R.I.P. BlackBerry

Recentemente, a imprensa noticiou que, depois de meia década de agonia, a BlackBerry deixará, enfim, de fabricar smartphones (leia aqui). O ocaso da RIM, sua controladora, é muito representativo de como funcionam as coisas na indústria da tecnologia....
R.I.P. BlackBerry

Recentemente, a imprensa noticiou que, depois de meia década de agonia, a BlackBerry deixará, enfim, de fabricar smartphones (leia aqui). O ocaso da RIM, sua controladora, é muito representativo de como funcionam as coisas na indústria da tecnologia. 

Um livro lançado em 2015 (“Losing the signal”, de Jacquie McNish e Sean Silcoff)  descreve os atributos que fizeram do BlackBerrie um sucesso: ser uma versão bastante melhorada, à época do seu lançamento, dos dispositivos que tentavam levar o computador para a palma da mão, mas não o faziam a contento. 

A RIM nadou de braçada no mercado que criou até a chegada do iPhone, em 2007. O telefone da Apple vinha com outra proposta, na qual, aliás, os líderes do BlackBerry não punham muita fé: tela sensível ao toque – o que exigia toda uma adaptação do usuário –, navegador, e-mail e mais praticamente tudo o que um computador convencional oferecesse. 

Um conjunto de utilidades que, inevitavelmente, consumiria bateria e tornaria lentas as conexões de internet, como bem imaginavam os engenheiros da RIM, mas também proporcionaria diversão aos seus proprietários – coisa que um BlackBerry era incapaz de fazer. Durante um período, os gadgets se especializaram: BlackBerries para o ambiente profissional e iPhones para a vida pessoal. 

Porém, logo se criou em torno dos smartphones à la Apple uma infinidade de aplicativos, bem como floresceram as redes sociais, enquanto os aparelhos da RIM permaneciam isolados em uma espécie de bolha digital. Daí para as áreas de TI das empresas incentivavam funcionários a usarem seus dispositivos pessoais no ambiente de trabalho, foi um pulo. iPhones, Samsungs Galaxy, Motorolas Razrs e equivalentes estavam liberados entre os executivos, relegando o BlackBerry à irrelevância. 

Jacquie McNish, co-autora de “Losing the signal”, afirmou que o caso RIM/BlackBerry reflete a atual “(...) era de ruptura constante. Não importa onde você esteja, há um jeito novo de fazer as coisas que é mais eficiente, que desafia o jeito antigo”. 

Realmente, se existe algo que assemelha as companhias de tecnologia, hoje, é o fato de concentrarem seus esforços na inteligência por trás dos dispositivos que desenvolvem, e não na manufatura, geralmente terceirizada para países emergentes (sem falar nos criadores de aplicativos, que nem disso precisam). Como consequência, as barreiras de entrada do setor caem e permitem o surgimento de players menos conhecidos e nem sempre ao alcance do radar da concorrência. Daí ser mais importante manter-se capaz de monitorar o mercado, adivinhando preferências dos consumidores, acompanhando o movimento dos rivais e transformando insights em pesquisa e desenvolvimento, do que imobilizar capital em grandes ativos físicos. 

Nesse contexto todo, o que mais surpreendeu com o anúncio do fim da produção do BlackBerry foi a demora da decisão  ser tomada. O produto perecia há uns quatro anos, pelo menos. Que descanse em paz.


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Quarta, 11 Dezembro 2024

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