Balança comercial tem menor superávit para junho em seis anos
Pressionada pela queda no preço de diversas commodities, bens primários com cotação internacional, e pelo consumo de importados, a balança comercial registrou o superávit mais baixo para meses de junho em seis anos. No mês passado, o país exportou US$ 5,8 bilhões a mais do que importou, queda de 6,9% em relação ao registrado no mesmo mês de 2024. Os números foram divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). O superávit em junho é o menor desde 2019, quando o resultado positivo ficou em US$ 4,3 bilhões. A balança comercial acumula superávit de US$ 30 bilhões até junho. O valor representa queda de 27,6% em relação aos mesmos meses do ano passado e é o pior para o período desde 2020, quando houve superávit de US$ 22,2 bilhões. Parte do recuo no valor acumulado ocorreu porque a balança comercial teve déficit de US$ 471,6 milhões em fevereiro, motivado pela importação de uma plataforma de petróleo.
Do lado das exportações, a soja, principal produto da agropecuária, caiu 12,5% em relação a junho do ano passado, por causa da queda de 9% dos preços médios. O volume vendido recuou 3,9%. Além disso, o milho, o segundo principal produto de exportação do agronegócio, registrou queda de 56,6%, apesar da alta de 29,7% no preço médio. As vendas de petróleo recuaram 2,1%, também motivadas pela redução de 15,2% nos preços, com o volume exportado subindo 15,5%. As exportações de minério de ferro recuaram 8,6%. Apesar de a quantidade ter subido 9,8%, os preços caíram 16,7%.
No entanto, a alta no preço do café, que subiu 56,1% em 12 meses, e da carne bovina, que subiu 22%, ajudou a sustentar a balança. As vendas de alguns produtos, como veículos, ouro e produtos semiacabados de aço, subiram no mês passado, compensando a diminuição na exportação dos demais produtos. Do lado das importações, as aquisições de motores e máquinas não elétricos, compostos organo-inorgânicos, aeronaves e componentes de aeronaves e inseticidas subiram. A maior alta ocorreu com os motores, cujo valor comprado aumentou US$ 251,4 milhões (37,5%) em junho na comparação com junho do ano passado.
O Mdic revisou as estimativas para a balança comercial este ano. O superávit deverá ficar em US$ 50,4 bilhões, queda de 32% em relação a 2024. A próxima projeção será divulgada em outubro. Segundo o Mdic, as exportações subirão 1,5% este ano na comparação com 2024, encerrando o ano em US$ 341,9 bilhões. As importações subirão 10,9% e fecharão o ano em US$ 291,5 bilhões. As estimativas são as primeiras a considerar os efeitos da política tarifária de Donald Trump e das retaliações comerciais da China. As previsões estão bem mais pessimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 73 bilhões neste ano.
Com ABR
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