Ásia, sinônimo de competitividade
Três países asiáticos seguem no primeiro bloco das economias mais competitivas em relação ao Brasil – Coreia do Sul em primeiro lugar, China em quarto e Tailândia em sexto –, de acordo com a edição 2019/2020 do estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a competitividade, lançado na quarta-feira (29).
Realizado desde 2010, o estudo da CNI analisa nove fatores relacionados ao desempenho do Brasil, em relação a outros 17 países, que possuem características similares e competem com a indústria brasileira no mercado mundial. A publicação da CNI destaca que o Brasil "não está entre os seis mais bem colocados (terço superior) em nenhum dos nove fatores determinantes da competitividade avaliados." Robson de Andrade, presidente da entidade, destaca na apresentação do estudo que "o Custo Brasil é um dos maiores desafios do país e, em especial, da indústria brasileira." Para ele, houve avanço em algumas áreas no Brasil, comparado com a edição anterior. No entanto, a posição do país segue a mesma no ranking: penúltimo lugar, à frente apenas da Argentina, o que é explicado pelo fato das outras nações também avançarem, graças aos "esforços contínuos para ampliar suas respectivas vantagens competitivas."
Alvo de seminário da CNI e do Congresso Nacional há 25 anos, desde então o "Custo Brasil" assombra economistas e empresários, que consideram a baixa produtividade do trabalho no país a sua principal causa. Martelaram tanto essa máxima que chega a espantar a revelação no ranking do desempenho do Brasil (9º) no fator Trabalho, o único no qual aparece à frente da China (10º) e Coreia do Sul (16º). Em contrapartida, no Financiamento, o Brasil continua em último, e a China e Coreia do Sul aparecem respectivamente em segundo e terceiro lugares.
Fica evidente assim, pelo estudo da CNI sobre competitividade, que o custo do capital continua sendo o maior responsável pelo "Custo Brasil": "A situação mais crítica do país é no fator Financiamento, o que reflete sobretudo os custos elevados. O Brasil apresenta a mais alta taxa de juros real de curto prazo (8,8%) e o maior spread da taxa de juros (32,2%)." O acesso difícil no Brasil é agravado pelo peso do capital nos custos das atividades produtivas: "A segunda maior taxa de juros é 68% inferior à taxa brasileira (Rússia: 5,2%) e o segundo maior spread é quase três vezes menor (Peru: 11,9%)."
A Coreia do Sul destaca-se com os primeiros lugares em Infraestrutura e Logística (China em 6º) e em Tecnologia e Inovação (China em 2º; Tailândia em 4º), fatores nos quais o Brasil aparece em 15º e 8º, respectivamente. A China está em primeiro somente em Estrutura Produtiva, Escala e Concorrência. A Tailândia aparece em segundo no fator Ambiente Macroeconômico, no qual a Rússia está em primeiro lugar.
A situação da competitividade do Brasil, quando confrontada com todos esses países, não deixa margem para dúvidas, nas palavras de Robson de Andrade: "Não há tempo a perder. Temos de nos empenhar mais para reduzir o Custo Brasil e aumentar a competitividade do país. Para chegarmos à posição de nação desenvolvida, precisamos de uma indústria forte, dinâmica e competitiva, que olhe para o futuro, sendo cada vez mais inovadora, global e sustentável."
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