Para especialista, cartão de crédito é a melhor opção
Vistos por muitas pessoas como vilões, principalmente por conta das altíssimas taxas cobradas em determinadas circunstâncias, os cartões de crédito podem, se usados com inteligência, ser a melhor opção para realizar pagamentos, de acordo com o professor de finanças da PUC-Campinas Eli Borochovicius.
Apesar de anuidades – das quais se pode desviar - e cobranças de taxas de até 400% ao ano no uso do crédito rotativo assustarem os leigos, o especialista afirma que, para pagar melhor e gastar o mínimo possível, utiliza o cartão de crédito em absolutamente todas as suas compras. “Uso todos os dias, inclusive sábado e domingo, para pagar tudo, até conta de gás e telefone. Para mim é uma maravilha”, afirma Borochovicius.
O professor lista, entre as vantagens da prática, a segurança de não precisar manter dinheiro na conta corrente e a possibilidade de postergar os pagamentos. “Isso é importante principalmente para profissionais autônomos, que não têm certeza do salário fixo mensal”, aponta. Além disso, as opções de crédito muitas vezes oferecem milhas e promoções, que podem ser trocadas por passagens aéreas e outras variedades de produtos.
Mas o que significa esse "saber usar"? E por que o cartão de crédito é a melhor opção de todas? O especialista nos deu algumas dicas e motivos para deixar as outras opções de pagamentos de lado e sempre responder “crédito” à pergunta mágica dos caixas de lojas.
1. Negocie suas taxas – até chegar a zero
De acordo com Eli, os bancos só cobram anuidades até que o consumidor reclame. “A taxa é cobrada na sua fatura, com o valor mais alto possível, porque o banco espera você reclamar para diminuir ou abolir. Do ponto de vista comercial, é meio errado, mas é uma prática muito comum aqui no Brasil”.
Ele afirma que, a partir do momento em que você passa a usar o seu cartão com regularidade, o banco provavelmente aceitará que sua anuidade seja zero. “Isso significa que o lojista já está pagando pela operação, então ele [o banco] não precisa receber o dinheiro de você”, explica.
O mesmo vale para as taxas de parcelamento. “Quando você faz uma compra parcelada, existe um limite de número de meses que você pode fazer sem pagar taxas”, completa Borochovicius. Para ele, o erro é usar o crédito rotativo – quando o consumidor não tem dinheiro para pagar a fatura do mês e usa a opção de pagamento mínimo – ou o parcelamento de fatura. “Nesses casos, você vai estar sim pagando as maiores taxas do mercado, de até 400% no rotativo”, destaca.
2. Faça o dinheiro render
Borochovicius afirma que não mantém mais de R$300 na conta corrente. “Além de ser mais seguro, deixo aplicado, rendendo. Na conta corrente o dinheiro não rende”.Já que você não usará o dinheiro agora, o melhor a fazer é aproveitar as opções. Deixar o dinheiro todo em aplicações, rendendo juros, é uma maneira de aproveitar o uso do cartão de crédito para otimizar as finanças.
3. Parcele, desde que sem juros
Se o seu dinheiro estiver rendendo em uma aplicação, seja a poupança ou qualquer outra, é bom parcelar o máximo possível – sem cair nos juros, claro: quanto mais tempo o seu dinheiro passa rendendo, melhor. “No comércio eletrônico, por exemplo, é possível parcelar em até doze vezes sem juros”, diz. "Isso otimiza o fluxo".
4. Controle com atenção
“Todos os dias eu entro no site do banco para controlar minhas operações”, garante o professor, que afirma que, no uso do débito, esse controle pode ser muito mais difícil. Usar o crédito sem monitoramento pode ser desastroso, "assim como qualquer outra forma de gastar dinheiro".
A maior parte dos bancos oferece a opção de monitorar os gastos online, e isso é feito em tempo real: assim que a compra é efetuada, ela já é computada, então não tem desculpa. Para o especialista, a única falha desse sistema é a falta de organização por categorias: “faço uma planilha manual para categorizar meus gastos: alimentação, vestuário... Se os bancos oferecessem isso automaticamente, seria muito melhor. Mas, para quem não tem familiaridade com planilhas, isso também pode ser feito através do uso de alguns apps.
Use todos esses tipos de controles para garantir que a sua fatura nunca será maior do que o que você pode gastar. "Se você não vai ter o dinheiro, não está gastando no cartão de crédito, está simplesmente se endividando", reflete Borochovicius.
5. Aproveite pontos, seguros e promoções
Segundo o especialista, uma das maiores vantagens de usar o cartão de crédito é a possibilidade de acumular pontos que podem virar descontos em passagens aéreas e produtos. Além disso, algumas marcas e lojas oferecem promoções para usuários de cartão de crédito. “Eu recebo diversas promoções por e-mail, é vantagem para os vendedores que os clientes usem o crédito, porque gera fluxo de caixa antecipado”. Para ele, é um “dinheiro que a gente não vai vendo e vai acumulando”.
Os cartões de crédito também oferecem normalmente a opção de seguro viagem. “Se você for uma pessoa que viaja muito, é interessante não precisar contratar esse serviço separadamente em todas as vezes que for ao exterior. É outra vantagem”.
6. Compre o que for mais barato no exterior
Apesar do IOF (Imposto Sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro), ainda há produtos que são mais baratos quando encomendados de fora do país. “E não dá para fazer compras fora do país usando cartão de débito, só o crédito”, aponta o professor. Só é importante pesquisar e fazer as contas, principalmente em um momento de real desvalorizado.
7. Escolha a operadora do cartão com sabedoria
Apesar de todas as vantagens, um dos problemas de lidar quase exclusivamente com o crédito é a aceitação em estabelecimentos. “Se você for uma pessoa que viaja muito, por exemplo, fique atento a cartões que não são aceitos em determinados países ou regiões”, aconselha Eli.
Saiba consultar possíveis anuidades, parcerias com programas de pontos que mais te agradam como consumidor e qualidade do atendimento antes de contratar um serviço de pagamento, para não passar por dores de cabeça e usar da melhor maneira as vantagens oferecidas. E negocie um limite que se encaixe nas suas possibilidades sem passar por apertos. "Para mim, a única desvantagem possível é a facilidade de crédito, mas isso só é um problema para quem não sabe usar", completa.
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