Sul poderá voltar a assumir a vice-liderança do consumo em 2026
Depois de dois anos, o Sul caiu uma posição na proporção de consumo no Brasil, dando lugar ao Nordeste. Ao todo, as famílias brasileiras deverão movimentar R$ 8,1 trilhões, uma alta de 3% na comparação com 2024, revela o levantamento anual da consultoria IPC Maps. O ranking é liderado pelo Sudeste. A região Sul deverá responder por 18,51% do consumo brasileiro neste ano, apenas 0,08 ponto percentual atrás do Nordeste. A diferença entre a expectativa de consumo entre as regiões Nordeste e Sul é de aproximadamente R$ 7 bilhões.
Apesar do empate técnico, algumas diferenças marcam o perfil de consumo de cada região. No Sul, por exemplo, o poder aquisitivo per capita é maior, e a desigualdade social não é tão acentuada quanto nos estados nordestinos, onde a classe A concentra boa parte da renda e a classes D e E são muito expressivas. O pesquisador responsável pela pesquisa, Marcos Pazzini, enfatiza que estão na região Nordeste os menores valores de consumo per capita. "Boa parte do orçamento das pessoas é comprometido com necessidades básicas. Sobra muito pouco para que você faça despesas que não são de primeira necessidade", detalha. Considerando o consumo per capita, no Sul é onde se verificam os maiores valores de consumo. Isso indica uma população melhor distribuída em classes econômicas e permite que haja um consumo maior de produtos com maior valor agregado, como automóveis, por exemplo.
Os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina estão entre os que possuem maior potencial de consumo a nível nacional, atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Para o pesquisador, o cenário é de otimismo para o consumo, com níveis percentuais bem acima aos da economia, apesar da elevada taxa de juros e a alta da inflação. No Rio Grande do Sul, apesar de um crescimento de 1,2% de empresas — perante o crescimento de 4,2% esperado para o Brasil — o resultado é satisfatório, de acordo com Pazzini. "Esperava-se, naquele momento das enchentes, que houvesse um fechamento de empresas tão grande que esse saldo fosse negativo", avalia.
Impulso dos empregos formais
A oferta maior de vagas de emprego formal também influenciou a atual configuração do perfil empresarial do país. Se nos anos anteriores houve um grande aumento na quantidade de empresas abertas, sobretudo de Microempreendedores Individuais (MEIs), em 2025 o crescimento de 4,2% em relação a 2024 foi puxado principalmente pelas Microempresas (MEs) em detrimento das MEIs, cuja quantidade basicamente se manteve. A maior concentração de empresas com relação à população é na região Sul, onde há 150 empresas a cada mil habitantes.
"A melhoria dos níveis de emprego com carteira assinada proporcionou uma garantia de renda ao trabalhador, refletindo diretamente na escalada dos valores de consumo", analisa Pazzini. Em Santa Catarina, estado que possui a menor taxa de desemprego do país (3%), houve uma migração social positiva ao longo do ano passado. Com o aumento dos domicílios nas classes C, B e A (da base para o topo), isso levou a um impacto no potencial de consumo.
Quantidade de empresas evidencia potencial de crescimento
No Paraná, houve um aumento nos valores de consumo na população abaixo do que se verifica no Brasil e no Sul. Em contrapartida, a quantidade de empresas foi maior que a média de empresas no Brasil e no Sul (4,3%) "Esse é um cenário que promete que para 2026/2027 onde o estado possa novamente ter um crescimento no nível do Brasil, ou até acima", aponta o pesquisador. Além disso, o número de domicílios das classes D e E avançou 2,5% no Paraná. "Quando você tem um aumento nessas classes econômicas, você tem uma tendência da diminuição dos valores de potencial de consumo", explica Pazzini.
Pazzini projeta que será uma questão de tempo para o Sul voltar a ocupar a segunda posição no IPC Maps. "Se o Real continuar desvalorizado e se o incentivo ao turismo interno persistir, com o país recebendo turistas estrangeiros, isso vai demorar um pouco mais a acontecer. Porém, se houver valorização da moeda brasileira nos próximos períodos, pode ser que já no ano que vem a região Sul volte a ocupar a vice-liderança", prevê.
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