Sommelier Vinhos faz jus ao nome

Personagem cada vez mais comum nas telenovelas e, também, na vida real, o sommelier é alguém que ajuda as pessoas a escolherem vinhos para harmonizar com diversos pratos. A Sommelier Vinhos, loja especializada na bebida com sede ...

Personagem cada vez mais comum nas telenovelas e, também, na vida real, o sommelier é alguém que ajuda as pessoas a escolherem vinhos para harmonizar com diversos pratos. A Sommelier Vinhos, loja especializada na bebida com sede em Porto Alegre, tem entre seus principais princípios a prestação de serviços aos amantes de Baco. A origem do nome do estabelecimento, aliás, foi inspiração no nome da categoria. Quando a companhia foi criada, há sete anos, esse profissional ainda não tinha a visibilidade e importância que tem atualmente e era pouco conhecido para boa parte dos consumidores de vinhos. Esculpida pela filosofia do serviço, a unidade no Bairro Bela Vista conta com uma sala de degustação que comporta até 15 pessoas. Mas o trabalho pela multiplicação do hábito de tomar vinho não está preso ao espaço físico. A Sommelier também é responsável pela carta de pelo menos 150 restaurantes da capital gaúcha. "É possível encontrar nossos rótulos no elegante Hashi ou mesmo em uma das galeterias mais simples da cidade", orgulha-se Cledi Sodré, proprietário da loja.

"O grande desafio é apresentar uma carta que seja atrativa para o consumidor oferecendo uma variedade de regiões, uvas e produtos", ensina. O empresário acredita que uma boa carta deva trazer, na medida do possível, bebidas que sejam muito acessíveis custando algo em torno de até R$ 12. Esse valor ajudaria a popularizar a bebida no país e faria com que o brasileiro se tornasse um cliente cativo de lojas especializadas. Nem mesmo na região sul, polo produtor da bebida, esse hábito não é lá muito arraigado. "O gaúcho, em geral, afirma conhecer vinho, mas não consome na mesma proporção que deveria", atesta Sodré. Prova disso é confrontar o número de lojas especializadas em Porto Alegre, por exemplo, com Curitiba. São cerca de sete na capital gaúcha enquanto na dos paranaenses é o triplo. "Oferecer vinho em taça em restaurantes e bares, garrafas baby ou mesmo degustações – ainda que isso não seja o ovo de Colombo – ajudaria muito. Acessibilidade ao produto é a chave deste negócio", prognostica Sodré. Tanto é verdade que a loja oferece vinhos para todos os gostos – e bolsos. O italiano Solaia custa R$ 2.432 enquanto o chileno Errázuriz Reservado Carménère sai pela bagatela de R$ 27,90.

No portfólio da Sommelier estão nada menos que 1200 rótulos – duas centenas deles nacionais. Entre as possibilidades verde-e-amarelas estão produtos da vinícola Aracuri, de Muitos Capões, e da Almaunica, de Bento Gonçalves. Sodré tem o costume de procurar por raridades de pequenos produtores ao redor do mundo. Um exemplo é o Rosso di Montalcino Argiano (R$ 198), da Toscana, que traz em sua composição a Sangiovese. Esse vinho apresenta uma cor vermelha rubi intensa. De corpo médio, possui uma boa concentração no palato. Na boca, é elegante e bem balanceado com sabores fascinantes de frutas vermelhas, violetas, mentol e terrosos. “É um vinho generoso com taninos suaves e aveludados que satisfará os amantes da casta Sangiovese. Na mesa, combina perfeitamente com carnes vermelhas, vitela, bruschettas, queijos e massas de todo tipo”, sugere Sodré. A Sommelier também procura mesclar vinhos pouco conhecidos com aqueles de maior prestígio como os clássicos europeus de Bordeaux. Mas há possibilidades de encontrar representantes do Canadá, Grécia e o até o distante Marrocos.

