Cidades inteligentes e os desafios de conectividade
A transformação digital e as novas tecnologias têm trazido um conceito muito discutido atualmente: o das cidades inteligentes. Mas não basta apenas que seja disponibilizada uma conexão Wi-Fi no meio público para considerar esse local uma cidade inteligente — são muitas as variáveis envolvidas. As grandes cidades já sofrem com engarrafamentos constantes, filas em todos os locais e outras consequências da superpopulação dos espaços. Com o tempo, as pequenas cidades também vão crescer, maximizando os desafios existentes apenas nos grandes centros e tornando determinadas atividades, como dirigir até o trabalho, um grande desafio. Com um número maior de pessoas coexistindo nos espaços urbanos, também haverá um aumento significativo na demanda por recursos, como energia elétrica e água. Esses são os desafios do futuro. Para poder lidar com todos os problemas ligados ao aumento da população vivendo nas cidades é preciso investir em organização, otimização e redução de recursos. Uma saída é agregar a tecnologia aos serviços públicos existentes. Esse é o conceito de Smart City, a cidade inteligente. Essa proposta fica cada vez mais próxima graças ao crescimento e desenvolvimento da IoT, a internet das coisas.
No entanto, diferentemente do que muitas pessoas pensam, o termo Smart City vai muito mais além que a disponibilização de pontos de Wi-Fi grátis em determinados ambientes públicos, como praças e prédios do governo. O principal objetivo é repensar como a cidade funciona, buscando soluções de forma integrada por meio da aplicação de ferramentas tecnológicas para evitar situações como o desperdício de recursos, tempo e dinheiro público. O que se necessita nesse caso é de maior conectividade entre os habitantes, os equipamentos que nela funcionam e até mesmo entre outros locais — tudo isso de forma simples, rápida e segura. O principal objetivo da implantação de uma cidade inteligente é otimizar a capacidade de gestão geral sobre todos os aspectos do espaço público. Também melhorar significativamente a qualidade de vida dos que nela habitam com o auxílio das novas tecnologias, sobretudo a IoT.
Existem diversos exemplos ao redor do mundo de iniciativas em busca do conceito de cidade inteligente. O The Wall Street Journal, em parceria com o Urban Land Institute, premiou em 2013 a cidade colombiana de Medellín (foto) com o título de “cidade mais inovadora do planeta”. Ela recebeu esse conceito por ser considerada como uma das pioneiras na busca pela transformação dos espaços públicos com o auxílio das tecnologias. O governo local investiu na busca pela melhora do dia a dia de seus habitantes e aumento da qualidade de vida com algumas iniciativas inteligentes, como a instalação de escadas rolantes em determinados pontos elevados da cidade e a utilização dos conceitos de telemedicina para atender pacientes que vivem no interior, evitando deslocamentos excessivos. Essas iniciativas deram à cidade de Medellín mais recursos para continuar expandindo o projeto de modernização do ambiente público. Hoje, as principais iniciativas estão nas áreas de mobilidade urbana, conservação do espaço público e meio ambiente e na busca por mais segurança dentro da cidade.
Uma das principais tecnologias que vem facilitando a aplicação desse conceito é a Internet das Coisas, a IoT – a possibilidade de criação de dispositivos inteligentes e conectados à internet, possibilitando não apenas uma comunicação direta entre o aparelho e seu operador, mas também entre equipamentos. Por exemplo, semáforos que interagem e liberam a circulação do trânsito de acordo com o número de veículos em cada direção. É possível também que eles fechem o trânsito automaticamente ao visualizar a aproximação de uma ambulância ou viatura da polícia em prioridade. Esse é apenas um pequeno exemplo de como a IoT tem um papel fundamental para as Smart Cities. Contudo, ainda existe um grande desafio a ser enfrentado: a conectividade.
Um dos principais obstáculos para a implantação de cidades inteligentes é a falta de conectividade, o que impede que se usem dispositivos autônomos baseados em IoT para determinadas funções no espaço público. O grande problema da implantação das cidades inteligentes é a falta de capacidade das redes utilizadas hoje na maioria dos espaços públicos, ainda focadas em comunicação por voz e incapazes de realizar o tráfego de dados. O ideal é a utilização de banda larga wireless, que pode ser a solução para descomplicar os problemas enfrentados com a rede atual, sem a necessidade de cabear uma nova estrutura por todo o ambiente. A tecnologia mais avançada em conectividade 4G hoje é a LTE, que oferta baixa latência com alta largura de banda. Com isso, é capaz de suportar muitos serviços, inclusive o envio de imagens e vídeos, algo comum para os dispositivos das cidades inteligentes para a tomada de decisão dos controladores. Como alternativa para a falta de uma rede dedicada móvel de banda larga e alta conectividade, as cidades acabam por utilizar três modelos distintos com bem menos potencial: rede de banda estreita (fraca em transmissão de imagens e informações); redes Wi-Fi (pequeno alcance) e rede de transmissão de vídeo (sem suporte para alta resolução).
Cada uma dessas alternativas acaba por apresentar limitações de conectividade que inviabilizam a sua utilização, tornando-as inadequadas para a conexão com os dispositivos de IoT e impedindo a criação do ambiente de Smart City. É visível a importância de uma rede de banda larga móvel para que se possa desenvolver tecnologicamente o meio urbano com características de interoperabilidade, robustez, confiabilidade e flexibilidade.
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