Educadores financeiros dão dicas de como controlar o orçamento
Ao alugar um imóvel, escolher a escola dos filhos ou o plano de saúde para a família, não basta levar em consideração quesitos como a localização, a qualidade do ensino ou a rede de médicos à disposição. É preciso fazer muitas contas antes de contratar esses serviços, não só a valores presentes, mas também levar em consideração projeções de reajustes futuros para que o orçamento familiar não seja comprometido. "Em minha experiência de planejadora financeira, entendo que é muito esclarecedor fazer uma planilha e definir tais percentuais, mas não é uma receita de bolo", afirma Paula Bento, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP pela Planejar.
Cada família que queira se organizar precisa inicialmente trabalhar com o entendimento do seu padrão de vida atual e, a partir desse ponto, traçar percentuais viáveis a serem conquistados, completa Paula. "O que me chama atenção é que muitas pessoas não sabem nem qual seria o ideal, qual de fato é o seu padrão? É sustentável esse padrão?", provoca a planejadora financeira. Segundo o educador financeiro Kelvin Saegussa, um dos caminhos para ter disciplina com esse tipo de despesa e não comprometer o orçamento é seguir a regra 50/30/20 (Essenciais, Variáveis e Reserva Financeira), em que os gastos essenciais de uma pessoa estejam em até 50% de sua renda. "Outro detalhe que pode ser importante de se levar em consideração é a despesa de aluguel e seus custos paralelos como o condomínio, água, luz e gás. Por um ponto de vista de saúde financeira, é ideal que o gasto de moradia não ultrapasse 30% da sua renda mensal", sugere Saegussa.
Para Hellen Kato, especialista de metas e matemática financeira e professora da Me Poupe!, no entanto, em um cenário ideal a recomendação é que as despesas essenciais, que englobam aluguel, educação dos filhos e convênio médico, não ultrapassem 55% do orçamento familiar. "Assim, haveria como destinar recursos para o crescimento pessoal, investimentos e mesmo para gastos considerados supérfluos. Esta é uma orientação geral, mas considerando o contexto brasileiro, há inúmeras variáveis que determinarão as circunstâncias específicas de cada família", lembra Hellen. O peso do aluguel na renda, ainda segundo a especialista, não deve ultrapassar 30% das despesas essenciais, enquanto os custos com educação e saúde podem variar mais, dependendo das necessidades, tamanho da família e prioridades do momento de vida que estejam passando.
Cuidado com os reajustes
O que fazer para não sofrer quando essas despesas aumentam – por exemplo, quando o valor do aluguel, o plano de saúde e a escola particular sofrem a correção anual? A recomendação de Saegussa é, ainda considerando a regra 50/30/20, que a família procure poupar 20% da renda. "Sabemos que essa não é a realidade para a maior parte da população brasileira, então a recomendação é que você tente criar o hábito de poupar a quantia que for possível para a sua realidade. Não importa o valor. O importante é criar o hábito e desenvolver essa prática para aumentar o valor a cada mês", sugere o educador financeiro. Por outro lado, aponta o especialista, a regra 50/30/20 não deve limitar a capacidade de poupança. Se for possível poupar mais que 20% da sua renda, o processo de enriquecimento será mais rápido.
Reserva de emergência
No momento de fazer as contas sobre despesas fixas da família, não se deve contar com a reserva de emergência para cobrir aumentos futuros – ao menos em um cenário ideal, explica Saegussa. A reserva de emergência deve somar em torno de 6 a 12 meses do custo de vida mensal. Esse investimento, lembra, não deve ser usado para resolver problemas permanentes, mas sim com situações não programadas, como um problema de saúde, o carro quebrado, alguma reforma emergencial ou qualquer outra circunstância que imediatamente prejudique o que é essencial para viver ou trabalhar. "Se as despesas aumentarem em uma proporção maior que a renda, é importante reavaliar o orçamento pessoal e achar um meio termo para a nova realidade. Isso significa buscar uma renda mais elevada ou ainda ajustar os custos de vida para a nova circunstância", sugere o educador financeiro.
*Com redação da B3
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