“Com definição política, setor se recuperará”, prevê Moan

Quando chegou à presidência da Anfavea em 2013, Luiz Moan (foto) já esperava enfrentar um ciclo de menor pujança para o setor automotivo que, beneficiado por uma série de medidas de incentivo do governo federal nos anos anteriores, havia vivido um pe...
“Com definição política, setor se recuperará”, prevê Moan

Quando chegou à presidência da Anfavea em 2013, Luiz Moan (foto) já esperava enfrentar um ciclo de menor pujança para o setor automotivo que, beneficiado por uma série de medidas de incentivo do governo federal nos anos anteriores, havia vivido um período de atração de investimentos e de alta demanda. Moan só não tinha ideia que a proporção dos problemas seria muito maior do que imaginava, em uma conjuntura que somou dificuldades econômicas com graves crises políticas. Durante seu mandato, o mercado perdeu quase um terço das vendas. Os últimos números que Moan apresentou como presidente da Anfavea, cargo do qual se despede no final desta semana, não foram nada animadores: de janeiro a março a produção de veículos foi a menor em 13 anos. As vendas, no mesmo período, caíram 28,6% na comparação com o ano passado. Mas o economista e diretor de assuntos institucionais da General Motors (GM) – de onde também se retira em maio, quando se aposenta – se despede do mandato orgulhoso do trabalho feito e confiante na recuperação do setor.

Moan aposta que no último trimestre deste ano ou, no mais tardar, nos primeiros meses de 2017, o mercado brasileiro estará recuperando a previsibilidade e, assim, resgatando o apetite do consumidor pelos automóveis. Três indicadores, segundo ele, apontam para este caminho de recuperação. O primeiro é o saldo positivo da balança comercial brasileira. Depois, a estabilização e a tendência de queda da inflação que, por consequência, refletiria no recuo da taxa Selic. E, por último e não menos importante, o encaminhamento de uma definição para a questão política. Para a previsão se confirmar, no entanto, Moan admite que será necessário que a definição sobre o processo de impeachment chegue ao final ainda em maio deste ano.

Se as incertezas políticas podem determinar o andamento do mercado interno, elas não devem afetar o desenvolvimento dos acordos comerciais internacionais em andamento que beneficiam diretamente o setor automotivo. “Não há nenhum receio em relação a isso. Independentemente de quem estiver no governo, os acordos continuam. É uma política de Estado”, afirmou Moan nesta segunda-feira (18) durante encontro com jornalistas em Porto Alegre. No momento, o governo brasileiro negocia a criação de um acordo de livre comércio com o Peru e a renovação do acordo automotivo com a Argentina, que expira em junho. Estão em discussão ainda novos entendimento com o Equador e a ampliação da relação com o México e Estados Unidos. Há também a possibilidade de se concretizar uma encomenda do Irã de mais de 200 mil veículos leves, ônibus e caminhões. Também está prevista para maio uma troca de ofertas entre o Mercosul e a União Europeia  que pode originar um pacto de 15 anos.

O mercado internacional tem sido uma porta de saída importante para o setor durante o período de vacas magras no cenário doméstico. As exportações, em unidades, aumentaram 24% no primeiro trimestre deste ano e tem sido responsáveis por absorver 20% do total produzido no Brasil. A retomada das exportações foi um dos focos da gestão de Moan, que costurou novos acordos com Uruguai e Colômbia e iniciou a relação com países africanos para a compra de máquinas agrícolas. Apesar do aprimoramento das relações com outros países, o novo presidente da Anfavea, Antonio Megale, diretor de assuntos governamentais da Volkswagen, continuará enfrentado números negativos no Brasil. A associação espera retração de 7,5% no volume de licenciamentos para algo em torno de 2,3 milhões de veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. No momento, a ociosidade das fábricas de automóveis é de 50% enquanto na de caminhões é de 80%.

Porém, o ainda presidente Luiz Moan é bastante confiante no futuro do setor. Segundo ele, o mercado nacional possui potencial de crescimento e de aumentar o seu índice de motorização. “Para nos igualarmos a Argentina, por exemplo, onde a proporção é de um carro para cada três habitantes, temos espaço para colocar mais 25 milhões de automóveis na rua”, explica o executivo ao identificar no país o crescimento da procura por automóveis nas cidades pequenas. A prova de confiança no potencial do mercado brasileiro está também nos R$ 88 bilhões previstos em investimentos pelas montadoras associadas da Anfavea entre 2012 e 2018 e que, segundo ele, mesmo com os contratempos dos últimos anos “não teve um centavo sequer cancelado”.  Com a aposentadoria, Moan terá tempo para avaliar se as suas previsões serão mesmo certeiras.

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Domingo, 15 Dezembro 2024

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