Estimativa de maio aponta safra recorde de 263 milhões de toneladas

O crescimento da projeção é explicado pelo desempenho de produção do milho, do trigo e da soja
Juntos, o arroz, a soja e o milho respondem por 91,7% da produção nacional de grãos

A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 263 milhões de toneladas em 2022, de acordo com a estimativa de maio do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo IBGE. Comparada ao previsto no mês anterior, a produção deve crescer 0,6%, o que representa 1,5 milhão de toneladas a mais. A estimativa é de que a safra deste ano seja 3,8% maior do que a de 2021, quando foram colhidos 253,2 milhões de toneladas de grãos.

De acordo com gerente de agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, o crescimento da estimativa é explicado pelo desempenho de produção do milho, do trigo e da soja. "A produção do milho deve alcançar novo recorde. A colheita da segunda safra está começando agora e as condições climáticas são boas, especialmente em Mato Grosso e Paraná, que são os principais produtores desse grão", explica. A segunda safra responde por 77% da produção brasileira desse cereal.

O milho, com a soma de suas duas safras, deve totalizar 112 milhões de toneladas. É um crescimento de 0,1% frente ao mês anterior e de 27,6% na comparação com o que foi produzido no ano passado. O atraso no plantio e a falta de chuvas causaram uma forte queda na produção do grão em 2021, o que não deve acontecer neste ano. Entre os estados com maior crescimento na segunda safra do milho frente à produção de 2021 estão Paraná (178,3%), Mato Grosso do Sul (80,9%), Mato Grosso (17,1%) e Goiás (9,9%).

Já a soja, que está com a colheita praticamente finalizada nos principais estados produtores, deve somar 118,6 milhões de toneladas. Principal produto de exportação do país, essa cultura teve a safra atingida pelos efeitos da estiagem nos estados do Sul, em parte de Mato Grosso do Sul e em São Paulo. Os problemas climáticos fizeram a produção da soja cair 12,1% na comparação com 2021. "A soja foi plantada na época certa, mas faltou chuva em grandes estados produtores em novembro, dezembro e janeiro. Isso afetou muito a produção. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a produção de soja caiu 55% em relação ao ano passado, no Paraná, a queda foi de 38,7%", detalha Guedes. Mesmo com a queda na produção, a soja segue como grão de maior peso no grupo, representando 45,1% do total.

O arroz é outra cultura com queda na produção na comparação com o ano passado. A produção do cereal deve chegar a 10,6 milhões de toneladas neste ano, uma queda de 8,4% na comparação com o colhido em 2021. "A queda é relacionada à falta de chuvas no Rio Grande do Sul, que responde por cerca de 70% da produção do arroz no país. Embora seja uma cultura irrigável, os produtores tiveram de racionar a água da irrigação. Essa falta de água fez a produção cair 10,4% na comparação com 2021", explica Guedes, que acrescenta que a quantidade produzida de arroz deve ser suficiente para atender a demanda interna do país. Juntos, o arroz, a soja e o milho respondem por 91,7% da produção nacional de grãos.

Outro produto importante na mesa do brasileiro é o feijão, cuja produção deve chegar a 3,2 milhões de toneladas neste ano. O aumento frente ao produzido em 2021 é de 2%. "Os problemas climáticos no Sul afetaram a produção da primeira safra. Com a oferta menor, veio a elevação do preço e isso fez com que os produtores aumentassem a área de plantio na segunda safra. Então há esse aumento bem considerável na produção", diz o pesquisador. O feijão também deve atender ao consumo do mercado interno.

Além do milho, outra cultura que deve ter produção recorde neste ano é o trigo. A produção desse cereal de inverno foi estimada em 8,9 milhões de toneladas, um crescimento de 12,1% em relação à previsão anterior e de 13,6% na comparação com o ano passado. "Com a guerra entre Ucrânia e Rússia, que são dois grandes produtores e exportadores de trigo, os preços desse produto cresceram. Isso fez os produtores brasileiros expandirem as áreas de plantio. Se tiver uma boa condição climática, a produção deve ser recorde em 2022", diz Guedes, ressaltando que, apesar disso, o Brasil ainda precisará importar o produto, uma vez que o consumo interno é de cerca de 12 milhões de toneladas.

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Quinta, 28 Março 2024

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