Captação da poupança bate recorde para meses de julho

Depósitos superaram saques em R$ 27,1 bilhões no mês passado
Com a atual fórmula, investimento renderia 1,4% este ano, caso a atual Selic estivesse em vigor desde janeiro

Aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros, a caderneta de poupança voltou a atrair o interesse dos brasileiros em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus. No mês passado, os investidores depositaram R$ 27,1 bilhões a mais do que retiraram da aplicação, informou nesta quinta-feira (6) o Banco Central. Em julho do ano passado, os brasileiros tinham sacado R$ 1,6 bilhão a mais do que tinham depositado.

O resultado de julho é o maior já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1995. Com o resultado do mês passado, a poupança acumula entrada líquida de R$ 111,5 bilhões nos sete primeiros meses do ano. A aplicação tinha começado o ano no vermelho. Em janeiro e fevereiro, os brasileiros retiraram R$ 15,9 bilhões a mais do que depositaram. A situação começou a mudar em março, com o início da pandemia da Covid-19, quando os depósitos passaram a superar os saques.

O interesse dos brasileiros na poupança se mantém apesar da recuperação da bolsa de valores nos últimos meses e da melhora das condições de outros investimentos, como títulos do Tesouro. Nos dois primeiros meses da pandemia, as turbulências no mercado financeiro fizeram investidores migrar para a caderneta.

Rendimento
Com rendimento de 70% da Selic (juros básicos da economia), a poupança atraiu mais recursos mesmo com os juros básicos em queda. Com as recentes reduções na taxa Selic, o investimento está rendendo menos que a inflação. Nos 12 meses terminados em julho, a aplicação rendeu 3,1%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que serve como prévia da inflação oficial, atingiu 2,1%.

Para este ano, o boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial de 1,6% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com a atual fórmula, a poupança renderia 1,4% este ano, caso a Selic de 2% ao ano, definida na quarta-feira (5) pelo Banco Central, estivesse em vigor desde o início do ano. No entanto, como a taxa foi sendo reduzida ao longo dos últimos meses, o rendimento acumulado será um pouco maior.

Histórico
Até 2014, os brasileiros depositaram mais do que retiraram da poupança. Naquele ano, as captações líquidas chegaram a R$ 24 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, os investidores passaram a retirar dinheiro da caderneta para cobrir dívidas, em um cenário de queda da renda e de aumento de desemprego. Em 2015, R$ 53,5 bilhões foram sacados da poupança, a maior retirada líquida da história. Em 2016, os saques superaram os depósitos em R$ 40,7 bilhões. A tendência inverteu-se em 2017, quando as captações excederam as retiradas em R$ 17,1 bilhões, e em 2018, com captação líquida de R$ 38,2 bilhões. Em 2019, a poupança registrou captação líquida de R$ 13,2 bilhões.

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Comentários: 1

Genesio Krumheu em Sexta, 07 Agosto 2020 15:09

O dado estatístico está mascarado, pois no dia 25.07 o governo federal depositou a parcela dos empregados que estão sob o regime da MP de redução de salário. São milhões de trabalhadores e o depósito é em poupança. Da mesma forma que o recurso do auxilio emergencial é depositado em conta poupança. Deveria ocorrer uma análise sobre o saque ou sobre a média de dias que a população deixa o dinheiro aplicado na poupança.

O dado estatístico está mascarado, pois no dia 25.07 o governo federal depositou a parcela dos empregados que estão sob o regime da MP de redução de salário. São milhões de trabalhadores e o depósito é em poupança. Da mesma forma que o recurso do auxilio emergencial é depositado em conta poupança. Deveria ocorrer uma análise sobre o saque ou sobre a média de dias que a população deixa o dinheiro aplicado na poupança.
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