casos ativos aumentou 9% entre as duas últimas semanas (de 7.125 para 7.793);
– número de óbitos por Covid-19 aumentou 17% entre as duas últimas quintas-feiras (de 315 para 369);
– regiões com maior número de novos registros de hospitalizações nos últimos sete dias, por local de residência do paciente: Porto Alegre (405), Passo Fundo (106), Caxias do Sul (105), Canoas (104) e Novo Hamburgo (80).
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