Aurora: o sabor de um eterno amanhecer

Eles vieram da Lombardia, de Piemonte, do Vêneto. Abandonaram o norte da Itália, aventuraram-se pelo Atlântico e se tornaram sementes fundamentais na história da economia gaúcha. O solo da América os recebeu generosamente. O milho e o trigo brotaram ...
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Eles vieram da Lombardia, de Piemonte, do Vêneto. Abandonaram o norte da Itália, aventuraram-se pelo Atlântico e se tornaram sementes fundamentais na história da economia gaúcha. O solo da América os recebeu generosamente. O milho e o trigo brotaram em Conde d’Eu, em Dona Isabel, nas sedes e linhas que depois seriam batizadas de Bento Gonçalves, Garibaldi, Caxias do Sul. E o gosto pelo bom vinho não se perdeu na travessia para o Novo Mundo. Pelo contrário: a tradição de desfrutar e cultivar a bebida mítica encontrou aqui novas paisagens, com temperaturas e condições propícias. Em pouco tempo, reforçados por levas de patrícios que desembarcavam nos portos brasileiros e rumavam ao sul, os imigrantes italianos já haviam espalhado descendentes, cultura, progresso e videiras pelos planaltos da Serra.

Contudo, os minifúndios produtores de vinho em Bento Gonçalves logo se depararam com obstáculos ao progresso. O isolamento, o transporte rudimentar e a ação de atravessadores atrapalhavam o crescimento dos negócios. Para superar essas barreiras, o jeito foi unir forças. O agricultor Antônio Pertille abriu as portas de sua casa e recebeu representantes de 16 famílias que cultivavam a uva de forma artesanal. Assim, em 14 de fevereiro de 1931, foi instaurada em Bento Gonçalves a Cooperativa Vinícola Aurora. 

A Cooperativa Vinícola Aurora foi provisoriamente acomodada num antigo prédio da capital nacional do vinho. No início, as atividades eram limitadas a embalar e fiscalizar a uva vinificada por cada produtor. Um dos associados tinha a incumbência de colher amostras do vinho junto às unidades e depois levar o material a um laboratório da cidade. Despontava aí o que se tornaria uma tradição da marca: a busca constante por tecnologia e qualidade.

A Cooperativa hoje conta com mais de 1,1 mil famílias, que colhem juntas cerca de 57 milhões de quilos de uva por ano, transformados em 42,5 milhões de litros de vinhos e derivados. A conversão se dá numa estrutura de 110 mil metros quadrados de área construída, capacitada para estocar até 70 milhões de litros.

Consagrada por seus produtos diferenciados, a Aurora movimenta-se em nichos intermediários – com os vinhos Marcus James e Conde de Foulcaud, por exemplo –, oferecendo ótima relação custo-benefício, e destaca-se também em rótulos básicos, que aliam maior qualidade para o público iniciante, como é o caso do Saint Germain. São algumas das 13 marcas distribuídas em todo o Brasil. No mundo, a Aurora exporta seus vinhos e espumantes para mais de 20 países.

Com centenas de premiações em diversos países, a Aurora é a vinícola brasileira mais laureada da história e ocupa a liderança nacional na produção de vinhos finos, sucos de uva integral e coolers. A Cooperativa pretende manter a frente conquistada nos mercados em que desponta e planeja avançar ainda mais. E a marca sabe que só chegará lá com a ajuda da Mãe Natureza.

Em cooperação com a Terra
Desenvolver-se em harmonia com o meio ambiente é uma das principais preocupações da Vinícola Aurora. Nesse sentido, a Cooperativa despende esforços para conscientizar os associados a primarem pela exploração parcimoniosa dos recursos naturais e pelos cuidados na utilização de todo maquinário. Além disso, é dada uma atenção especial ao descarte de resíduos. As embalagens de agroquímicos e fitossanitários empregados nas plantações são higienizadas e acondicionadas para a coleta, rumando em seguida para fornecedores qualificados para eliminação adequada dos materiais. O mesmo rigor é aplicado no tratamento dos resíduos provenientes do processamento da uva. Os efluentes são tratados nos modernos tanques da estação de tratamento e retornam aos rios como água limpa.

A importância da gestão socioambiental é levada aos núcleos produtores através de palestras e miniassembleias ministradas pela equipe técnica, que acompanha todos os passos do cultivo – desde a preparação até a colheita, passando pelo plantio e o manejo das mudas. Esse suporte prestado por agrônomos e enólogos estimula a busca pela excelência, garantindo a obtenção de frutos com qualidade ímpar e o zelo permanente pela sustentabilidade do negócio. O centro tecnológico da Vinícola Aurora é voltado para a pesquisa de melhoramentos e inovações referentes a diversos temas pertinentes à lavoura. As técnicas e resultados elaborados nesses polos de estudo são posteriormente socializados entre as famílias associadas. Os temas vitais para o processo produtivo também constam no Caderno de Campo, uma cartilha de informações entregue aos agricultores. Entre outros temas, o documento registra todos os tratamentos, datas de poda, desfolha e todo o ciclo da videira.

A orientação para a sustentabilidade ainda acarretou mudanças significativas no envase dos vinhos e derivados, com a redução do vidro e do papelão. Insumo pesado para o transporte, o vidro teve sua aplicação minorada de 10 a 18%, dependendo do artigo. Com a alteração, em 2012, a Aurora economizou cerca de 477 toneladas do material – o equivalente a 2,3 milhões de garrafas, ou 33 caminhões lotados. Já em relação ao papelão, a empresa adquiriu um equipamento que dispõe os vasilhames de forma precisa e equânime nas caixas, podendo assim eliminar 75% das divisórias que separam as garrafas. Prescindindo de 152 toneladas de papelão – ou 30 caminhões – , a Cooperativa aumentou em 5% a produtividade e evitou a quebra de 15 mil garrafas por ano, em média. O embalamento é atualmente organizado em caixas confeccionadas em papel reciclável, fornecidas por empresas atestadas pelas normas do Forest Stewardship Council, um conselho internacional de gestão florestal.

A Aurora também trocou sua frota de empilhadeiras. Modernas, as novas máquinas geraram 10% a menos de ruídos e mitigaram o consumo de gás em 50%. Medidas como essas valeram à Cooperativa a certificação ISO 14001, referente à eficácia do processo no cumprimento das normas ambientais internacionais. A Aurora foi a primeira vinícola brasileira a possuir a distinção, conferida em 2006. Antes, em 2004, a associação já havia conquistado o selo ISO 9001, que lhe avalizava a excepcional gestão administrativa. Em janeiro de 2014, a Vinícola foi recomendada à certificação FSSC 22000, que garante a gestão de segurança de alimentos.

Arrimo e força da Cooperativa Vinícola Aurora, a competência das famílias produtoras do Vale dos Vinhedos leva prazer, saúde e sabor às mesas do Brasil e do mundo há mais de 80 anos. Por este nobre motivo, o logotipo da Aurora reverencia o seu principal patrimônio. Acima da tipografia há a estilização de um núcleo familiar: pai e mãe carregam em cestos o fruto recém-colhido, riqueza nascida de um solo consagrado pelo orgulhoso suor da labuta. Junto com eles vai o menino, símbolo da continuidade e da perene tradição repassada desde os nonnos daquela velha Itália.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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