Erva-mate produzida à sombra das araucárias ganha mercado internacional
Principal produtor de erva-mate do Brasil, o Paraná está decidido a aumentar a área produtora, os índices de produtividade e as boas práticas que podem contribuir para a abertura de novos mercados de consumo, inclusive internacionais, e para aumentar a renda das famílias. Produto que sustentou a economia paranaense durante 80 anos, mas longe da exuberância do passado, a erva-mate ainda hoje tem importância no agronegócio, sendo a principal fonte de renda para cerca de 40 mil agricultores familiares. Além disso, responde pelo terceiro maior Valor Bruto de Produção na região Centro-Sul do estado, onde é mais presente, atrás apenas da madeira e da soja.
Coordenador estadual do programa de cultivos florestais do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater), o engenheiro florestal Avner Paes Gomes observa que o Paraná utiliza o sistema produtivo sombreado por araucária, capaz de garantir mais compostos diferenciados e benéficos. Isso faz da erva-mate paranaense também o produto de maior qualidade do Brasil e dos países produtores vizinhos, Paraguai e Argentina. O desafio dos técnicos que fazem o trabalho de extensão rural tem sido o de capacitar os agricultores em novas tecnologias que proporcionem os melhores resultados da forma mais sustentável e rentável.
Esse esforço ganha agora a contribuição do Prêmio Orgulho da Terra, que em sua terceira edição incluiu a erva-mate entre as 17 categorias que serão homenageadas em 21 de novembro, durante o evento de premiação. O prêmio destaca os produtores rurais que apresentam as melhores práticas do agronegócio, com base nos pilares social, ambiental e econômico. O tema deste ano é "Desenvolver sem esgotar". As indicações para o Prêmio são feitas por um grupo de técnicos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) e do Sistema Ocepar. Lançado em 2021, o Prêmio Orgulho da Terra é uma iniciativa do Grupo RIC, que dá visibilidade às propriedades premiadas com uma série de reportagens feitas pelo programa RIC Rural, transmitido todos os domingos na RICTV Record TV para todo o estado.
Quais as boas práticas da produção de erva-mate?
À frente das indicações para a categoria erva-mate do Prêmio Orgulho da Terra, o engenheiro florestal Avner Paes Gomes explica quais são os principais critérios que estão sendo considerados. "Olhamos para agricultores familiares que tenham a erva-mate como seu principal sustento e que sigam técnicas legais e sustentáveis. Por isso, não devem usar produtos não permitidos, como o herbicida glifosato. O único produto registrado no Ministério da Agricultura contra a broca da erva-mate, conhecido como corintiano, é um inseticida biológico que usa como base o fungo Beauveria bassiana."
Outros pontos importantes são a gestão da propriedade respeitando a legislação ambiental, como a proteção das Áreas de Preservação Permanente (APP) e a manutenção da reserva legal de 20% da área, que deve ser mantida com a vegetação nativa. São importantes ainda a poda não agressiva de ramos e folhas e o espaçamento entre as plantas que garanta bom desenvolvimento, sem concorrência entre as árvores. Gomes explica que ao aumentar excessivamente a densidade do sítio de produção, pensando em aumentar a colheita, o produtor acaba tendo prejuízo, porque as plantas não conseguem chegar ao seu potencial. Um erval sustentável também faz análise de solo para manejo de fertilidade conforme diagnóstico específico.
O resultado é uma erva-mate de alta qualidade, que está sendo levada para eventos internacionais em destinos como os Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Canadá. A erva-mate produzida no Centro-Sul e Sudeste do estado foi inserida pelo governo estadual no programa de Vocações Regionais Sustentáveis (VRS) no final de 2021. A ação é uma parceria entre a Invest Paraná e o IDR-Paraná, com apoio de diversas instituições e órgãos estaduais. Ao serem inseridos no programa, os produtores locais passam a ter acesso a uma série de iniciativas e oficinas de capacitação para saber como exportar seus produtos.
Além dos tradicionais chimarrão e tererê, as indústrias buscam o desenvolvimento de itens para as áreas de cosméticos e alimentos, com foco na geração de emprego e renda. A erva-mate produzida no Paraná somou aproximadamente 763 mil toneladas em 2022, conforme dados do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Deral/SEAB), um crescimento de 6,4% com relação a 2021. Já o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) foi de R$ 1,2 bilhão em 2022. Os cinco municípios com maior VBP na cultura da erva-mate são Cruz Machado, São Mateus do Sul, Bituruna, Paula Freitas e Prudentópolis.
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