Com recorde de bandeiras pretas, RS tem 68% da população sob risco

Onze regiões foram classificadas com o nível mais alto previsto. Leite convocará reunião entre governadores do Sul para debater cenário da pandemia na região 
Número de internados em leitos clínicos com Covid-19 disparou 44,2% entre as duas últimas quintas-feiras

Com a piora dos indicadores de internações e propagação de coronavírus, o mapa preliminar da 42ª rodada do Distanciamento Controlado, divulgado na sexta-feira (19), apresentou recorde de bandeiras pretas, que indicam altíssimo risco para esgotamento da capacidade hospitalar e velocidade de disseminação do vírus. Onze das 21 regiões foram previamente classificadas com o nível mais alto previsto no sistema de enfrentamento à pandemia, o que representa 68,4% da população gaúcha – mais de dois terços.

O governo anunciou suspensão especial de atividades não essenciais, para desestimular a circulação e a aglomeração de pessoas a partir deste sábado (20), entre 22h e 5h, ate o dia 1 de março. As aulas presenciais também devem ser suspensas nas regiões com bandeira preta já nesta segunda-feira (22) por recomendação do Gabinete de Crise. O governador Eduardo Leite se reunirá com prefeitos para debater se a cogestão regional deve seguir válida ou não. "Rogo que a população gaúcha evite aglomerações", clamou Leite na live onde anunciou o mapa preliminar. O governador gaúcho também declarou que convocará um encontro com seus pares Carlos Moisés, de Santa Catarina, e Ratinho Junior, do Paraná. 

Até então, o Rio Grande do Sul só havia tido duas rodadas com bandeira preta: na 32ª semana (de 15 a 21 de dezembro), com duas regiões, e a última, na 35ª rodada (de 5 a 11 de janeiro), com uma bandeira preta. Os locais em bandeira preta nesta 42ª semana são Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Erechim, Lajeado, Novo Hamburgo, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul e Taquara. As outras 10 regiões foram classificadas em bandeira vermelha, que indica alto risco epidemiológico.

Por conta da subnotificação já esperada por parte dos hospitais em períodos de feriado prolongado, como o Carnaval, o Gabinete de Crise optou por utilizar os mesmos dados de hospitalizações registradas na semana passada. Na rodada anterior, foram registradas 1.030 hospitalizações ante 851 desta semana, número que não condiz com o cenário dos últimos dias. Esse dado, somado aos demais indicadores atualizados, resultou em grande parte das regiões em bandeira preta.

As exceções foram Taquara e Erechim, que, com o número de internações da semana passada, ficariam classificadas em bandeira vermelha. Como houve aumento de registros nesta semana nestas duas regiões, elevando a nota das regiões para o nível da preta, o governo optou por usar os dados desta rodada. Em Ijuí e Santa Cruz do Sul também houve aumento de registros de internações na rodada atual. Ijuí ficaria em vermelha nos dois cenários e Santa Cruz do Sul, na bandeira preta. Portanto, foram usados os dados mais atuais. Ou seja, nas regiões que apresentaram aumento dos registros de hospitalizações confirmadas nas duas últimas semanas, se utilizou o período atual. Nas regiões que apresentaram redução dos registros devido a sub-registros, se repetiu a mensuração da semana anterior.

As associações regionais que desejarem enviar pedido de reconsideração ao mapa preliminar terão ainda o prazo de 36 horas para encaminhar a solicitação ao governo, mas contando a partir da divulgação total dos dados considerados no mapa preliminar, o que deve ocorrer ainda na noite desta sexta (19). O horário final será divulgado quando as informações forem publicadas, juntamente com o link do formulário.

Encerrado o prazo no domingo (21), será publicada informação no portal de notícias do governo do Estado com o número de recursos recebidos. Os pedidos serão analisados pelo Gabinete de Crise, e o mapa definitivo, divulgado também no portal de notícias às 16h30 de segunda-feira (22). A vigência das novas bandeiras será de 23 de fevereiro a 1º de março. Caso a classificação prévia seja mantida, as regiões em bandeira preta que aderiram ao sistema de cogestão regional podem adotar os protocolos próprios compatíveis até o nível de restrição da bandeira vermelha, desde que tenham previstos nos seus planos. O mesmo vale para as regiões em vermelho em cogestão, que podem adotar até o nível de laranja. Das 21 regiões Covid, 19 aderiram ao sistema compartilhado. As duas únicas regiões que não fazem parte da cogestão e, portanto, devem seguir os protocolos determinados são Guaíba e Santa Maria.

Variante P1
Após a confirmação, na semana passada, do primeiro caso infectado pela variante P1 do coronavírus, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) reforçou o monitoramento sobre possíveis outros contágios e já enviou 65 amostras de exames RT-PCR de pacientes gaúchos para análise na Fiocruz, no Rio de Janeiro. A P1 é um tipo de mutação que está associada ao aumento dos casos de coronavírus em Manaus e, até o momento, segue o padrão de apresentar um agravamento dos casos de forma mais rápida, comparado a outras formas do vírus.

O trabalho da vigilância priorizou casos recentes da Serra (região onde foi detectado o primeiro caso de P1 no RS), outros ocorridos em Porto Alegre e regiões de divisa (possíveis pontos de entrada), assim como em demais cidades do Estado (para abranger uma maior área geográfica). O prazo para o resultado do sequenciamento genético dessas amostras é de até 21 dias.

Destaques
- número de internados em UTI por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) aumentou 20,3% entre as duas últimas quintas-feiras (977 para 1.175);
- número de internados em leitos clínicos com Covid-19 disparou 44,2% entre as duas últimas quintas-feiras (1.137 para 1.639);
- número de internados em leitos de UTI com Covid aumentou 18,7% entre as duas últimas quintas-feiras (833 para 989);
- número de leitos de UTI adulto livres para atender Covid reduziu 26,4% entre as duas últimas quintas-feiras (de 641 para 472);
- número de casos ativos reduziu 1,1% entre as últimas semanas consideradas (de 18.599 para 18.381);
- número de registros de óbito por Covid ficou estável entre as duas últimas quintas-feiras (de 363 para 365).

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Sexta, 29 Março 2024

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