Não é só mais um rosto na multidão
Como garantir que a pessoa que faz o vestibular é a mesma que vai se matricular na faculdade? Ou que a prova à distância está feita pelo aluno de fato? Checar as informações com documentos de identidade é a solução mais usual, ainda que não seja a mais assertiva. Foi atrás de uma solução para as fraudes nas inscrições que a faculdade UniCesumar, de Maringá (PR), buscou uma solução em biometria facial. Pode parecer coisa de filme, mas a tecnologia realiza a análise da face e captura 1024 pontos a partir da estrutura óssea de cada rosto, como a distância entre olhos e largura do nariz, sem salvar nenhuma imagem.
Com um algoritmo próprio, a FullFace, uma startup paulista, conquistou a UniCesumar para a sua carteira de clientes, assim como as marcas Unimed, Gol Linhas Aéreas, Pernambucanas, Basf, Bayer e Motorola. Os 1024 pontos capturados se convertem em um CPF facial, que permite o reconhecimento de alguém mesmo que mude aspectos de sua aparência. “Isso é possível porque, a partir dos 17 anos, a estrutura óssea já está formada totalmente”, explica Renata Ellmec (foto), responsável por Novos Negócios na FullFace. Isso permite ao sistema reconhecer rostos envelhecidos e até mesmo diferenciar pequenas variações na geometria do rosto de gêmeos idênticos. A imagem cadastrada é descartada após a geração da identificação biométrica, não sendo possível criar uma imagem com os códigos gerados.
O uso de sistemas de reconhecimento facial está chegando aos poucos a companhias dos mais diversos segmentos do mercado. Recentemente, a empresa fechou contrato com a Unimed, para evitar os casos de fraudes por uso indevido de credenciais – atualmente, cerca de 30% dos casos de dolo do plano de saúde é por conta de pessoas que utilizam a carteirinhas de terceiros. “Estamos de olho no mercado internacional, mas observamos muitas oportunidades no Sul, especialmente por contar com grandes empresas de educação,saúde e do setor financeiro”, esclarece Renata. A executiva foi uma das palestrantes do Fintech POA, evento promovido pela Vale do Sulício, um hub de conhecimento que ajuda empresas e profissionais a se conectarem por meio do empreendedorismo e da inovação.
Fundada em 2012 por Danny Kabiljo e José Soares Guerrero, a startup ainda é pequena perto dos unicórnios brasileiros, mas vem desbravando o caminho para a sonhada cifra de US$ 1 bilhão em seu valor de mercado. Além de ser mencionada em um relatório da consultoria Gartner como uma das startups brasileiras mais disruptivas, nos últimos dois anos, foi premiada na categoria Fintech do Ciab Febraban, o maior congresso de tecnologia de informação para o setor bancário. Em 2018, a FullFace recebeu R$ 5 milhões em investimentos da Fundo Primatec, para expandir sua atuação no mercado, no aprimoramento da sua tecnologia, além da aquisição de equipamento para a criação de um laboratório próprio da empresa.
A tecnologia pode ser utilizada para liberar o acesso a computadores, sem a necessidade de senha, bem como pagamento de contas, entrada e saída em condomínios e prédios, ponto eletrônico de funcionários e até para o embarque em companhias aéreas. “O sistema FullFace é integrado com celulares modernos ou não, câmeras de segurança, computadores etc. Uma das vantagens é que o usuário não precisa trocar de equipamento para poder utilizar”, detalha Renata. O mercado global de biometria facial deve alcançar US$ 9,8 bilhões em 2023, mais que o dobro do ano passado, segundo a consultoria norte-americana Research and Markets.
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