Anfavea prevê recuo de 40% nas vendas de veículos novos neste ano

A comercialização de automóveis tende a ser a mais prejudicada pela crise econômica originada pela pandemia do coronavírus
O único dado positivo de maio foi o crescimento de vendas de 23,3% das máquinas agrícolas, na comparação com o mesmo mês de 2019

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresentou nesta sexta-feira (5) suas perspectivas para o fechamento de vendas neste ano. O prognostico inicial dá conta de uma queda de 40% para o conjunto dos veículos novos, composto por automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. No cenário apresentado pelo presidente Luiz Carlos Moraes, o total de licenciamentos será de 1,6 milhão de veículos. No ano passado, foram licenciados 2,7 milhões de unidades. "A queda impressiona, e é ainda mais grave na comparação com o resultado de 3 milhões que havíamos projetado no início do ano, configurando um tombo de 45%", ressaltou.

As vendas de automóveis tendem a ser as mais prejudicadas pela crise econômica originada pela pandemia da Covid-19. Caminhões deverão cair menos por conta de alguns setores que estão demandando maior nível de transporte, sobretudo o agronegócio. Segundo Moraes, ainda não é possível projetar com maior precisão a queda na produção, pois ela também depende do cenário das exportações, que continua nebuloso. O mesmo vale para o setor de máquinas, até agora o menos impactado pela crise. Para Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da entidade e responsável pelo setor de máquinas agrícolas, essa projeção dependerá do Plano Safra, que deverá ser anunciado no dia 15 deste mês. "Temos de aguardar as condições, principalmente de juros e orçamento, para elaborarmos um cenário para esse setor", declarou.

Auxílio
Moraes adiantou na coletiva que os bancos das montadoras já estão tratando diretamente com o Banco Central o acesso de uma linha específica que deverá ser liberada nas próximas semanas. A cadeia de fornecedores e as redes de concessionárias foram contempladas com a MP 975, que institui o Programa Emergencial de Acesso a Crédito. O objetivo é facilitar o acesso a por meio da disponibilização de garantias e de preservar empresas de pequeno e de médio portes diante dos impactos econômicos decorrentes da pandemia de coronavírus. O Programa Emergencial de Acesso a Crédito é destinado a empresas que tiveram receita bruta superior a R$ 360 mil e inferior ou igual a R$ 300 milhões no ano passado. A MP autoriza a União a aumentar em até R$ 20 bilhões a sua participação no Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), exclusivamente para a cobertura das operações contratadas no âmbito do Programa Emergencial de Acesso a Crédito. "Como esse fundo garante até 80% de cada operação, agora falta o BNDES e os agentes financeiros operacionalizarem isso. Agora os bancos passam a ter uma responsabilidade muito grande para fazer com que a economia saia do buraco, pois parte do risco já está coberto", defendeu Moraes. Agora, a Anfavea segue debatendo com integrantes do Ministério da Economia formas de monetizar créditos tributários, algo que traria alívio para o caixa das montadoras.

Maio negativo
Os resultados de maio foram melhores que os de abril, o que não chega a configurar uma boa notícia, já que o mês anterior foi o de paralisação quase completa das fábricas e das concessionárias por todo o país. Na comparação com o mesmo mês de 2019, houve queda de 84,4% na produção de veículos (43,1 mil unidades produzidas), de 63,9% na de caminhões (4,1 mil unidades) e de 29,5% na de máquinas agrícolas e rodoviárias (3,6 mil unidades). As exportações de veículos registraram recuo de 90,8%, e de 39,4% no caso de máquinas.

O único dado positivo de maio foi o crescimento de vendas de 23,3% das máquinas agrícolas, na comparação com o mesmo mês de 2019. Nesse quesito, veículos caíram 74,7%, e os caminhões recuaram 47,2%. No acumulado do ano, as vendas de veículos se aproximam de uma retração de 40%, enquanto produção e exportações já encolheram quase 50%. As máquinas acumulam queda da ordem de 30% na produção e nas exportações, mas mantêm estabilidade nas vendas ao mercado interno. "Embora junho sinalize algum retorno mais efetivo às atividades, teremos sem dúvida o pior trimestre da história do setor automotivo. Resta esperar por uma reação no segundo semestre capaz de evitar maiores danos à cadeia automotiva", avalia Moraes.

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Sexta, 29 Março 2024

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