Paraná passa a contar com rede de pesquisa genômica
A Fundação Araucária e a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) lançaram a Rede Paranaense de Pesquisa Genômica. O objetivo do programa é avançar no desenvolvimento de metodologias aplicadas ao diagnóstico e prevenção de doenças de base genética, em especial a Covid-19 e doenças oncológicas. A ação inicia com um investimento de mais de R$ 1,5 milhão da parceria entre a Araucária, Seti e Prefeitura de Guarapuava, além de R$ 312 mil do Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC-Guarapuava) para custeio e pagamento de bolsas de pesquisa de doutorado e pós-doutorado.
O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, explica que a Rede faz parte do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Genômica. "No Paraná, estamos avançando nestas formações de grupos de pesquisas colaborativas por entendermos que somos muito fortes em qualquer área do conhecimento seguindo este formato", enfatizou. O coordenador do curso de Medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e presidente do Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC), David Livingstone Figueiredo, coordenará as ações da Rede Genômica que, também, incluirá a pesquisa básica e aplicada voltada à agricultura e pecuária. De acordo com ele, uma rede estadual é algo inédito no Brasil. Segundo ele, esta integração dos principais estudos e pesquisadores de inovação em genômica com abrangência estadual, não existe no Brasil. Essa junção de pesquisadores nas diferentes áreas que utilizam a plataforma genômica permite a construção de projetos amplos e, especialmente, translacionais.
O expressivo desenvolvimento da genômica após 20 anos da publicação do primeiro sequenciamento do genoma humano possibilitou à comunidade científica acesso a um vasto conhecimento acerca da estrutura e função dos genes, bem como a melhor compreensão da base molecular de numerosas doenças genéticas. Recentemente a Unicentro participou como sócia fundadora do Instituto para Pesquisa do Câncer (Ipec - Guarapuava), que integrará o Napi Genômica. O Instituto é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que desenvolve pesquisa básica e translacional voltada para a prevenção e tratamento do câncer, além de promover a formação de recursos humanos especializados em análise genômica e medicina de precisão.
O coordenador da Rede Paranaense de Pesquisa Genômica, David Livingstone Figueiredo, lembrou que, há alguns meses, a equipe já vem trabalhando com mais de cem pesquisadores em parcerias com universidades de outras regiões do país e de fora do Brasil. "Não há como pensar em medicina ou agricultura e pecuária, personalizada e individualizada, sem que se faça a genômica", afirmou. "Nas últimas décadas, a partir do Projeto Genoma Humano, o impacto na ciência e na agricultura e pecuária foi enorme. Permitindo a abordagem molecular das diferentes doenças e a medicina preventiva. As descobertas e sequenciamento genético das diferentes espécies também impactam na economia", ressaltou.
Entre os pesquisadores que irão colaborar no desenvolvimento de projetos do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação estão os vinculados às universidades estaduais, federais e privadas como a PUC-PR, além dos que já são parceiros do IPEC como pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (FMRP/USP), da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), da Universidade de Illinois (UIC – USA) e da Universidade de Calgary (Canadá).
Primeiros projetos
Genoma Covid-19 – O projeto está em curso e visa associar a variabilidade genômica dos pacientes e das cepas de coronavírus circulantes no Paraná, com a evolução clínica de três grupos de pacientes: aqueles com manifestações clínicas leve, moderada e grave.
Diversidade genômica da população de Guarapuava – O estudo será fundamental para estabelecer as bases científicas para a implementação da medicina de precisão na cidade de Guarapuava.
Estudo da heterogeneidade intratumoral para melhorar a resposta terapêutica – O projeto usará abordagem de sequenciamento genômico de células únicas (single-cell genomics) para conhecer as vias gênicas ativas nos tumores associadas com resistência terapêutica. O projeto será desenvolvido com o início das atividades do Hospital do Câncer São Vicente.
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