Dias difíceis para a Casas Bahia
O maior grupo de varejo eletroeletrônico do país, a Via Varejo (VVAR11), dona da Casas Bahia (foto) e Ponto Frio, passa por dias difíceis. Um ambiente macroeconômico desafiador deixou a varejista em terreno turbulento. Os primeiros sinais de sufoco vieram na BM&FBovespa. Desde a metade de maio, os papéis da companhia desabaram 37% no mercado, renovando na véspera a mínima histórica, em meio à uma série de revisões para baixo nas projeções de bancos e corretoras para os próximos resultados da empresa. Um quadro complicado que culminou agora com o corte de 3 mil vagas entre maio e junho, segundo uma reportagem de terça-feira (23) do Valor Econômico.
Nos últimos relatórios, analistas já vinham alertando para um cenário de vendas pior do que o esperado no ano. O JPMorgan, um dos últimos bancos a rebaixar a empresa, comentou que os consumidores têm sido mais avessos a se endividar, mesmo no curto prazo, dado a perspectiva negativa para a economia e o menor nível histórico de confiança do consumidor, em vista de desempregos crescentes e, por conta disso, estimava uma queda de 3% nas vendas da empresa em 2015, na comparação com o ano passado. No começo deste mês, o banco cortou a recomendação dos papéis de overweight (desempenho acima da média) para neutra, passando o preço-alvo de R$ 23 para R$ 19 por ação.
Uma justificativa que também se aplica agora com os cortes das vagas. Segundo o Valor, a desaceleração das vendas neste ano, com a pressão maior das despesas operacionais sobre os resultados, teria levado o grupo a tentar ajustar a operação ao atual cenário do mercado. Uma das medidas foi fechar vagas dos empregados que pediram desligamento. Parte do ajuste também envolve demissões de funcionários em áreas ligadas ao setor administrativo. Ajustes que não isolam apenas a companhia. Recentemente, grandes varejistas também fizeram redução do quadro de pessoal, como a C&A e a Lojas Marisa (AMAR3). Procurada pelo jornal, a Via Varejo disse que, em um quadro de 65 mil colaboradores, existe uma movimentação natural ao longo do ano e a empresa administra um "turnover" de cerca de 25%, percentual abaixo da média de varejo.
No médio prazo, no entanto, analistas ressaltam que a companhia não conseguirá se isolar do cenário de deterioração na economia. Em relatório divulgado na metade deste mês, o Santander avalia que a empresa teve um bom desempenho nos últimos anos e criou novas operações para o varejo de bens duráveis, mas, inevitavelmente, a piora no ambiente macroeconômico afetará os resultados no médio prazo. O banco também cortou a recomendação da varejista de compra para neutra. Recentemente, a Via Varejo anunciou que está retornando ao Rio Grande do Sul depois de ter fechado todas as suas lojas no final de 2009. Leia aqui a análise do consultor Hermes Ghidini sobre esse movimento.
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