Deflação no Brasil, mas o vinho segue com o preço nas alturas

Índice da bebida em Porto Alegre no mês passado é quase o dobro da média nacional e praticamente o triplo no acumulado anual
O vinho não subiu ainda mais por conta dos estoques adquiridos em dólar com uma cotação anterior menor em relação ao real

O mercado vinícola vive uma contradição. Enquanto o Brasil vive um novo período evidenciando pela deflação (queda de preços), tendo em vista a retração da demanda, o consumidor vê desde fevereiro a bebida em uma espécie de "curva exponencial" – para usar um termo que entrou na rotina com a chegada do coronavírus no país. Em abril, o vinho subiu 4,4% no Brasil. No acumulado anual, o produto já acumula alta de 5,1%. O vinho servido em restaurantes deflacionou no primeiro quadrimestre (-2,44%), mas subiu 0,64% no mês passado (lembrando que, pela metodologia do IBGE, esse item é apenas pesquisado na cidade do Rio de Janeiro).

Para o IBGE, quem puxou a inflação para cima no mês passado foi justamente o grupo de alimentação e bebidas (+1,79%), que segue aumentando e acelerou em relação ao resultado de março (+1,13%). "Há uma relação da restrição de oferta, natural nos primeiros meses do ano, e do aumento da demanda provocado pela pandemia de Covid-19, com as pessoas indo mais ao mercado, cozinhando mais em casa", revelou nesta manhã de sexta-feira (8) o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Entre as capitais pesquisadas, Porto Alegre foi a que mais imprimiu um índice galopante nos preços: 8,71% em abril (o dobro da média nacional) e 14,56% no acumulado anual (quase o triplo do IPCA do produto no ano). Os curitibanos sofreram bem menos (veja todos os índices nas tabelas a seguir, juntamente com a comparação com o grupo de alimentação fora e dentro dos domicílios).

Uma das razões para o amargo reajuste da bebida foi o dólar. A moeda norte-americana acumula alta de 45,5% até quinta-feira (7). Nesta sexta, a divisa fechou cotada a R$ 5,74. De acordo com o relato de uma especialista ouvida pelo Cepas & Cifras, o vinho não subiu ainda mais por conta dos estoques adquiridos em dólar com uma cotação anterior menor em relação ao real.


Quarentena
Desde a implantação da quarentena, o Brasil tem experimentado uma elevação considerável do consumo de vinhos, principalmente via e-commerce. Não há dados oficiais sobre o real aumento da comercialização dos rótulos, mas algumas vinícolas do Sul já colheram bons frutos. A Miolo comemora um aumento de 62% nas vendas on-line em abril, se comparado ao mesmo período do ano passado. Março também fechou em alta com um acréscimo de 52% sobre o mesmo mês de 2019.

A marca, que já atua há oito anos com loja virtual, vem intensificando ações para aumentar a representatividade do e-commerce. Segundo Eduardo Lapenda, responsável pelo setor, o objetivo é chegar a 10% em até cinco anos. "Acreditamos que as vendas on-line deverão seguir em alta nos próximos meses. Estamos trabalhando em numa nova plataforma e na oferta de kits que atendam a demanda deste consumidor que está em casa, ampliando e qualificando a experiência de cada cliente", comenta. Uma das estratégias adotadas pela Miolo para o enfrentamento da Covid-19 foi de oferecer frete grátis em todo território nacional para compras acima de seis garrafas. A loja virtual disponibiliza todos os rótulos da vinícola: entre vinhos e espumantes são 120.

Veja mais notícias sobre CoronavírusEconomia.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 25 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br/