É verdade que Gramado é um templo do brega?
De São Paulo (SP)
Gosto do escritor e historiador gaúcho Eduardo Bueno, vulgo Peninha. É um varapau da minha idade, irreverente e culto, cujos vídeos eu vejo de vez em quando, especialmente quando ele comenta política e relê algum tópico de nossa história. Para quem é mais velho, ele é autor de "A viagem do Descobrimento", seguido por "Náufragos, Traficantes e Degredados", livros que bateram meio milhão de exemplares de venda. Seja como for, dia desses ele estava falando sobre a Serra Gaúcha e, como poucos, desancou Gramado, o ponto focal da geografia da região. O mínimo que ele disse da cidade foi que é um lugar medularmente brega.
Eu gosto muito do Rio Grande do Sul. Lá tive dois de meus grandes afetos – durante muitos anos – e quando vou a Porto Alegre sou recebido com mais honras do que mereço. Depois de escrever durante mais de 15 anos para a Revista AMANHÃ, tenho nas pessoas que a fazem bons amigos. De universidades a conglomerados de comunicação, tenho portas abertas, sorriso franco e muita conversa para colocar em dia. Já fui e voltei ao Uruguai saindo de Porto Alegre e já não me lembro mais de quantas vezes fui a Caxias do Sul. Ainda assim, fiquei matutando sobre o que disse Peninha, o que lhe valeu vaias e apupos dos orgulhosos serranos.
De antemão, posso garantir que eu não teria a menor curiosidade de ir a um lugar desse. Todas essas coisas que são empacotadas para afagar turistas me dão grandes e tenebrosos engulhos. Nos anos 1990, tinha um amigo na Espanha que era um puro de alma. Quando queria falar bem de um lugar dizia que era "muy turístico", o que para ele era um grande elogio. Peninha faz gozação da arquitetura "bavaresca" de Gramado, disse que a comida é péssima e caríssima. Pelo jeito, o empenho em imitar uma Europa alpina leva a indústria a criar situações de enorme mau gosto, de um inimitável patético – para além daqueles pórticos à entrada das cidades.
Eu até já tinha esquecido isso quando me deparei no jornal com um anúncio de um certo Carnaval Veneziano que vai acontecer numa certa Mountain House, dentro de três semanas. A foto, os trajes, os termos do anúncio, os preços, enfim, tudo remete ao artificialismo desesperado para captar o dinheiro de quem agora tem, mas que nunca teve. Espécie de turismo Projac, alguma coisa me lembra Las Vegas no hotel de sete estrelas, na obsessão em criar um ambiente "invernal", mesmo em dezembro. Leio que aos 30º, uma mulher compra um chocolate fumegante, encapotada e de luvas, para fazer jus à neve cênica do quiosque. Outros o fazem olhando a pista de neve artificial.
Os museus da cidade, rasos e sem curadoria digna de tal, integram um circuito de entretenimento frívolo, amarrados por um passe nada barato que tenta captar o turismo cultural à moda da casa. São dezenas as fábricas e os museus de chocolate. Entendidos dizem que o cacau passou longe das barras manteigadas dessa indústria pega-trouxa que leva algumas dezenas a purgarem dores de barriga nos quartos de hotel caríssimos. As queixas quanto à propaganda enganosa estão em qualquer site sobre a cidade e Peninha não é voz isolada. Recomenda-se a vizinha Canela que não monta arapucas para incautos, e sim valoriza a natureza que tem lá seus encantos.
Enfim, já ouvi de algumas pessoas mais rústicas que "Gramado é o Brasil que deu certo", com suas casas sem cerca, suas ruas sem pedintes e a arquitetura digna de Garmisch-Partenkirchen. Outros disseram que a região é um bastião do que o Brasil tem de mais retrógrado, que é o feudo de um conservadorismo sinistro, que desfralda bandeiras tontas como o nacionalismo e afins. Que Gramado é tão fake quanto seus fondues cheios de molhos e o ar condicionado a 12º para dar um clima. Vocês conhecem, vocês me dirão. Como não tenho curiosidade por essas roubadas, confio no que vocês vão me dizer. O ridículo pode ser, sim, fonte de grande diversão.
Desde que você só observe e não integre o circo. E muito menos que pague caro por isso.
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Comentários: 9
Recebi o link dessa matéria através de um amigo. Não conheço o site nem o jornalista, mas me senti no direito de responder.
Moro em Gramado e concordo com muita coisa do que você disse, embora seja uma opinião bastante subjetiva.
Porém, a forma como você escreveu a matéria é muito tendenciosa e parcial, digna de jornalismo barato procurando fama.
Gramado é um case brasileiro de sucesso. O empreendedorismo está nas veias dos habitantes de uma cidade que é exemplo de segurança, educação e bem estar.
A forma como você expôs a cidade, desmerecendo e em tal tom de arrogância mostra que você não conhece a cidade e os seus moradores.
Fica o convite para conhecer nossa cidade.
Moro na região da Serra e concordo com muitas das suas colocações, porém, não é só isso. Nossa região tem muita coisa boa e não é só "pega turista". Vá com o Samuel visitar Gramado e venha para Caxias, Bento e Flores da Cunha conhecer uma região belíssima, com vinícolas e restaurantes que estão prontos para te receber e falar com propriedade se vale a pena ou não vir para cá. ; )
Talvez Gramado já esteja condenada pois anda a passos firmes em direção do abismo onde outras cidades turisticas morrem aos poucos. Mas ainda temos os passeios rurais, os fornos no centro, o lago RitaBier, a Biblioteca, o lago Negro e dois Museus de verdade. Tivemos um Feira Literária. Talvez, talvez a gente escape.
