Investimento estrangeiro direto: boas notícias para 2017
Enquanto a economia brasileira dá sinais ainda lentos de recuperação, um indicador econômico importante parece não ter sido muito afetado pelas crises sequenciais do mercado financeiro e políticas dos últimos três anos. O Investimento Estrangeiro Direto (IED) teve resultados otimistas em 2016, com a soma de US$ 78 bilhões injetados no país. Para este ano, o Banco Central estima que o indicador vá se manter na casa dos US$ 70 bilhões, o que ainda é um sinal positivo visto que os analistas financeiros projetam 2017 como o período que financiará a retomada da economia para 2018 e 2019.
São vários motivos que explicam a manutenção do IED quase que estável num contexto global em que os grandes líderes perderam posições no ranking. Em resumo, é uma combinação tupiniquim de juros altos, empresas mais baratas que facilitaram a compra e venda de ativos das empresas nacionais, o reinvestimento de lucro nas subsidiárias brasileiras e empréstimos das matrizes estrangeiras como forma de sustentar as operações globais nos mercados emergentes que, particularmente, sofreram grande impacto nos últimos três anos – como é o caso do Brasil.
Olhando no detalhe da participação do país nos BRICS, o grupo, que amargou uma redução da participação global de investimento estrangeiro para 15% em 2015, revela uma informação importante no que diz respeito às taxas de crescimento do IED. A Índia, por exemplo, que cresce a percentuais maiores que a China, beirando os 7%, ficou atrás do Brasil e em décimo lugar no ranking mundial, sendo que terminamos 2016 na sexta posição. Somado a isso, a China viu seu IED despencar de 32% para quase 20% ainda em meados do ano passado. Os números mostram que, dentro do BRICS, apesar das taxas baixas de crescimento, o Brasil continua consistente no seu papel de principal receptor de investimentos estrangeiros – assim como é líder na América Latina – por conta da percepção de segurança institucional, diferentemente de países como Rússia e China, e da consistência dos mercados consumidores brasileiros no médio e longo prazos.
Internamente, a diminuição da taxa de juros, que tende a atingir a casa de um dígito até o final do ano, pode ser um empecilho para que o IED se mantenha estável – uma vez que as operações de empréstimos e reinvestimento de lucro intercompanhias deixarão de ser tão atraentes. Mas o fluxo contrário pode demonstrar que a instalação de um ambiente de maior segurança econômica aumente o interesse de empresas que estão mirando a recuperação de fato em 2018 e 2019.
*Responsável por processos de gestão e desenvolvimento de negócios do escritório Küster Machado.
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