Viagem pela Itália
Ao visitar a Sommelier, é possível passear pelo mundo sem sair do lugar. Uma pequena amostra disso é o exercício que foi feito pelos membros da Bom Vin, confraria que reúne jornalistas especializados no segmento, na terça-feira (14). A degustação às cegas iniciou pelo Chianti Fattoria Scannano (R$ 85), da safra 2012, feito com a casta Sangiovese, na Toscana. Os aromas são intensamente frutados, com notas de cereja preta, cereja e balsâmico. O sabor é pleno, macio e com discreta persistência. É versátil e fácil de beber e combina com massa ao molho de tomate. Depois, foi servido o Valpolicella Clássico Villa Spinosa DOC (R$ 89), de Verona. Villa Spinosa está situada em Jago, entre Negrar e Marano, numa das melhores áreas para a produção de Valpolicella. A exposição excelente, um microclima favorável, a boa composição do solo e altitude ideal fazem deste um ambiente perfeito para uvas, cerejas e azeitonas. Rodeada por um jardim de estilo italiano, a Villa foi construída por volta dos anos de 1800 pelo engenheiro Giacomo Guglielmi, predecessor da família Spinosa.  Em 1980, Enrico Spinosa deu início a uma atrevida obra de recuperação. Com a reforma das casas rústicas, da vinícola, implantação de novos vinhedos e, por fim, transformou a antiga empresa familiar em moderna e racional, através da harmonização de todos os processos desde a vinha até a garrafa. A Azienda Vinícola Villa Spinosa possui 18 hectares de vinhedos, que dão origem a produtos singulares como esse rótulo que apresenta notas intensas de frutas vermelhas como cerejas.

O terceiro rótulo da noite foi outra casta típica do Bel Paese: o Primitivo di Manduria SUD, da safra 2010 (R$ 118), da vinícola Feudi di San Marzano, de Puglia. Esse vinho tem aroma opulento que lembra cerejas maduras e ameixas, com notas agradáveis de cacau e baunilha. É estruturado, de toque macio típico do Primitivo, que termina com notas de doçura e com um final intenso. Esse vinho é o par ideal de carne de porco defumada ou um prato a base de bacon. O siciliano Sedara Nero Davola (R$ 110), da vinícola Donnafugata,  foi o quarto da série. Com mais de 150 anos de tradição na produção de vinhos na região, a Família Rallo criou o projeto Donnafugata, em busca da máxima qualidade. O nome é uma citação literária do romance Il Gattopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, depois transformado em filme por Luchino Visconti, uma homenagem de uma família comprometida com vinhos e cultura. Com muita competência, os Rallo elaboram vinhos finos e modernos com uvas autóctones como a Ansonica Branca e a Nero DAvola, a uva tinta mais representativa da Sicília. Esse rótulo apresenta coloração rubi com reflexos granada, nariz de boa intensidade com sensações de tabaco, especiarias e notas minerais. Na boca remete a frutas, principalmente cereja e amora com final de boca persistente.

Por fim, foi degustado o Gattinara Travaglini DOCG 2006 (R$ 210), feito com a casta Nebbiolo, na região do Piemonte. A Travaglini é uma vinícola histórica local. Fundada em 1920, é detentora de 55 dos 90 hectares da minúscula comuna de Gattinara, menor DOG da Itália. A qualidade de seus vinhos, produzidos manualmente até hoje, é tão notável que lhe permitiu posição de destaque entre a concorrida lista dos Top 100 de 2007 da Wine Spectator. Vinho tinto referência na DOCG Gattinara, esse 100% Nebbiolo revela grande complexidade aromática e elegância. Destacando-se por notas de frutas vermelhas e toques florais, possui grande aporte de tabaco e toques de couro. No paladar é encorpado e estruturado, com taninos finos e firmes e boa acidez. O vinho passa 24 meses em barris de carvalho da Eslovênia e três meses de afinamento em garrafa antes de ser comercializado. Esse clássico piemontês harmoniza muito bem com ossobuco acompanhado de polenta. No total, a loja tem à disposição dos clientes cerca de 250 rótulos italianos. A Sommelier Vinhos recebe pedidos de todo o Brasil através de seu site.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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