Alianças e certificação são as prioridades do cooperativismo paranaense
Com recorde de participação de público e com a presença do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, está sendo realizado nesta sexta-feira (29), em Curitiba, o Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses 2024. São mais de 2.200 pessoas, vindas de todas as regiões do Estado, que representam 227 cooperativas de sete ramos de atividade. "Esse evento é tradicional, realizamos há mais de três décadas para avaliar como foi o ano, planejar o futuro e homenagear pessoas", declarou José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, organizador do encontro. "O cooperativismo faz um belo trabalho no Paraná. Não consigo imaginar o Paraná sem o cooperativismo", enfatizou Ricken. Ele destacou os pontos essenciais do cooperativismo que estão norteando a programação e os debates do evento: a defesa institucional, as alianças estratégicas e a certificação. "Essas questões constam do nosso planejamento estratégico, o PRC300", disse, referindo-se ao novo ciclo do plano, lançado este ano, que projeta um faturamento global de R$ 300 bilhões pelas cooperativas paranaenses até o final de 2026 e de R$ 500 bilhões ao final da década. O ciclo anterior, o PRC200, foi encerrado no final de 2023, com a superação da meta de faturar R$ 200 bilhões no ano.
Sobre as alianças, o presidente do Sistema Ocepar destacou a intercooperação. "Temos planejamento, crescemos, ocupamos espaços estratégicos na economia brasileira. Para seguir de forma organizada temos que praticar, cada vez mais, a cooperação entre as cooperativas, essa é a nossa essência", frisou. De acordo com Ricken, o Paraná tem um "modelo excepcional de organização" dos produtores em cooperativas. "Temos que incentivar cada vez mais. Já existem vários exemplos de sucesso, inclusive um modelo inédito de integração horizontal entre cooperativas que viabilizou a Maltaria Campos Gerais", citou.O empreendimento, inaugurado em junho desse ano, consolida o estado do Paraná como maior produtor brasileiro de malte cervejeiro.
O programa de certificação de propriedades como "prioridade máxima" foi outro ponto destacado pelo presidente do Sistema Ocepar em seu discurso. Segundo ele, a implantação do programa vai ser a forma de proteger o setor do que ele chamou de "ameaças com informações infundadas", referindo-se ao recente episódio de tentativa de boicote de grupos comerciais franceses à carne produzida no Brasil. "Na última semana, fomos surpreendidos com algumas 'estórias mal contadas' nas relações comerciais com outros países. Um exemplo foi o anúncio precipitado dos grupos Danone e Carrefour, que, no intuito de agradar os agricultores europeus, franceses em particular, cujas atividades rurais perdem competitividade ano a ano e dependem de altíssimos subsídios governamentais, vieram a público, sem qualquer embasamento técnico, subjugar a agropecuária brasileira", declarou Ricken, acrescentando que "é preciso reagir de forma organizada para mostrar a verdade dos fatos". Ainda sobre esse tema, o líder do setor cooperativista paranaense pediu aos presentes o "apoio oportuno" ao projeto de lei 1406/2024 que fundamenta o princípio da reciprocidade da Organização Mundial do Comércio (OMC). O princípio se baseia em respeito mútuo e igualdade, estabelecendo que um parceiro comercial só pode exigir o cumprimento de regras que ele próprio já tenha implementado em seu país.
Resultados
Uma das propostas do Encontro Estadual de Cooperativistas é celebrar os resultados do ano. Em seu discurso, o presidente do Sistema Ocepar informou que os números de 2024 serão divulgados na primeira quinzena de janeiro, após computadas as operações de novembro e dezembro. "Posso adiantar que vamos concluir o ano com bons resultados no conjunto das 227 cooperativas: 62 agropecuárias, 54 de crédito, 36 de saúde, 31 de transporte, 21 de infraestrutura, 16 de trabalho, produção de bens e serviços e 7 de consumo, que continuam investindo e gerando resultados positivos a seus cooperados", afirmou. E acrescentou: "o mais importante é que este resultado fica aqui entre nós, gerando desenvolvimento nas comunidades do Parana".
Ele fez referência às dificuldades do ano que está se encerrando. "Tivemos desafios enormes: perda de produção, que chegou a 7 milhões de toneladas, redução de margens, dificuldade de acesso ao crédito, principalmente de investimento, aumento de juros, restrições de mercado em função de conflitos internacionais, agravamento das mudanças climáticas, a exemplo da tragédia ocorrida em maio deste ano no Rio Grande do Sul, e alterações de critérios tributários. Citou também dificuldades financeiras de cooperados e insegurança jurídica em propriedades rurais. Ricken enfatizou a necessidade de avançar nas reformas no Congresso Nacional – como a tributária, administrativa, o modelo político, entre outras. E falou da preocupação de que a infraestrutura logística, ainda centrada no modal rodoviário, responsável por 84% de todo o volume de mercadorias transportado no Paraná, chegue ao nível de exaustão, colocando em risco a competitividade dos produtos nos mercados internos e externos.
Infraestrutura
Para ele, os avanços vão depender da manutenção da integração das forças econômicas e políticas, através do G7, em sintonia com o governo do Paraná. Especialmente na melhoria da infraestrutura do estado, em rodovias, ferrovias, portos, geração de energia e conectividade, bem como no destravamento dos licenciamentos ambientais e na regularização do CAR, para dar celeridade nas obras e nos investimentos das cooperativas e dos seus cooperados", contextualizou. Especificamente sobre o modal portuário, Ricken falou sobre a preocupação em relação ao Porto de Paranaguá que, apesar de premiado, não é mais suficiente para atender o crescimento da economia do Paraná.
"Precisamos modernizá-lo e buscar novas opções, a exemplo do Porto do Pontal, Porto Guará e novo Porto de Paranaguá. Para isso, temos que ter soluções na área ambiental e de logística, onde temos que concluir as concessões rodoviárias e a tão sonhada integração ferroviária". Ele destacou também a importância da continuidade do Programa Paraná Competitivo, do governo do Estado, que através da liberação dos créditos de ICMS, permitiu investir em infraestrutura produtiva, energia alternativa e conectividade. E falou ainda da interação com o governo do Parná. "Nesses seis anos desse governo não nos faltou o diálogo. Nossas reinvindicações foram recebidas e, na medida do possível, foram bem encaminhadas", pontuou.
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