Setores atingidos pelo tarifaço no RS buscam alternativas
A imposição de sobretaxas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros dominou o debate desta terça-feira (6) na Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). O tradicional Tá na Mesa com representantes de setores exportadores gaúchos ecoou um sinal de alerta para riscos imediatos, como demissões e queda na produção. O evento reuniu lideranças da indústria de proteína animal, calçados e tabaco que detalharam os impactos das sanções e estratégias de mitigação. Os participantes das cadeias industriais seguem aguardando as negociações entre os governos brasileiro e norte-americano, previstas para a próxima semana, e o pacote federal de apoio aos exportadores.
Francisco Turra, presidente do conselho da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destacou que a tarifa de 50% sobre exportações de suínos e ovos geraram "pânico entre os produtores". "Precisamos priorizar novos destinos, como Filipinas, China e África, enquanto aguardamos um momento mais favorável para retomar negociações", sugeriu. Turra ressaltou que o setor depende agora do "apoio dos importadores e do consumidor americano", mas recomendou cautela: "Exportadores do Sul devem segurar novos investimentos até haver clareza nas regras", aconselhou. Priscila Linck, coordenadora de inteligência de mercado da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), revelou que o "tarifaço" interrompeu negociações e levou ao cancelamento de pedidos já em produção. "Realocar para outros mercados é difícil, pois a Ásia domina as exportações globais com taxas mais baixas", explicou. Segundo ela, o setor pode registrar demissões em massa nos próximos 90 dias caso não haja acordo bilateral.Valmor Thesing, do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), lembrou que os Estados Unidos são o terceiro maior comprador do tabaco gaúcho, mas afirmou que a realocação é viável. "A saída precisa ser diplomática, não apenas comercial", defendeu. Já o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) confirmou R$ 100 milhões em crédito para setores afetados. "É uma medida paliativa, mas urgente", disse Ranolfo Vieira Júnior, presidente da instituição, pontuando que há "falta de diversificação de mercados pelo Brasil". Até o momento, mais de 30 pedidos de empréstimo foram protocolados e serão analisados. Entre os setores que solicitaram o apoio estão alimentos, bebidas, calçadista, madeireiro, metalmecânico e moveleiro.
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