Economia do Sul avançou 4,2% no ano passado

Região também apresentou o maior déficit comercial do país
No Rio Grande do Sul, a despeito dos impactos negativos sobre a produção e dos danos causados pelas enchentes em maio, a economia cresceu mais que no ano anterior

A desaceleração da atividade econômica ocorrida entre o primeiro e o segundo semestre de 2024 ocorreu em todas as regiões, com exceção do Sul. Essa é uma das conclusões do Boletim Regional, publicado nesta quinta-feira (22) pelo Banco Central (BC). A queda no ritmo de expansão foi mais intensa nas regiões Norte, no Centro-Oeste e no Nordeste, locais que apresentaram forte crescimento no primeiro semestre, após quedas na segunda metade de 2023. No Sul, especificamente, a atividade acelerou no segundo semestre, em parte por influência da recuperação da economia após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio.

A região Sul apresentou o segundo melhor desempenho regional, impulsionado pela indústria e pelo setor de serviços. O crescimento do IBCR em 2024 foi de 4,2% na região, comparado à alta de 3,3% em 2023 (veja o infográfico ao final desta reportagem). A alta na indústria foi puxada pela indústria de transformação, enquanto no setor de serviços as maiores contribuições vieram das atividades de comércio e outros serviços. Santa Catarina registrou o maior avanço do IBCR (5,6%) entre todas as treze unidades da federação para as quais o IBCR é calculado. No Rio Grande do Sul, a despeito dos impactos negativos sobre a produção e dos danos causados pelas enchentes em maio, a economia cresceu mais que no ano anterior, com maior avanço do comércio e da agropecuária. Já no Paraná, a atividade econômica registrou desaceleração, com queda na agropecuária, especialmente soja e milho.

Segundo o BC, a produção industrial apresentou crescimento relevante em 2024, disseminado entre regiões e puxado pela indústria de transformação. O crescimento da indústria geral foi de 3,1% em 2024, com alta de 3,7% na indústria de transformação e estabilidade na indústria extrativa. No Sudeste e no Sul, regiões com maior participação da indústria de transformação, as maiores contribuições para o crescimento vieram de "veículos automotores" e "produtos químicos", no Sudeste, e "materiais elétricos" e "derivados de petróleo", no Sul. Apenas a atividade de "móveis" recuou em 2024 em Santa Catarina.

No Sul, o crédito registrou o maior aumento em relação ao crescimento de 2023, impulsionado pelos programas de auxílio ao Rio Grande do Sul. O saldo de crédito na região subiu 13,1%, 5,4 pontos percentuais acima da variação do ano anterior e 1,1 ponto percentual superior à média nacional. O crédito a pessoas jurídicas com recursos direcionados cresceu 18,2%, alavancado pelo Crédito Solidário ao Rio Grande do Sul, ressaltando-se as operações do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a postergação dos pagamentos de financiamentos já existentes. O BC também evidencia que a região Sul foi a que apresentou o maior déficit comercial. O déficit aumentou de US$ 1,5 bilhão em 2023 para US$ 9,4 bilhões em 2024, com forte aumento no valor importado e retração no valor exportado. "A alta na importação ocorreu apesar da região ter sido afetada por enchentes e da forte retração no volume

de compras no segundo trimestre. No lado das exportações, destacaram-se os recuos nas vendas de peças automotivas e no valor exportado de soja, este decorrente de queda nos preços", explica a autoridade monetária. Em contrapartida, o Sul foi a região que apresentou a menor taxa de inflação em 2024. Na região, todos os segmentos apresentaram variações mais baixas do que no consolidado nacional, com destaque para a alimentação no domicílio. "A diferença é explicada em parte pela composição dos pesos da cesta de consumo da região, mas se destaca o fato de que diversos componentes tiveram variação menor na região do que no restante do país", detalha o BC.

Enchentes no Rio Grande do Sul
O documento do BC também faz uma análise do impacto das enchentes no desempenho da atividade econômica do Rio Grande do Sul. A autoridade monetária estudou a evolução do Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central (IBCR-RS). Esse indicador registrou retração de 7,9% em maio, seguida de recuperação da mesma magnitude em junho. No

acumulado de 2024, apesar da forte queda em maio, o crescimento da atividade econômica no Rio Grande do Sul superou o desempenho médio dos demais estados, com alta de 4,3% ante 3,5% do grupo de comparação. "Contudo, parte do bom desempenho da economia gaúcha neste ano resultou do crescimento expressivo da agropecuária. Embora alguns produtos tenham sido negativamente impactados pelas enchentes, o setor conseguiu se recuperar do desempenho bastante desfavorável verificado em 2022 e 2023. Excluindo-se a atividade agropecuária, o IBCR apresentou alta de 2,7% no RS, abaixo da média de 3,8% nas demais unidades da federação", reitera o BC.

Clique aqui para ler o Boletim Regional do Banco Central na íntegra.

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Sexta, 23 Mai 2025

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