A única atração brega que curto e recomendo muito é o Parque da Floribal. Mas, Chocolate aconselho da Prawer.
Achei desnecessário esse insulto em forma de opinião de um pseudo jornalista que mal conhece o mundo do quintal pra fora (como boa parte dos jornalistas que se julgam os donos da verdade).
Gramado é cara, lotada, com atrações de gosto duvidoso? Ok, super concordo.
Mas isso é fruto justamente de seu sucesso turístico, que não tem precedentes no Brasil. A Serra Gaúcha (incluindo os canyons e a região dos vinhedos) é de longe o polo turístico mais desenvolvido, completo e inovador do Brasil, portanto, o fluxo de turistas e os preços praticados são consequência disso.
Quanto ao comentário também infeliz do tal Peninha, um jornalista totalmente desconhecido, um estranho até mesmo no meio jornalístico, que ninguém sabia quem era antes de proferir estes insultos aos moradores do RS, pareceu-me mais uma apelação forçada de "aparecer", usando pra isso argumentos políticos. O que ele proferiu excedeu o limite da opinião, poderia até ser considerado crime de xenofobia (sim, porque atacar as pessoas de determinado local por serem dali é xenofobia), a mesma que a imprensa esquerdista mainstream tanto diz combater, ele insultou os moradores da Serra e de outras partes do RS unicamente por seu posicionamento político, alcunhando-os de racistas, xenófobos e fascistas.
Pra ele, essa região industrializada, desenvolvida, segura, exuberante e rica, representa um "atraso de vida', um exemplo do que não ser e fazer. Para ele, bons exemplos são, de certo, a Bahia, o Piauí e o Maranhão, com quase 50% da população dependendo de migalhas do Governo, passando o dia dormindo em redes, cidades precárias, pobres e violentas, que não oferecem o mínimo de qualidade de vida, mas que seguem votando em quadrilhas que os mantêm nessa pobreza eterna, e no final são aplaudidos como se fossem os bastiões da civilidade.
Aliás, assim pensa todo esquerdista. Essa também é a opinião dos colunistas da RBS, que tiveram o disparate de rotular os habitantes da cidade de Casca de NAZISTAS, em virtude de os mesmos terem se indignado com a vitória do atual Presidenladrão, uma cidade de 9 mil moradores que produz mais que muita cidade de 100 mil que depende do Governo Federal até pra pagar servidor público. Claro que também sobraram ofensas aos moradores da Serra, uma região branca, rica, católica e com viés político conservador, tudo o que a esquerda e seus escravos submissos odeiam.
Credibilidade ZERO!
Por último, surpreende-me que a Revista Amanhã, sediada no RS, outrora um bom veículo de informação, OUTRORA, comece a dar espaço pra este tipo de insulto travestido de opinião, deixando claro seu desprezo para com o RS, seu povo e sua cultura, seja porque não entra mais verba do governo e a revista praticamente não consegue se manter por seus próprios méritos (com tanta incompetência jornalística misturada a erros gramaticais), seja porque o perfil ideológico político mudou de lado.
Sugiro contratarem o Peninha, pra escrever suas "educadas opiniões" sobre o RS, com certeza ele vai fazer a Revista dar um enorme salto........ rumo ao abismo!
Vc foi xenófobo e preconceituosoTB ao falar dos nordestinos " dormindo em redes" e esperando migalhas do governo... deve ser adepto do vereador de Caxias aquele.
Estive semana passada em Gramado com a família. Tem coisas bregas? tem sim, mas tem muita coisa legal e linda para ver e se divertir com a família. E td parece ser feito com muito amor e dedicação, então não pode ser desdenhado desta forma por esses que se acham "cultos" e melhores do que os outros. Não posso proporcionar por enquanto que minhas filhas vejam neve de verdade, mas proporcionar a ida no Snowland eu pude, e elas amaram.
Morei em gramado ao longo de minha infância e adolescência. Hoje a cidade virou uma mistura do centro de Canasvieiras, e do calçadão de Fortaleza.
Tenho apartamento em Gramado há já quase 10 anos. Dói me no coração ver seu entorno ambiental sendo destruído. Todos os cursos d'água que passam pela área urbana estão podres. Gosto da cidade mas por outras razões. No maus é um centro de nazifascismo de extrema direita. Um dos museus da cidade homenageia um herói de araque que hoje seria bolsonarista. Sim tudo muito muito caro... contudo ainda gosto da cidade e não sou cego!!
Bom dia,
De história não sabe nada. Fui a Gramado a 47 anos atrás. Tinha uma rua principal e uma igreja. Mas tinha um povo determinado e corajoso, foi com isso que me encantei. E veja oque fizeram de lá até hoje. Fernando, você hoje 22/23 vir dar uma opinião sobre Gramado como o fez, só depõe contra sua suposta sabedoria. Pede desculpas e vai em frente, isso vai resgatar nosso respeito por você.
Gramado, sua gente merece respeito.
Obrigado.