Inflação persiste, mas economia evolui, nota Banco Central

A Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada
Apesar da persistência inflacionária apontada, o BC prevê uma “evolução mais positiva do que o esperado” para a economia brasileira

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) informou que o aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros levou em consideração a "persistência da pressão inflacionária" maior que a esperada, sobretudo entre os bens industriais. Apesar da persistência, o comitê identifica tendência de melhora na economia do país. Na última quarta-feira (16), o Copom elevou a Selic de 3,5 para 4,25% ao ano.

"Adicionalmente, a lentidão da normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e implicações da deterioração do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica contribuem para manter a inflação elevada no curto prazo, a despeito da recente apreciação do real", informou a autoridade monetária ao divulgar a ata da reunião realizada na semana passada pelo Comitê. Apesar da persistência inflacionária apontada, o BC prevê uma "evolução mais positiva do que o esperado" para a economia brasileira, conforme vem sendo identificado nos indicadores recentes que mostram "revisões relevantes" nas projeções de crescimento. Com isso, acrescenta a ata, "os riscos para a recuperação econômica reduziram-se significativamente".

No cenário externo, a ata registra que estímulos fiscais e monetários em alguns países desenvolvidos têm promovido "uma recuperação robusta da atividade econômica", o que corrobora para um cenário mais otimista nesses países. "No cenário básico, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio partindo de USD/BRL 5,052, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra, as projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 5,8% para 2021 e 3,5% para 2022", projeta a ata. Levando em conta esse cenário, o Copom prevê uma trajetória de juros em alta. "As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,7% para 2021 e 5,1% para 2022. Adota-se uma hipótese neutra para a bandeira tarifária de energia elétrica, que se mantém em 'vermelha patamar 1' em dezembro de cada ano-calendário", complementa.

Na avaliação do BC, manifestada semana passada pelo Copom, foi dito que o cenário indica ser apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro, de forma a mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação. "Não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação", complementa a nota. Para a próxima reunião, a expectativa é de "continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude". O comitê, no entanto, ressalta que uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte "pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários".

Trajetória
Com a decisão, a Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano, em março de 2018. Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia. Esse foi o menor nível da série histórica iniciada em 1986.

Com Agência Brasil 

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