Vendas no varejo caem 0,6% em novembro

Índice retrocedeu após três meses no campo positivo
Queda nas vendas de combustíveis influenciou resultado negativo do varejo em novembro (Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias)

Na passagem de outubro para novembro do ano passado, as vendas no comércio varejista no país recuaram 0,6%. Nessa comparação, é a primeira vez que o varejo fica no campo negativo desde julho de 2022 (-0,2%). Com isso, o setor se encontra 3,6% abaixo do maior nível da série, registrado em novembro de 2020, e 2,6% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro do mesmo ano. No acumulado de janeiro a novembro, o varejo avançou 1,1% e, nos últimos 12 meses, 0,6%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e foram divulgados nesta quarta-feira (11) pelo IBGE.

Das oito atividades pesquisadas, seis tiveram resultados negativos em novembro. As principais influências sobre o índice geral vieram de combustíveis e lubrificantes (-5,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,4%). Para o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, um dos fatores que explicam o resultado negativo do setor de combustíveis é a inflação. "Novembro foi o primeiro mês em que os preços dos combustíveis voltaram a crescer após uma sequência de deflação que se iniciou em julho do ano passado. Isso impactou as receitas das empresas. Outro ponto é que novembro não é um mês de grandes movimentos nos transportes, já que as famílias costumam esperar para viajar em dezembro", explica.

De acordo com o pesquisador, a Black Friday, que acontece no fim de novembro, não resultou em números muito positivos para o comércio varejista. Uma atividade que costuma ficar mais aquecida no período é a de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, que recuou após dois meses de crescimento expressivo. "Esse desempenho mais fraco da Black Friday contribui fortemente para o resultado negativo do setor varejista em novembro. As condições macroeconômicas, como a falta de crescimento de crédito, a alta dos juros, a estabilidade do valor do Auxílio Brasil e a volta da inflação, acabam impactando a renda das famílias e diminuem o consumo", explica Santos.

Já em relação a hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,2%), grupamento de atividades que representa cerca de metade do índice geral, o resultado é ligado também ao pagamento do Auxílio Brasil. "Esse setor vem há dois meses em estabilidade, variando -0,3% em setembro e 0,2% em novembro. Entre outubro e novembro, não houve aumento no valor do Auxílio Brasil, que é um benefício direcionado às famílias de menor renda e que tendem a concentrar o consumo em alimentos", explica.

As únicas atividades que avançaram na comparação com outubro foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,7%) e móveis e eletrodomésticos (2,2%). De acordo com Santos, no primeiro grupamento, as empresas ligadas especialmente à parte de perfumaria foram beneficiadas pelas promoções da Black Friday. "Mas a atividade como um todo tem uma trajetória positiva, são empresas mais estáveis e as lojas não foram fechadas durante a pandemia. Também há aumentos de preços sazonais, que ocorrem normalmente nas suas épocas, e são produtos que não têm substituição, ou seja, as famílias não deixam de consumir", detalha o gerente da pesquisa.

Sobre a PMC
A PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista. Iniciada em 1995, a PMC traz resultados mensais da variação do volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio varejista ampliado (automóveis e materiais de construção) para o Brasil e Unidades da Federação.

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