Economia Circular: conheça iniciativas para colocar o conceito em prática

Be8, Copel, Grupo Gerdau, Grupo JBS, Randoncorp e Sanepar apresentam seus cases de circularidade no Fórum Economia Circular – O futuro é agora, em Curitiba
O Fórum Economia Circular – O futuro é agora integra a 10ª edição do AMANHÃ Sustentável

O Instituto AMANHÃ realizou na sexta-feira (27) o Fórum Economia Circular – O futuro é agora, em Curitiba. O debate, que integra a 10ª edição do AMANHÃ Sustentável, foi transmitido ao vivo pelo canal AMANHATV no YouTube e segue disponível (clique aqui para acessar). Be8, Copel, Grupo Gerdau, Grupo JBS, Randoncorp e Sanepar apresentam seus cases de circularidade. "A economia circular ainda é algo muito novo para o público em geral. Por isso é importante que esse tema seja trabalhado da forma mais didática possível de modo que todos entendam esse conceito", afirmou Jorge Polydoro, presidente do Instituto AMANHÃ, ao abrir o evento. "A circularidade é um tema muito caro para o Pacto Global e para o mundo como um todo. É essencial que discutamos a fundo esse tema", destacou Carlo Pereira, CEO da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.

Ao saudar o público, Valdemar Bernardo Jorge, secretário de desenvolvimento sustentável do Paraná, alertou para a importância de preservar o meio ambiente. "O que fazemos em vida ecoa para toda eternidade. Por essa razão, temos de atender as demandas da geração atual pensando, também, nas próximas", afirmou. O secretário representou o governador Ratinho Junior no evento. Ao declarar "que todos fazemos parte da solução", disse que é papel do governo providenciar legislação própria para a circularidade, enquanto a iniciativa privada deve conceber seus produtos e serviços tendo por base o design circular. "Também temos de pensar como envolver a população, de modo que as pessoas usem maior número de materiais recicláveis possíveis e separem o lixo adequadamente", sugeriu.

A 10ª edição do AMANHÃ Sustentável conta com o apoio institucional da Rede Brasil do Pacto Global da ONU e o apoio técnico da Ellen MacArthur Foundation, organização internacional cujo propósito é promover os benefícios e apoiar a economia circular. Acompanhe, a seguir, um compilado das principais iniciativas de economia circular apresentadas pela Be8, pela Copel, pelo Grupo Gerdau, pelo Grupo JBS, pela Randoncorp e pela Sanepar. A cobertura completa do fórum circulará no guia AMANHÃ Sustentável que será disponibilizado no Portal AMANHÃ e nas plataformas do Grupo AMANHÃ em novembro.

Be8 e o programa Ser Sustentável
Um dos cases apresentados pela Be8 foi o programa Ser Sustentável. No ano passado, a companhia de Passo Fundo fechou uma parceria a Cooperativa Amigos do Meio Ambiente (Coama). A cooperativa fornece óleo de cozinha usado, que recolhe em várias partes do município, enquanto a Be8 fica encarregada de comprar a matéria-prima para utilização na produção de biodiesel. A iniciativa viabiliza o emprego do óleo usado de forma eficaz e eficiente para a produção de biodiesel, gerando inclusão social, aumento da renda média mensal dos cooperados e emancipação dos catadores das cooperativas de resíduos. "Um litro de óleo descartado incorretamente pode contaminar até 25 mil litros de água", contou Jonathan Vacari, coordenador de certificações da Be8. "Em junho de 2022 conseguíamos retirar de circulação, juntamente com a Coama e outros parceiros como restaurantes, 240 litros por mês de óleo inutilizado. Hoje são 2647 litros mensais e multiplicamos por dez, para cem, o número de locais de recolhimento", declarou.

A Copel e sua energia certificada
Na visão da Copel, a energia renovável é item primordial na circularidade, pois as modalidades solar e eólica já são alternativas viáveis aos combustíveis fosseis. Luísa Cristina Tischer Nastari, superintendente de governança e sustentabilidade da Copel, anunciou que a companhia tem um planejamento de ser 100% renovável até 2030. "A descarbonização é um dos principais pilares de nossas metas. Passaremos a ter uma frota de veículos elétrica para a parte administrativa, mas o grande desafio será fazer isso com nossos veículos pesados. Também projetamos aumentar a venda de energia certificada, conhecida pela sigla I-REC", pontuou Luísa. O International REC Standard (I-REC) é um sistema global para comércio de certificados de energia renovável. Funciona através de uma plataforma por onde as empresas podem garantir que o seu consumo de energia provém de fontes limpas e renováveis. Através desse mecanismo, os consumidores podem comprovar a rastreabilidade da energia renovável. O sistema representa uma unidade de geração de energia renovável. Quer dizer que um REC significa 1 megawatt-hora, o que equivale a 1000 quilowatts-hora de energia limpa injetada no sistema elétrico renovável.

