Trump afirma que atuará para incluir Brasil na OCDE
Em encontro na Casa Branca com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (19) que apoia os esforços do Brasil para integrar a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne 36 países que se guiam pelos princípios da democracia representativa e economia de mercado. Também afirmou que as negociações entre os dois países devem avançar nas áreas de segurança militar e do comércio. “Estamos trabalhando com várias questões militares e questões dos vistos para funcionar melhor, o Brasil produz ótimos produtos e nós também. Acredito que o comércio vai aumentar substancialmente entre os dois países”, ressaltou Trump.
Trump afirmou que o Brasil será designado principal aliado dos Estados Unidos fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ainda deixou aberta a possibilidade de o Brasil integrar a Otan, que é uma organização militar formada por países da Europa e da América do Norte, com origem na oposição ao socialismo liderado, na época, pela União Soviética, hoje extinta. “Como disse ao presidente Bolsonaro, vou designar o Brasil como principal aliado que não é da Otan, e até possivelmente um aliado da Otan. Falei com muitas pessoas a respeito disso. Nossas nações trabalham juntas para proteger os nossos povos do terrorismo, do crime transnacional, das drogas, do tráfico de armas e de pessoas, que está agora na vanguarda do crime”, disse.
Trump também afirmou que as empresas de seu país “estão prontas para entrar” no mercado brasileiro, aguardando mudança nas “regras do jogo”. Trump afirmou que “reciprocidade” é sua palavra favorita e disse que Brasil e Estados Unidos estão dispostos a reduzir as barreiras comerciais entre si. “O presidente Bolsonaro e eu estamos comprometidos em reduzir as barreiras comerciais, facilitar o investimento e a inovação em uma série de indústrias – energia, agricultura, tecnologia. O presidente tem uma visão de liberar o setor privado, abrir a economia”, reafirmou Trump, depois do encontro com o presidente Jair Bolsonaro. “E esse é o caminho para que o Brasil tenha um crescimento econômico forte. Nossas empresas estão prontas para entrar quando essas regras do jogo forem iguais”, completou.
O presidente norte-americano afirmou que Estados Unidos e Brasil vivem um momento único na relação bilateral. “O relacionamento que temos agora com o Brasil nunca foi melhor. Não temos hostilidade alguma com o Brasil. Vamos ver Otan. Temos uma grande aliança com o Brasil, como jamais tivemos”, destacou. Para Trump, a campanha de Bolsonaro à Presidência da República foi emblemática. “Bolsonaro liderou uma das campanhas mais impressionantes dos últimos tempos, lembrou também a minha. O Brasil e os Estados Unidos nunca tiveram tão próximos quanto estão agora”, reiterou.
Em declaração à imprensa, nos jardins da Casa Branca, Bolsonaro afirmou ainda que o encontro marca um “capítulo inédito” que abre “novas frentes de cooperação”. Ele destacou os esforços do seu governo para implementar as reformas em curso e o equilíbrio das contas públicas. Segundo o brasileiro, a dispensa de vistos para norte-americanos é para estimular o comércio e o turismo. Bolsonaro agradeceu o apoio de Trump ao ingresso do Brasil na OCDE. “O apoio americano ao ingresso do Brasil na OCDE será entendido como um gesto de entendimento que marcará ainda mais a parceria que buscamos”, disse. O presidente destacou a negociação para que o Brasil ingresse como parceiro externo na Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan), aliança militar criada em 1949 e que reúne 29 países, regido pelo princípio da defesa mútua em caso de ataques. "Discutimos a possibilidade de o Brasil entrar como aliado extra-Otan", disse Bolsonaro. Ele ressaltou a parceria com os EUA nas áreas de combate ao terrorismo e crime organizado, ciência, tecnologia e inovação, energia, óleo e gás. “Esse encontro retoma uma antiga tradição de parceria e ao mesmo tempo abre um caminho inédito entre Brasil e Estados Unidos.”
Bolsonaro citou os esforços executados no Brasil para combater o terrorismo e o crime organizado. De acordo com o presidente, os temas estão entre prioridades e são “questão de urgência” para brasileiros e norte-americanos. Ele destacou que foi reativado um foro de altos executivos para discutir vários temas comuns. O presidente disse que o encontro com Trump destravou temas que aguardavam negociação. “Hoje destravamos vários assuntos que já estavam na pauta há décadas e abrimos novas frentes de cooperação. Esta é a hora de superar velhas resistências e explorar todo o vasto potencial que existe entre Brasil e Estados Unidos. O Brasil tem um presidente que não é antiamericano, caso inédito nas últimas décadas.”
Dizendo-se sob inspiração do presidente Ronald Reagan (1981 a 1989), morto em 2004, Bolsonaro citou uma frase do norte-americano. “O povo deve dizer o que o governo pode fazer e não o contrário”, afirmou o presidente. Em seguida, o presidente afirmou que: “Os Estados Unidos mudaram em 2017 e o Brasil começou a mudar em 2019. Estamos juntos para o bem dos nossos povos”. “Queremos uma América grande e um Brasil também”, reiterou. Bolsonaro afirmou que Brasil e Estados Unidos têm vários aspectos comuns. "O Brasil e os Estados Unidos também estão emanados na garantia das liberdades, no respeito à família tradicional, no temor a Deus, nosso Criador, contra a ideologia de gênero e o politicamente correto e as fake news. Que Deus abençoe o Brasil e os Estados Unidos da América.”
Questionado se manteria relações com os Estados Unidos, em uma eventual vitória de um candidato à presidência da República, em 2020, com inclinações socialistas, Bolsonaro disse que respeitaria o resultado das eleições, pois se trata de um assunto interno. Bem-humorado, afirmou estar convencido que Trump será reeleito. O norte-americano agradeceu entre sorrisos. O presidente brasileiro reiterou a disposição em manter o intenso comércio com a China e o máximo de parceiros. Porém, ressaltou que não haverá viés ideológico. “O Brasil continuará fazendo negócios com o maior número o possível [de parceiros]. Apenas não será pelo viés ideológico.”
Repercussão
O apoio de Trump é decisivo para a entrada do Brasil na Organização para a OCDE, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para os empresários, o ingresso na organização vai acelerar o processo de reformas estruturais e aperfeiçoar a qualidade regulatória do país, condições necessárias para melhorar o ambiente de negócios e promover o crescimento econômico. “O Brasil avançou muito na convergência de políticas para participar da OCDE. É o país não-membro com a maior adesão aos instrumentos da organização – já aderiu a cerca de 30% dos instrumentos que envolvem, por exemplo, comércio, tributação e governança. Além disso, o governo brasileiro está comprometido com as reformas da previdência e reconhece a importância da reforma tributária”, avalia Constanza Negri, gerente de Política Comercial da CNI. Estudos da confederação mostram que a adesão do Brasil se concentra em cinco áreas investimentos internacionais e empresas multinacionais, investimentos, competição, assuntos fiscais e anticorrupção. O Brasil também participa de 23 comitês, órgãos e iniciativas vinculados à OCDE, o maior número entre os países não membros.
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