Anos 2020 serão “década digital”, prevê Web Summit

Em formato 100% on-line, maior encontro global sobre tecnologia começou quarta-feira e deve reunir 100 mil participantes
“Estamos reescrevendo o livro de regras do mercado digital”, apontou Ursula von der Leyenm

"Bem-vindos à década da mudança." Mais do que uma frase de efeito repetida no vídeo de apresentação da Web Summit 2020, essa declaração deu o tom das palestras e debates neste início de evento, que começou quarta-feira (2). De fato, o maior encontro global sobre tecnologia precisou se transformar: se ano passado mais de 70 mil pessoas foram até Lisboa, em Portugal, para conhecer negócios disruptivos e fazer networking, a pandemia impôs para agora uma edição 100% on-line.

No entanto, essa renovação não diz respeito apenas à experiência do summit. As consequências do coronavírus serviram para catalisar um processo de inovação que já andava a passos largos e deve ser ainda mais intenso no futuro. Nos últimos cinco anos, o valor das empresas europeias de tecnologia quadruplicou — somente em 2020, o crescimento foi de 50%. Os dados foram trazidos pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyenm (foto), que inaugurou os painéis do palco central.

"A Web Summit é um orgulho europeu que me dá esperanças de que os anos 2020 serão a 'década digital'", pontuou a líder alemã. O caminho para isso, segundo ela, ainda não está pavimentado, e um dos desafios é a infraestrutura. Em um ambicioso plano de recuperação pós-pandemia chamado Next Generation EU, a Comissão Europeia pretende investir 750 bilhões de euros — sendo que 20% do total será destinado à digitalização do continente. O objetivo é estimular a inovação de diferentes indústrias a partir do uso massivo de dados, em ecossistemas colaborativos e acessíveis.

Para a Comissão Europeia, há uma grande preocupação em transferir para o ambiente on-line a regulação do mundo off-line — da venda de produtos que possam oferecer perigo aos consumidores à propagação de discursos de ódio. "Estamos reescrevendo o livro de regras do mercado digital", apontou Ursula.

Inovação para a saúde e o cotidiano
Durante a abertura do evento, o primeiro-ministro português António Costa admitiu que uma Web Summit digital "é um encontro diferente". "Mesmo assim, o evento mantém o mesmo espírito de aproximar pessoas. São mais de 100 mil participantes discutindo e buscando soluções de tecnologia", ressaltou.

Os efeitos da pandemia não foram tão graves no país quanto em seus pares europeus — como Espanha, França ou Itália. Costa ressaltou o esforço de Portugal em usar sua expertise em tecnologia como um aliado contra a Covid-19. Justamente por isso, foi considerado o principal berço de projetos inovadores no combate à doença, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Para além dos efeitos da pandemia, a Web Summit também se propõe a discutir o impacto da transformação digital em outros âmbitos do cotidiano — como nos hábitos de consumo da população. O CEO e presidente da Paypal, Dan Schulman, concedeu no evento sua primeira entrevista desde que a empresa anunciou a decisão de incorporar criptomoedas à sua plataforma. "Acredito que as moedas digitais vão se popularizar. Todo o mundo está se movendo nessa direção", previu.

Além de Schulman, Costa e von der Leyen, a programação da Web Summit terá personalidades como o CTO do Facebook, Mike Schroepfer, e o fundador do Zoom, Eric Yuan. A programação está dividida em cinco palcos: central, criadores, sociedade, desenvolvedores e um específico sobre Portugal. Ao todo, serão 800 palestrantes para os três dias do evento.

*O Grupo AMANHÃ está presente em mais uma edição da Web Summit. A curadoria da cobertura tem a assinatura da BriviaDez com geração de conteúdo da Critério — Resultado em Opinião Pública.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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