O que pode explicar a queda de 50% da Smiles?
Os acionistas da Smiles (SMLE3) tiveram todos os motivos para sorrir desde o IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) da administradora de programas de fidelidade em abril de 2013. Da abertura de capital até o dia 15 de julho deste ano, a ação subiu 230%, atingindo sua máxima histórica ao bater R$ 58. No entanto, esses bons tempos parecem ter acabado, uma vez que desde este mesmo dia 15 de julho até hoje, os papéis despencaram 50% e já operam a R$ 30,04.
Se era uma das ações favoritas dos investidores e teve tanto sucesso antes, por qual razão a Smiles tem apanhado tão feio na Bolsa nos últimos tempos? A companhia responde pela maior desvalorização dentre todas as ações que fazem parte da carteira teórica do Ibovespa, sendo seguida de perto justamente pela sua controladora Gol (GOLL4). Para o analista da consultoria independente WhatsCall, Pedro Galdi, a Smiles é atualmente contaminada pela decadência da Gol em meio à disparada do dólar, que bate forte na companhia aérea, já que ela possui a maior parte dos seus custos na moeda americana e a maior parte das suas receitas em real.
Portanto, por mais que o acordo de acionistas seja bem definido e haja uma autonomia da operadora de programas de milhagem em relação à sua companhia "mãe", não dá para imaginar que a Gol possa perder rentabilidade e se endividar indefinidamente sem que isso prejudique a controlada. "Querendo ou não é o programa de milhagem da Gol e com o setor de aviação tendo um histórico recente como o brasileiro, com empresas de renome sumindo, não dá para confiar", alerta Galdi.
Além disso, um empréstimo de US$ 300 milhões que a companhia aérea obteve junto ao Morgan Stanley em agosto teve como garantia ações da Smiles. Ou seja, em caso de não pagamento, as ações podem ir para as mãos do banco, que pode vendê-las para recuperar o dinheiro. Isso, logicamente, impactaria as ações da Smiles.
Embora seja boa em um primeiro momento para a Smiles, a crise econômica também impacta a companhia no longo prazo. Quem tem menos dinheiro disponível acaba optando por pagar as viagens com milhas. O único problema, neste caso, é que, no longo prazo, as pessoas acumularão menos milhas por conta da queda no consumo. "A situação econômica e política afeta vários fatores como confiança do consumidor e emprego. As pessoas vão voar menos porque terão menos dinheiro no bolso. Além disso, ainda tem o dólar, que sobe porque o Federal Reserve parece que vem com tudo para subir juros e a crise política aqui não acaba, o que torna o câmbio mais pressionado do que deveria", explica Galdi. Por isso a previsão é que menos pessoas viajem neste ano. Ou seja, o momento é de cautela com a Smiles. Não importa quão bom tenha sido o desempenho dela no passado, pois enquanto a crise mantiver as pessoas com os pés no chão, consumindo menos e adiando as férias, as perspectivas são negativas tanto para a Gol quanto para a Smiles.
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