O amor não escolhe organograma

Mal inicia o mês de junho e o comércio, a programação da TV, as promoções nos restaurantes e tantos outros apelos de marketing não nos deixam imunes quanto ao clima de romance. Não tem como passa...

Mal inicia o mês de junho e o comércio, a programação da TV, as promoções nos restaurantes e tantos outros apelos de marketing não nos deixam imunes quanto ao clima de romance. Não tem como passar desapercebido que o Dia dos Namorados é comemorado no dia 12 deste mês. Pois bem, muitos ambientes de trabalho propiciam o encontro da “cara metade” e casais resolvem compartilhar a mesma empresa.

Os tempos mudaram
Não faz muito tempo os gestores de Recursos Humanos orientavam que os problemas pessoais deveriam ser tratados da porta da empresa para fora. Hoje isso é simplesmente impossível. Não tem como uma pessoa se desligar, como um autômato, quando assume suas funções no trabalho. Os gestores precisam conhecer inteligência emocional, ter autoconhecimento e saber como se comportar em diferentes ambientes e grupos. Essas variáveis de comportamento também acontecem no relacionamento amoroso. As pessoas não têm o comando de seus sentimentos e, muitas vezes, justamente por conviver muitas horas com a mesma pessoa, acaba se envolvendo amorosamente com um colega do trabalho. Nesse caso, as empresas têm de estabelecer as regras já no momento da integração, na ocasião em que o funcionário ingressa na organização.

Os especialistas recomendam, e minha experiência como consultor em Capital Humano também, que precisamos considerar duas situações: quando o relacionamento já existe e quando ele floresce na empresa. O ideal é que os envolvidos no relacionamento não trabalhem na mesma área caso o relacionamento exista antes da admissão. Os conhecimentos do casal devem se complementar, mas se possível, que um não seja subordinado do outro. Caso seja uma companhia de menor porte, que não oferece muitas alternativas, aconselho é que consigam agir com maturidade e saibam que mesmo estando brigados em casa, é preciso manter o foco no trabalho e no que seu “chefe” – e não parceiro amoroso  ou parceira amorosa – está solicitando na empresa. Na realidade qualquer relacionamento em linha direta, seja de um casal ou de um familiar, acaba comprometendo o resultado dos negócios, pois nem sempre se consegue afastar sentimentos na hora de estipular ou cobrar resultados.

Caso o relacionamento amoroso aconteça depois de um tempo de convívio no ambiente de trabalho, o direcionamento deve ser o mesmo. Caso trabalhem juntos, é preciso maturidade e reconhecimento do quanto cada um interfere no dia a dia do outro. Assim como em qualquer outro ambiente, há que se ter respeito pelos colegas. Demonstrar afeto pode intimidar os colaboradores assim como o sentimento de protecionismo e com relação aos demais funcionários. É preciso ter maturidade e inteligência emocional para que o dia transcorra sem problemas.

Produtividade
Segundo pesquisa divulgada pelo International Stress Management do Brasil (ISMA-BR), a produtividade é elevada quando casais trabalham juntos. Normalmente, eles compreendem mais o estresse e a carga horária do parceiro. Eu mesmo sou uma testemunha dessa tese. Trabalhei muitos anos com minha esposa Miriam. Sempre tivemos o cuidado de não levar os problemas de casa para o trabalho, mas o contrário acontecia. Isso não era negativo, pois tínhamos mais tempo para analisar e mais liberdade para debater. Essa situação também nunca nos afetou no sentido de ocupar todo o nosso tempo pessoal. Tínhamos nossos momentos de namoro e conversas sobre os filhos e amenidades. Ressalto que, para isso acontecer, foi preciso ter maturidade e complementaridade tanto nos conhecimentos do trabalho e do relacionamento. No nosso caso, posso afirmar que a confiança e admiração um pelo outro nutriam nossos dias tanto em casa como na rotina da empresa.

Quando a situação não é positiva
Em alguns casos, a falta de limite e a rotina voltada somente para o trabalho pode ser prejudicial para o casal que trabalha junto. Outro fator é quando o casal é genioso, pois é difícil que um ceda quando discorda e isso pode afetar as decisões que envolvem gestão da empresa. Nesses casos, o excesso de convivência deve ser muito bem administrado para que não ocorra um desgaste na relação. Procurar interesses individuais, cursos, academia, passeio com os amigos, enfim, algum espaço que seja somente da pessoa pode ajudar na relação. Conviver em harmonia, tanto no trabalho quanto em casa, requer sensibilidade e cuidado com o outro. Para conviver em um ambiente de trabalho com a pessoa que amamos, além desses itens citados, precisamos ser habilidosos ao passar do papel de casal para o de colega de trabalho ou sócio.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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