A hora e a vez dos consumidores sêniores
Até 2060, o número de brasileiros com mais de 65 anos tem como tendência quadruplicar, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além do aumento populacional — dos atuais 15 milhões para 58,3 milhões — a expectativa de vida também deve aumentar de 75 anos para 81 anos. Esses números representam não só uma mudança social do país, mas também o advento de um novo e promissor mercado: os sêniores.
Antes do começo da Terceira Idade, há uma nova fase após a maturidade: a Gerontolescência, termo ainda pouco conhecido pelos profissionais de marketing. O conceito abrange o período que vai dos 60 anos aos 65 anos, momento em que os sêniores com estabilidade financeira e saúde desejam experiências novas e diferentes das que vivenciaram durante toda a vida – seja mudando a própria rotina ou adquirindo novos bens de consumo.
Esse é o ponto de contato entre as gerações dos Millennials (os nascidos entre 1979 e 1995) e dos Baby Boomers (quem nasceu entre a década de 1950 e 1960), segundo o consultor Martin Henkel, fundador da Senior Lab, que presta consultoria para marcas que pretendem atingir o público acima de 60 anos.
Para Henkel, as empresas ainda precisam entender melhor como pensam esses consumidores. “Falta empacotar as soluções que já existem. Há uma carência de investimento e visão [nesse sentido]. Poderiam oferecer um atendimento diferenciado, até na hora de vender. Precisa ter técnica: não basta o vendedor ser ágil”, ensina.
O estereótipo do avarento Ebenezer Scrooge, criado por Charles Dickens, que vive solitário com seus bens em uma grande propriedade, não serve às pessoas com mais de 60 anos. “Vários hotéis de longa permanência estão sendo construídos em Porto Alegre. As pessoas, especialmente as mulheres, não querem ficar mais sozinhas em um apartamento de 200 metros quadrados que os netos visitam de vez em quando. Querem sair, ir ao cinema, tomar chá e conversar com as amigas”, exemplifica Henkel.
Para alguns consumidores dessa faixa etária, uma das formas de cultivar a longevidade é continuar mantendo uma rotina de trabalho. Na capital gaúcha e região metropolitana, a Terceira Idade compõe 5,7% da população economicamente ativa, conforme dados colhidos pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). Entretanto, a saúde continua sendo a preocupação essencial na tentativa de manter a qualidade de vida. “Eles têm medo de convalescer, ter um problema de saúde e depender dos filhos. Por isso, fazer exercícios e se alimentar bem é um novo comportamento dessa população”, explica Henkel.
Veja mais notícias sobre Conteúdo de Marca.
Comentários: