Sanepar: especial cuidado com as águas do Paraná
O case a seguir faz parte do livro “Paraná – Grandes Marcas”, publicado pelo Instituto AMANHÃ.
Na metade do século XIX, a população de Curitiba se abastecia nas águas do bebedouro da rua Fechada, atual Largo da Ordem. A demanda foi tão grande que a intendência da capital precisou instalar um chafariz público na Praça Zacarias, ligado com o olho d’água que existia na Praça da Misericórdia, hoje Rui Barbosa. A inauguração do primeiro sistema de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto, em 1908, marcou o começo de um período em que foram alicerçadas as bases do saneamento básico na capital.
Com o crescimento de Curitiba – que passou de quase 50 mil habitantes em 1908 para aproximadamente 78 mil em 1920 –, foi necessário investir ainda mais em saneamento básico. Em 1919, o engenheiro Saturnino de Brito foi contratado para dar o pontapé inicial na ampliação dos sistemas de água e de esgoto da capital. A inauguração do Reservatório Batel, em Curitiba, e a criação do Departamento de Água e Esgoto, em 1928, coroaram o começo da expansão da rede pelo Paraná.
Entre 1934 e 1942, Ponta Grossa, Jacarezinho, Cambará, Irati e Morretes passaram a ter serviços de saneamento básico. A inauguração de duas estações de tratamento de água em 1945 – uma em Curitiba, outra em Castro – reforçou esse movimento de expansão.
No fim da década de 1950, a Estação de Tratamento de Água do Tarumã começou a utilizar flúor, fazendo de Curitiba a primeira capital do país a usar tal processo. Em 1963, o governador Ney Braga sancionou a lei que criou a Agepar (Companhia de Água e Esgotos do Paraná) e, no ano seguinte, a Agepar tornou-se Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná).
Atualmente, a rede da Sanepar atende a 345 municípios paranaenses e a um município em Santa Catarina. Se os 88,1 mil km de rede coletora de esgoto e de rede de distribuição de água fossem colocados em linha reta, seria possível completar duas voltas inteiras em torno do planeta Terra.
Inovação na prática
Planejar, inovar e agir são três verbos comuns para a Sanepar. A instituição se preocupa não apenas com a inovação nos processos, mas também em colocar os projetos em prática. “A companhia tem a capacidade de inovar e, ao mesmo, responder com agilidade às mudanças do mercado”, afirma Ricardo Soavinski, presidente da Sanepar. São 7 mil funcionários empenhados nesse espírito que fez da Sanepar uma das Campeãs da Inovação no ranking desenvolvido pela Revista AMANHÃ.
Para fornecer água tratada à população, atualmente, a Sanepar opera 166 estações de tratamento de água, mais de mil poços, quatro barragens e mais de 52 mil km de rede de distribuição. Quando a água retorna para a Sanepar como esgoto doméstico, por mais de 35 mil km de tubulação, o trabalho de tratar esse resíduo antes de devolvê-lo ao meio ambiente é feito em 243 estações de tratamento de esgoto.
A Sanepar realiza continuamente análises cumprindo com o compromisso de entregar água de qualidade à população e tratar de forma ambientalmente adequada o esgoto coletado, conforme prevê a legislação. Para isso, a empresa tem 182 laboratórios descentralizados de água, 20 laboratórios regionais de esgoto e quatro laboratórios centrais, em Maringá, Londrina, Cascavel e Curitiba. Este, possui a mais moderna infraestrutura da América Latina.
Em uma iniciativa de diversificação das fontes de receita, a Sanepar vem consolidando o negócio de gestão de resíduos sólidos urbanos, que complementa o ciclo do saneamento ambiental. Atualmente, a companhia é responsável pela gestão de três aterros sanitários em Apucarana, Cianorte e Cornélio Procópio. Todo o volume coletado é tratado e tem a destinação correta, como estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Com essa grande estrutura, a redução do consumo de energia elétrica é, hoje, um dos grandes desafios da Sanepar e de outras empresas de saneamento de porte semelhante. Por isso, além do processo consolidado de geração de energia elétrica a partir do biogás na Estação de Tratamento de Esgoto Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, a Sanepar está investindo em usinas experimentais de geração fotovoltaica nas estações de tratamento de água Miringuava (São José dos Pinhais) e Tibagi (Londrina), e na estação de captação de água Passaúna (Curitiba). A energia gerada será consumida pelas próprias unidades, e o excedente, quando houver, injetado na rede de energia da concessionária local.
Produzir energia elétrica a partir do lodo de esgoto e de outros materiais orgânicos é outra inovação em curso na Sanepar em parceria com a Cattalini Bioenergia, que juntas formaram a CS Bioenergia. A unidade de biodigestão está instalada ao lado da Estação de Tratamento de Esgoto Belém, em Curitiba. A previsão é gerar, a partir de 2018, 22,4 GW/h (gigawatt-hora) de energia elétrica.
Sustentabilidade e educação socioambiental
Se o verbo da Sanepar é inovar, o substantivo da companhia pode ser ‘sustentabilidade’. Comprometida com ações socioambientais, a companhia tem uma política ambiental que busca atingir a sustentabilidade em suas atividades. Uma dessas ações é o inventário de gases de efeito estufa, iniciado em 2008. O estudo segue as especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol – EPB, desenvolvidas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o World Resources Institute (WRI).
A Sanepar coordena o grupo gestor do Rio Iguaçu, o maior do estado, buscando articular iniciativas de revitalização, despoluição e preservação. O Rio Iguaçu nasce na Serra do Mar, desemboca no Rio Paraná e abarca 109 municípios e mais de 40% da população paranaense. Já o Programa de Revitalização de Rios Urbanos é mais uma iniciativa de conservação dos recursos hídricos. Ao monitorar a qualidade da água de rios e córregos, a Sanepar também consegue identificar situações em que é preciso atuar contra ligações irregulares de esgotos e de vazamentos na rede coletora.
Projetos de educação socioambiental são peça importante para a maior eficiência dos trabalhos da Sanepar. O programa “Se Ligue na Rede”, desenvolvido nas bacias onde a companhia recém implantou sistemas de esgoto, realiza abordagens nas casas dos moradores e instrui sobre os benefícios ao ambiente quando o imóvel é ligado com a rede coletora de esgoto. Até agosto de 2017, o programa atendeu aproximadamente a 262 mil famílias.
A conscientização ambiental começa na escola. Pensando nisso, a Sanepar criou o projeto “Sustentabilidade: da Escola ao Rio , que leva estudantes a coletar a água, monitorar sua qualidade e depois apresentar os resultados da pesquisa, além de participarem do plantio de árvores nativas. Desde 2013, já foram mais de 521 ações socioambientais, envolvendo mais de 10 mil pessoas em 30 municípios do Paraná. A companhia também criou o “Eco Expresso”, um ônibus itinerante que roda o estado. Em seu interior, uma maquete apresenta o caminho da água desde a nascente até a chegada aos domicílios, mostrando como funcionam os serviços de tratamento de água, de esgoto e de resíduos sólidos.
Para o futuro, a Sanepar foca a expansão dos serviços de esgoto aos clientes de água em todo o Paraná. Além disso, a companhia estuda entrar em linhas de atuação relacionadas às atividades comerciais, como produção e distribuição de água para fins industriais e expansão do serviço de tratamento de resíduos sólidos.
Muito já foi feito desde os primeiros bebedouros que forneciam água aos curitibanos, mas a história do saneamento no Paraná ganha cada vez mais novos capítulos. A população continua com a mesma demanda dos tempos da rua Fechada: quer acesso à água potável, essencial para a vida humana. E a Sanepar seguirá trabalhando para levar o mesmo serviço de qualidade que os paranaenses conhecem há mais de meio século.
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