Que horas ela sai?

Por renúncia ou impeachment, tudoleva a crer que Dilma Rousseff não se mantém no cargo por muito tempo. Ao menosé essa a impressão que passam os principais jornais e revistas do Brasil. Aindaque se reconheçam os sucessivos erros políticos e econômico...
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Por renúncia ou impeachment, tudoleva a crer que Dilma Rousseff não se mantém no cargo por muito tempo. Ao menosé essa a impressão que passam os principais jornais e revistas do Brasil. Aindaque se reconheçam os sucessivos erros políticos e econômicos de suapresidência, e o verdadeiro impasse em que se transformou o recém-iniciadosegundo mandato, não tenho certeza de que uma eventual queda seja benéfica parao país.

Explico.

A não ser que surjam indícios ouprovas claros de improbidade, Dilma, no momento, é mais vítima de suafragilidade política e da derrocada econômica do que de uma mácula moral.Embora saibamos que aquelas são combustíveis imprescindíveis para movimentos dedeposição de governantes, não são exclusividade da presidente atual; Sarneypercorreu mais da metade de seu mandato sob tempo igualmente ruim, e FHC 2desde o início não teve vida fácil. Nem por isso falou-se em impeachment ourenúncia, não ao menos a sério.

Pelo que se lê por aí,entretanto, indícios ou provas de improbidade são apenas um dispensável vernizjurídico para o movimento que une oposição, mídia e parte dos supostos aliados.Mesmo que se admita a democracia como dinâmica e os mandatos comonão-intocáveis, como escreveu Hélio Schwartsman dia desses (aqui, para assinantes), o impedimento deuma presidente com menos de um ano de mandato é fator de insegurança parafuturos ocupantes do cargo. Afinal, fragilidade política e mau tempo econômicopodem acometer a qualquer governante; enfrentá-los é provação suficientementepenosa para que seja acompanhada, também, pela sombra da deposição.

Além disso, o planejamento delongo prazo, tão capenga na administração pública brasileira, ganharia umdificultador adicional em caso de um desenlace desse tipo. Historicamentelimitado a períodos de quatro anos, poderia ser abreviado – ou abandonado – acada presidente contestado. Nem o sempre lembrado mecanismo de recall, presenteem algumas democracias (saiba mais aqui), funcionaria muito melhor, tornando-se fator de instabilidadejustamente quando tudo o que a boa gestão exige é um mínimo de previsibilidade.

Não duvido que, no curto prazo,uma eventual saída de Dilma provocasse impacto positivo, principalmente noterreno econômico. O cenário atual é de uma paralisia pouco convidativa aoinvestimento produtivo. Porém, ela seria o segundo presidente afastado em 30anos de democracia, índice muito pouco alvissareiro para a consolidação doregime. Se pensarmos não em uma perspectiva de quatro anos, mas sim de quatrodécadas ou mais, a estabilidade está para a democracia como a produtividadepara o crescimento econômico – não é tudo, mas é quase tudo.

De toda forma, os quase cincoanos de Dilma Rousseff na presidência já foram suficientes para pôr abaixo suaimagem de “gerentona” construída ao longo dos dois mandatos de Lula – e noslevar a refletir sobre o que, afinal, torna alguém um bom gestor, tema dopróximo post.

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Quarta, 24 Abril 2024

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