Brasil terá fábrica “que extrai água do ar”
"Fábrica israelense que extrai água do ar será construída no Brasil." O anúncio do presidente Jair Bolsonaro, feito pelo Twitter, acendeu o interesse de setores econômicos e regiões brasileiras que enfrentam ciclicamente crises provocadas por seca. Nas palavras de Bolsonaro, a iniciativa é "mais uma via de enfrentamento da falta de água no Nordeste, além da dessalinização, poços artesianos e [Rio] São Francisco." Além de água, o presidente da República acredita que o empreendimento também criará empregos e desenvolvimento da região.
Parcerias com Israel para melhorar o abastecimento de água na região Nordeste são defendidas por Bolsonaro desde a transição para o seu governo. Há um ano, o ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) viajou para Israel com equipe de técnicos para conhecer experiências de reuso e dessalinização de água. Em novembro do ano passado, técnicos e dirigentes da Agência Nacional de Águas estiveram em Israel para discutir memorando de entendimento sobre gestão de recursos hídricos, águas residuárias, gerenciamento de esgotos, além de reuso e dessalinização de água.
A comitiva visitou quatro empresas e usinas de tratamento e dessalinização de água. Os dados coletados durante a missão serão analisados a partir de agora para entender a viabilidade das tecnologias de dessalinização e tratamento desenvolvidas em larga escala por Israel no semiárido brasileiro. É importante lembrar que cada região do semiárido possui um desafio hídrico específico que deve ser superado com tecnologias distintas (na foto estão Michael Mirilashvili, presidente da Watergen, e Marcos Pontes).
A empresa Watergen doou 11 máquinas que transformam a umidade do ar em água. As máquinas podem produzir até 900 litros de água por dia, dependendo do local de instalação e da umidade do ar, que deve ser de, pelo menos, 15%. Ainda não há previsão para a chegada dos equipamentos. Entretanto, a ideia é testar as máquinas em escolas, hospitais e comunidades no semiárido após análise dos locais mais críticos que precisam de água potável para o maior número de pessoas.
"Sabemos que ideias e atitudes mudam o planeta. Além das tecnologias que conhecemos em Israel, estamos chamando pesquisadores, desenvolvedores e fornecedores de sistemas de dessalinização e tratamento de água para formar um banco de dados com soluções tecnológicas do MCTIC", afirmou Pontes. "Os projetos podem ser inscritos até 18 de fevereiro no site do MCTIC. Depois desse cadastro vamos analisar a viabilidade das ideias e o nível de maturidade suficiente para a realização de testes em Campina Grande (PB) nos próximos meses", revelou o ministro.
Segundo a edição on-line da Gazeta do Povo, de Curitiba, a Watergen é quem produz os equipamentos que transformam ar em água por meio do processo de condensação. "A condensação é passagem da água do estado gasoso para o estado líquido. Para que funcionem, a umidade relativa do ar tem de ser pelo menos de 15% – considerada muito baixa. A máquina é ligada a uma fonte de energia e têm películas de plástico que afunilam o ar vindo de várias direções. O gerador coleta o ar atmosférico, que mais tarde se transformará em água líquida por variações de temperatura. Além disso, processos de mineralização, filtros de carbono e tratamentos com elementos como ozônio e cloro purificam o líquido, que sai pronto para beber", explica a reportagem.
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