Avicultores de Santa Catarina querem frear exportação de grãos
José Antônio Ribas Júnior, presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), defendeu a fixação de cotas de exportação para evitar desabastecimento interno. "Não se trata de intervenção, mas de moderação", escreveu em um artigo. Ribas Júnior lembrou que essas crises eram amenizadas no passado pelo regime de estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), "mas o dinamismo e o agigantamento do mercado tornaram essa operação muito complexa e demandante de muitos recursos".
"A gravidade dessa questão é perturbadora. Nesse momento não há oferta desses grãos no Brasil, mesmo com os preços em patamares estratosféricos, com aumentos que variam de 100% a 300% no período janeiro-outubro. Essa situação afeta diretamente setores sensíveis como as indústrias de óleos vegetais, os laticínios e as agroindústrias de processamento de carne", descreveu.
A saca de milho (60 kg) que era comercializada em janeiro a R$ 35 agora está em R$ 80. A saca da soja que estava cotada a R$ 75 no início do ano, dobrou de valor (R$ 160). A tonelada do farelo de soja que custava R$ 900 em janeiro subiu para R$ 2.700 em outubro. A saca do arroz (50 kg) era vendida a R$ 50 no início de 2020, agora passa de R$ 100. "Milho e farelo de soja são insumos essenciais para a nutrição animal e seu encarecimento torna mais cara a produção de carnes de aves e suínos. Com isso, os preços das carnes e de todos os seus derivados inevitavelmente chegarão às festas de fim de ano mais elevados", prognosticou.
"O Brasil, como país capitalista e adepto da liberdade econômica, não tolera propostas de confisco de produção ou contingenciamento de exportação, porém algumas situações precisam ser revistas. Não é racional exportar toda a produção e deixar o mercado interno fragilizado, ameaçado de ver o gigantesco parque agroindustrial da carne paralisado por falta de grão, com milhões de cabeças alojadas e sem alimentação em milhares de estabelecimentos rurais. Cenários como esse são potencialmente inflamáveis e podem dizimar milhões de empregos e incinerar bilhões de reais em prejuízos", cobrou.
Em artigo recente, publicado pelo Portal AMANHÃ, José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), defendeu os agricultores. "Quando o preço dos alimentos está em baixa, o produtor rural trabalha no vermelho e, quando os preços estão em alta, os melhores resultados ficam com os atravessadores, as tradings, os atacadistas e varejistas. Essa distorção precisa ser equacionada", escreveu.
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