Sempre cabe mais

E esse é justamente o problema...
Costumamos pensar que nossa fome ou sede é de um determinado tamanho, e que uma vez saciadas, saberemos a hora de parar

Trata-se de uma daquelas coisas meio óbvias, mas das quais só nos damos conta quando aparece alguma pesquisa para evidenciá-la. O tamanho do copo pode determinar a quantidade de bebida consumida pelo cliente. Ao eliminar a opção de vinhos em taças de 250 ml, a maior disponível em bares ingleses, a venda da bebida caiu quase 8% o que naturalmente não é interessante para os estabelecimentos, mas para esforços governamentais de prevenção ao alcoolismo, sim.

Costumamos pensar que nossa fome ou sede é de um determinado tamanho, e que uma vez saciadas, saberemos a hora de parar. A realidade, contudo, não é bem assim. "As pessoas são incrivelmente ineptas quando se trata de parar de comer", afirma esta reportagem. E a facilidade de levar um alimento ou bebida à boca tem muito a ver com isso, assim como a quantidade disponível em uma porção individual. Tanto que fabricantes tentam tornar os invólucros os mais fáceis de abrir e disponibilizá-los em dimensões confortavelmente portáveis.

Há outras influências que nem sempre percebemos. O tamanho dos pratos nos bufês a quilo, por exemplo. Enquanto houver espaço na louça, iremos nos servir, desconsiderando que normalmente ela costuma ser maior do que aquela que utilizamos em casa. Anos atrás, em um restaurante do interior de São Paulo, presenciei a esperteza do dono estender-se à sobremesa. O prato para servir-se dos doces, também cobrados por peso, era o mesmo do bufê salgado. Resultado? Uma combinação esdrúxula de pudins, tortas, mousses e frutas, quando normalmente o comensal se restringiria a uma opção tão somente.

Os carrinhos e os cestos nos supermercados funcionam de maneira parecida. Espaço vazio incentiva a colocar mais produtos que não estavam nos planos.

Tudo isso mostra que somos menos controladores dos nossos impulsos de consumo do que gostaríamos, e é necessário disciplina para não se deixar influenciar por esses fatores situacionais – que podem se estender à posição das mercadorias nas gôndolas, ao destaque de um prato no cardápio, à música ambiente e a tantos outros elementos subliminares.

Por outro lado, permite que nos sirvamos da arquitetura da escolha para melhorar hábitos nossos e alheios. Colocar frutas na frente de guloseimas nas vitrines refrigeradas de cantinas escolares pode estimular crianças a consumi-las, por exemplo. E comprar copos menores para casa também nos ajuda a controlar o volume de álcool ingerido.

E a fazer valer aqueles esforços aos quais, em algum momento da vida, todos nós já nos submetemos: emagrecer e economizar.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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