Gasto fiscal acima do teto acende alerta sobre inflação em 2023
Os desafios da transição de governo no Brasil e, consequentemente, de trajetória fiscal, incluem a inflação global que o mundo vem enfrentando. Segundo análise de Rodrigo Sgavioli, head de Alocação e Fundos do Research da XP Investimentos, o novo governo tem os mesmos desafios do anterior em relação às contas públicas, só que maiores. "Viemos de um ano com arrecadações recordes em dividendos e royalties, muito por conta da forte atividade econômica", avalia o especialista que participou na segunda-feira (19) de live promovida pela Academia Fiesc de Negócios.
O governo atual, caso fosse reeleito, teria discussões a serem endereçadas, como ampliação dos auxílios e a revisão de precatórios, de acordo com Rodrigo. "O governo deve acabar negociando, por meio da 'PEC de transição', gastos excessivos e talvez até acima do necessário. Qualquer acordo de até R$ 100 bilhões seria algo que já resolveria muitos dos gastos que precisam ser equacionados. O novo governo está pedindo em torno de R$ 200 bilhões", calcula. As concessões de crédito seguem em patamares elevados, comprometendo a renda das famílias. "A tendência é que as pessoas consumam menos, tanto em relação ao consumo básico, quanto em relação ao crédito para compra de móveis, linha branca, carros e apartamentos, por exemplo", prevê o especialista.
Assim como vários emergentes, o Brasil é um país de economia cíclica de acordo com Sgavioli. "Ele arrecada demasiadamente em ciclos de commodities muito fortes e, depois, acaba sendo menos dependente disso, reduzindo o custo-Brasil, direcionando reformas, para que consiga ter um comportamento mais sustentável nas contas públicas", explica, ainda prevendo queda do PIB nos próximos dois anos.
Economia global
Vários fatores já contribuem para que a inflação global comece a ceder, como a queda no preço das commodities, refletindo na desaceleração da demanda mundial, e a melhoria nas cadeias de suprimentos. Os bancos centrais dos países desenvolvidos demoraram a identificar e, portanto, a agir em um cenário em que a inflação não era transitória. "O mecanismo mais eficiente que a gente conhece para conter a inflação corrente é a elevação de juros, é o aperto da política monetária para poder reduzir o ritmo da variação positiva de preços. São mecanismos adotados para arrefecer a atividade econômica e acaba que o mercado de trabalho acaba esfriando também", explica. "Estes países vão continuar subindo os juros para conter as pressões inflacionárias", complementa.
Embora os Estados Unidos apresentem produção de riquezas em níveis saudáveis, é crescente o risco de recessão por lá. "A gente já começa a perceber indícios de que muito provavelmente estejamos caminhando para um período recessivo, fruto de um estágio do ciclo econômico normal, principalmente quando você tem uma taxa de juros tão brutal", avalia.
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