Gerdau, a maior recicladora da América Latina
No mundo, o setor siderúrgico responde por até 9% das emissões globais de CO2. O Grupo Gerdau, só por conta de atuar no Brasil onde a matriz energética é mais limpa, tem metade do índice de emissões globais de CO2. A companhia também tem 250 mil hectares de florestas, sendo 90 mil hectares para preservação da biodiversidade. O objetivo é utilizar a base florestal para fornecimento de carvão vegetal, que é menos agressivo ao meio ambiente que o carvão mineral. "Somos a maior recicladora de sucata da América Latina, com 71% de nossos produtos originados dessa matéria-prima. A medida internacional é de 30%", relatou Naiade Araki Gonçalves, especialista de meio ambiente do Grupo Gerdau. Ela também contou que a companhia tem feito esforços para que o conceito de economia circular seja mais popular. Um exemplo disso foi o festival The Town. A empresa forneceu mais de 300 toneladas de aço 100% reciclável que foram usadas para moldar estruturas fixas e temporárias, incluindo equipamentos de entretenimento e fundação de edificações e infraestrutura do autódromo de Interlagos, em São Paulo, que recebeu o evento.

Grupo JBS: circularidade no DNA
Patrícia Bernert, especialista em sustentabilidade e responsável pela gestão socioambiental da cadeia de fornecedores e bem estar animal da JBS, explicou que a figura da borboleta – diagrama que ilustra o fluxo contínuo de materiais em uma economia circular – representa muito bem como a agroindústria é contemplada dentro desse conceito. "Nosso modelo de negócio é baseado em proemina animal, como o frango, por exemplo. Não é um produto de margem muito alta e depende muito do volume produzido. Ou seja, extraímos muitos resíduos e precisamos dar a destinação correta para cada um", resumiu. Por essa razão, o Grupo JBS criou empresas que têm a circularidade em seu DNA. A JBS Couros oferece ao mercado o Kind Leather, um produto sustentável. A companhia remove logo no início do processo as partes da pele bovina que seriam pouco aproveitadas e redireciona para outras indústrias. Há também a JBS Natural Casings, maior produtora mundial de envoltórios de origem animal de alta qualidade para todo o segmento de embutidos, como salames, salsichas, linguiças, entre outros. A Campo Forte, por sua vez, utiliza os resíduos orgânicos gerados pela própria JBS para a produção de diferentes tipos de fertilizantes.

O "Descarte Seguro" da Randoncorp
Nos últimos anos, a Randoncorp vem aprimorando suas iniciativas envolvendo ESG com o objetivo de enfrentar os desafios globais. A empresa lançou em 2020 o Rota Verde, programa que lista, entre outras ações, reduzir em 40% a emissão de gases de efeito estufa até 2030 e zerar a disposição de resíduos em aterro industrial e reutilizar 100% do efluente tratado até 2025. "Na sequência do Rota Verde estabelecemos objetivos para cumprirmos nossa agenda ESG de modo consolidado e não individualmente em cada empresa", explicou Luciane Sartori, gerente de ESG e segurança, saúde e meio ambiente da Randoncorp. Ações de logística reversa, que estimulam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, têm se consolidado como realidade na empresa. Até 7% dos insumos da Frasle Mobility Joinville, por exemplo, são sucata oriunda da logística reversa com um projeto chamado "Descarte Seguro". A ação promove a logística reversa de discos e tambores de freio que são coletados nas oficinas mecânicas e enviados novamente para a empresa, onde são reincorporados no processo produtivo, gerando novos produtos. Já foram reciclados mais de 1 milhão de peças com essa iniciativa. De forma periódica, equipes do programa vão até as oficinas parceiras para a coleta dos discos e tambores de freio usados, que devem ficar em lugares apropriados para a coleta, separados pelos parceiros. Ao todo, o Descarte Seguro já contabiliza 1,4 mil oficinas parceiras nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A Randoncorp também planeja estender a ação para o estado de São Paulo.

Na Sanepar tudo se transforma
Cláudio Stabile, presidente da Sanepar, apresentou os principais projetos da companhia na área de sustentabilidade com foco para a economia circular. Ele também mostrou os projetos desenvolvidos pela empresa para implantação de estações de tratamento de esgoto sustentáveis, com aproveitamento de 100% dos subprodutos de coleta e tratamento de esgoto. "A Sanepar pretende estimular a inovação nas áreas de energia, resíduos sólidos e recursos hídricos. Estamos por anunciar, inclusive, uma diretoria específica para inovação e novos negócios, onde prestaremos serviços para diferentes empresas no Brasil com a oferta de soluções para problemas existentes", anunciou na parte do fórum dedicada a responder perguntas dos espectadores do canal AMANHATV.O presidente citou ainda em sua apresentação a transformação do lodo do esgoto, que pode gerar produtos como adubo, biofertilizante e também na produção de blocos cerâmicos (pavers). A água de reuso é outro subproduto que pode ter aplicações na indústria, agricultura e em atividades urbanas, como limpeza de ruas. Na área de energia, a transformação do biometano em combustível, fonte de calor, hidrogênio e CO2 são outros projetos desenvolvidos pela companhia paranaense.

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Sábado, 27 Abril 2024

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